Deus, o grande e incansável gozador.
Muito já se falou que a vida nada mais é do que uma sucessão de escolhas. Nos adultos, começa com a decisão de sair, ou não, da cama pela manhã.
Continua com a grande e cruel dúvida: lavamos o rosto ou convidamos as remelas para o café da manhã?
E por aí vai. Qual roupa vestir, manter o penteado habitual ou fazer algo novo, deixar a esposa dormindo ou dar um beijo de tchau, ir de carro, ôibus, metrö, carona, a pé, de bicicleta...
Se for a primeira opção, teremos que decidir: caminho habitual oui alternativo?
Pingado e pão com manteiga na padaria ntes do serviço ou deixar toda fome pra hora do almoço?
Dúvidas, por que tê-las? Mas se não të-las como sabê-las?..., parafreando o poetinha Vinicius de Morais.
Mas, se formos mais fundo no tema, veremos que a coisa não é bem assim.
Porque mesmo que decidamos mentalmente na hora de acordar qual será o nosso roteiro do dia e traçarmos meticulosamente cada passo que teremos, existe um fator inteiramente alheio à nossa vontade que, se quiser, colocará todo planejamento na lata do lixo e fará as coisas acontecerem do jeito que bem entender.
E, nessa parada, não tem empate, ganha todas.
Se quiser que quebremos a perna na hora do primeiro xixi, deixará um tapetinho bem diante do nosso pé e que nos dará um golpe certeiro para nos estatelarmos no chão.
Mesmo se estivéssemos loucos para dar uma gostosa beijoca no companheiro, ou companheira, como prova incotesti do nosso amor e fidelidade, poderá colocar a gostosa vizinha do 134 sozinha com a gente no elevador, que vai quebrar entre décimo e novo andar, o alarme não vai funcionar, a luz vai queimar e, tateando, tateando, tateando para achar a porta, acabaremos por viver aquela cena de paixão louca que durará não mais que doze minutos, mas que nos levará a voltar pra casa só pra pegar alguma roupas e largar tudo só pra viver com a tresloucada vizinhha.
Deixando as elocubrações elavadorianas de lado, daria um dia da minha vida só pra entender quem faz este "outro" roteiro, que, pensando bem, de outro não tem nada. É o protagonista, artefato que o dono do show arquiteta, entrelaça, arremata e faz valer com todas suas asas nos caminhos que teimarmos em seguir.
Suponho que o Criador tenha mais que fazer do que ficar bolando o que vai rolar com a gente, tirando o maior sarro das nossos expectativas originais.
Deus deve ser mesmo um grande e incansável gozador.
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