Já quis o mundo
Já quis o mundo. Quis ainda ser o mundo de alguém. E deixei que alguém fosse o meu mundo. Mas, a mudança se jogou no meu caminho e, a ela, não pude mais resistir. Tirei o mundo das costas, pois ele me pesava demais e me fazia baixar a cabeça a ponto de não mais conseguir enxergar nenhum horizonte. E ali, nas costas, coloquei uma mochila contendo apenas as coisas que realmente me interessavam e me faziam feliz de verdade. Estas coisas eram leves e carregá-las não era mais nenhuma dificuldade. Elas tornaram-se a minha razão de caminhar.
O caminho ganhou um norte, embora de lá eu tenha vindo, ou estaria voltando?! De onde comecei ou termino, nem mais sei. Mas, sigo. Sigo a mim, meus desejos, não mais alguém ou qualquer ideologia bem intelectualizada ou filosofia barata de botecos. Sigo o meu caminho que não sei qual é, mas que sempre me coloca na direção certa. E é lá, onde não sei bem, que está o que sempre quis, ainda que desconhecido muitas das vezes. Procuro e procuro descobrir o que querer.
Cheio de mim, cheio do mundo, do mundinho de alguns, passo por ai. E me passo de tantas bobagens lançadas ao vento. Deixo lugares, deixo de voltar e me deixo feliz. Nesse andar, perdi o chão ao levantar voo em algumas escapadelas que fiz da razão. Voei mesmo! E me choquei ao que sempre está sob os pés. Em minha base, catei meus cacos e me reinventei. Foi dolorido ver aos pedaços tantas coisas planejadas, sonhos tilintados e pintados com cores vibrantes.
Mas, tem um mundo desconhecido mais imprevisível ainda. Falo do lugar das emoções, do acalanto da alma, reserva de afeto a ser apontado a outro. O coração alheio me fascina e assusta. Coração alheio de si inclusive, de suas vontades, de suas atitudes, de seu valor. Terra distante de outros ou da razão... Sei não se vale tentar nomeá-lo por algo. Ele é dono de si e me levar por esse mundo. Já quis o mundo. Hoje, quero o mundo do meu coração andante, infante.