GONCHARENKO, Serguei. EL ASPECTO COMUNICATIVO DE LA TRADUCCIÓN POÉTICA

*** Este texto faz parte de uma série de pequenos estudos sobre poetas. Neste caso, uma leitura do material acima referenciado (ver link nas Referências). Contém a exposição do pesquisador que tentamos parafrasear e nela interferir.

Sendo o tema tradução do nosso interesse, especialmente do texto poético, nos propusemos a ler e refletir sobre o pensamento do Professor Sergéi Filípovich Goncharenko (Istambul, 25 de novembro de 1945 - Moscou, 9 de maio de 2006), hispanista, tradutor e poeta russo.Doutor, catedrático e vice-reitor de Investigação da Universidade Estatal Linguística de Moscou. Fundou a Associação de Hispanistas da Rússia e pertenceu à Academia de Ciências Naturais da Rússia, entre outras atividades. Quando faleceu estava como vice-reitor da Universidade Linguística de Moscou.

“Su gran sueño era ser recordado sobre todo como gran poeta”. Queria transformar as palavras em cristal, como nestes seus versos:

Ver puede el sembrador no más

el peso dado por su Dios al grano...

Mas quien nada la sabe celestial

admite sin saberes sin engaños.

Al siervo turba que el señor no vê

qué alma el violín de quien habita.

Solo al sábio es natural saber

De fallos y defectos en su vida.

?Y qué caliente mas glaciar sudor,

Ardor polar la piel del poeta llena

en tanto obra su juglar misión:

en mágico cristal tornar las letras?

(Tradução de André Santana Arribas)

Goncharenko traduziu mais de 150 autores de fala hispânica de todas as épocas e publicou setenta e cinco monografias e antologias sobre esses autores. Entre tantas obras, compôs mais de cem títulos de publicações sobre linguística geral. Linguística românica, literatura espanhola e latino-americana, teoria da tradução e teoria do texto poético. Eminente estudioso da tradução poética, publicou também treze títulos de obra poética, entre os quais Año de cuatro veranos, Hijos de la lluvia, etc.

Eis um poema por ele assinado:

A la extensa Rusia las nieves anegan.

Los bosques blancos se escarcharon,

en la estepa y en la taiga solo huellas

de pájaros y de fieras que los cielos

no dejaron emigrar hasta el sur,

o más bien que prefirieron en lugar

de los confines tibios, la albura de la nieve

y la belleza de la borrasca de navidad.

Así, un vagabundo sin techo ni hogar,

aunque el Señor al paraíso lo lleve

será ingrato y no hallará felicidad,

lejos de la amarga y purísima Rusia.

(Sergei Goncharenko)

PARTE I

Para Serguei Goncharenko a tradução poética, da mesma sorte que a tradução de outras modalidades de textos escritos, é, antes de tudo, uma comunicação interlinguística. Isto é, são duas línguas distintas que tentam comunicar-se. E, portanto, é lógico supor que é o aspecto comunicativo da tradução poética o que melhor consegue revelar o conjunto de problemas por ela levantados.

Igualmente, pensa Serguei, a teoria do discurso (ou linguagem poética) deve ser comunicativa e “de texto”, sempre e quando a tarefa planejada pelo pesquisador seja aquela de analisar o “verso” de modo mais coerente, enquanto e porque o verso está situado em área e forma bastante específicas do funcionamento do sistema operacional linguístico.

No caso da poesia, ouso pensar, a partir da exposição de Serguei, que se forma um diálogo intertextual no âmago de duas línguas distintas e esse diálogo depende diretamente da existência de um leitor. Ou de um leitor/tradutor. Ou ainda de um indivíduo que traduz, mas prioriza a adaptação de textos de uma língua para outra. Essa adaptação do texto poético, quero entender, ocorre no íntimo daquele que se propõe a passar para outra língua o texto escolhido. E se esse tradutor/adaptador tem conhecimento, é claro, da língua estrangeira em que foi originado um determinado texto poético. Quando da leitura de um texto poético originalmente escrito no idioma inglês, por exemplo, além de passar por diversas etapas de atividades linguísticas para compreendê-lo mais claramente, é possível ao tradutor/intérprete/poeta sentir a poesia aflorar daquela descoberta, daquela visitação à poesia do outro. Nesse momento um poema nasce e, mesmo tendo sido fruto daquele lido/traduzido, o novo texto poético tem vida própria e ele não se constitui uma espécie de parasita do original em idioma estrangeiro, mas um fenômeno proporcionado pela arte, pela estética, pelo Belo, pela poesia e exclusivo dos poetas. Isto é, um indivíduo profundamente conhecedor de um idioma não teria a mesma abertura de captação do feeling poético que outro com menor conhecimento, mas que também é poeta. O fato de ser um poema traduzido ou adaptado por um poeta disporia de mais chances de passar a informação poética. Por outro lado, aquele profundo conhecedor do código linguístico que lhe é natural e também do código estrangeiro pode apresentar uma tradução de alto nível muito fiel ao original, transmitindo a informação, mas dificilmente a poesia propriamente dita. Este oferecerá um trabalho técnico-científico e informativo e não necessariamente poético.

O estudioso referenciado frisa o caso da linguagem poética e informa que esta se caracteriza pela clara divisão existente entre seu núcleo semântico e pragmático, por um lado; e o significado de suas estruturas superficiais, por outro. A informação semântica e estética, uma vez que se materializa em linguagem poética, toma sua forma plena tão somente no conjunto do texto escrito, realidade una e íntegra e de pleno valor, especialmente quando se trata de poesia, de comunicação poética. Em virtude disto, não apenas cada palavra, mas cada estrofe adquire um significado único no contexto geral de um poema.

Goncharenko trata de definir explicitamente e com a maior precisão possível os termos da metalinguagem que utilizou para a sua análise. Antes, deixa claro que, para os efeitos da comunicação, a tradução poética transmite o conteúdo informativo do verso original (que se toma para a tradução) ao indivíduo nativo de outra língua através de um texto poético traduzido. A comunicação é, portanto, o processo de cooperação entre interlocutores com o fim de transmitir uma informação (mensagem) do “falante” ao “ouvinte”.

Mas cabe explicitar com o estudioso que a comunicação, quando realizada por intermédio de signos verbais se denomina “comunicação verbal”. Se realizada por intermédio de obras artísticas, o que inclui a literatura, é a “comunicação artística”. E, quando essa “comunicação artística” se processa por meio de signos verbais, então ela pertence ao âmbito da “comunicação artística verbal”. Por conseguinte, complementa o estudioso, se essa comunicação artística verbal se vale da linguagem poética, então se denomina “comunicação poética”. Como se pode depreender, fica bem estabelecida a especialidade da comunicação poética que é verbal, artística e, por excelência, poética.

Ao se referir ao texto em sua realidade física, Serguei afirma que é a unidade principal e representa praticamente todos os tipos de comunicação, compreendido como corpo íntegro de uma exposição verbal, organizada de forma coerente e com uma determinada intencionalidade comunicativa.

Todos os conteúdos de um texto (ou de algum segmento “autônomo” do mesmo) formam, em seu conjunto, aquilo que o estudioso chama de informação, definição esta que corresponde perfeitamente com a teoria da linguagem poética e da tradução.

A linguagem versificada é definida como uma linguagem fragmentada em segmentos convencionalmente iguais entre si, mas que nem sempre coincidem com as unidades da divisão semântica e sintática. Os versos se caracterizam por uma cadência específica tanto quando são recitados quando como acontece na “leitura interna”. Entretanto, assevera o autor, a linguagem poética é algo mais.

Entende-se, neste comentário, que a leitura interna é aquela que o leitor faz em silêncio e, dentro de si, “ouve” a cadência do poema. Essa cadência é do leitor e, provavelmente não coincidirá com a do autor do poema. Interessante notar que um poeta pode não se dar por satisfeito com a leitura oral de poemas de sua autoria feita por ele mesmo. Entretanto, pode ocorrer que aprecie bastante a interpretação oral do mesmo poema (ou de outros) por determinado leitor/intérprete. Inclusive o poeta pode até considerar que determinada interpretação oral era a que ele sonhava para o seu texto. A subjetividade impera. A imaginação idem.

A linguagem poética, por sua vez, é a linguagem versificada e cujo alto nível de organização conceitual e formal torna possível a comunicação poética como forma de comunicação artística verbal capaz de transmitir, simultaneamente, e por meio da linguagem versificada uma informação desdobrada/dividida (factológica e conceitual) e uma informação estética plurivalente. Tal diversidade de aplicações que adquirem os signos verbais no discurso poético determina a alta densidade estético-informativa, própria da linguagem poética.

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REFERÊNCIAS

http://cvc.cervantes.es/lengua/hieronymus/pdf/01/01_063.pdf

http://es.wikipedia.org/wiki/Serg%C3%A9i_Goncharenko

http://www.youtube.com/watch?v=XvX1iM-rPsk

http://132.248.9.1:8991/hevila/Formayfuncion/2009/vol22/no1/9.pdf

http://www.hispanismoruso.com/es/sergueigoncharenko.html

taniameneses
Enviado por taniameneses em 19/04/2012
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T3621981
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