Origem biológica


 
Qualquer biólogo sério, ou mesmo qualquer amante da verdade científica não pode negar que toda a vida conhecida descenda de uma única forma primordial de vida. Mesmo que diferentes formas possam ter surgido no decorrer dos mais de quatro bilhões de anos de existência de nossa terra, apenas uma sobreviveu para contar a história da existência biológica em nosso amado planeta.
 
Mesmo que duvidássemos da teoria da evolução, percebe-se fácil e claramente, por variados meios que somos todos, da bactéria ao Homo Sapiens, redutíveis a uma única “cepa” replicadora original: seja por meios genéticos, paleontológicos, estrutura corporal, seja por meio proteico e etc. etc. etc...
 
Mas qual seria esta origem? Esta é talvez “a” pergunta de nossas vidas. Quem sabe, para nós seres vivos, mais importante ainda do que a procurada causa para o início de tudo: Porque existe algo ao invés de existir tão-somente o nada absoluto? Pelo menos para mim, apesar de um amante inveterado da física e da cosmogênese, entender a origem natural da vida é algo que me faria mais feliz e realizado do que conhecer a origem real do big-bang e o que poderia existir realmente “antes” dele. A nossa origem como seres biológicos é uma busca maior, posto que sou vivo graças à biologia que em algum lugar do longínquo passado superou a física e a química.
 
Qual seria o nosso início bioquímico? Como da física e da química surgiu o biológico? Existem diversas linhas.
 
Origem extraterrestre! Algum ser elementar, ou mesmo um mero composto replicador poderia ter chegado ao nosso planeta, do espaço, de forma fortuita ou de forma intencional, tendo sido aqui “plantada”. Nesta linha, assim que chegou, encontrou meios para replicar-se e assim deixar mais descendentes do que os que desapareciam. Pessoalmente não creio nesta vertente, seja ela intencional ou não. Posso acreditar em uma panspermia parcial, onde elementos exógenos ao nosso planeta podem ter chegado por cometas ou asteroides, mas foi aqui, em nosso amado planeta, que o replicador inicial se formou e deu origem a revolução biológica, que hoje, mais de três bilhões de anos depois, me permite aqui discorrer sobre suas possíveis causas primeiras.
 
Origem terrestre: Independente, ou com variações múltiplas (vida carbônica ou vida silícica, por exemplo), da física e da química fez-se biologia, e apenas uma (a carbônica) ganhou na velocidade de replicação, na variedade de cópias erradas, na especialização destas cópias “erradas” e finalmente pela seleção natural, pela simbiose, e mais tarde pela seleção sexual, e assim possibilitou a maravilhosa e infinitas formas de vida que hoje existem e que ao longo do tempo surgiram e se extinguiram.
 
Origem Divina: Por característica própria, norteio-me por uma regra de que a vida, como tudo que me cerca, tem origem e processos naturais, assim descarto esta origem. Ouso mais ainda descartar o vitalismo, o finalismo (ou a teleologia) e descarto também o criacionismo. O vitalismo, descarto-o por ser totalmente “nonsense” para mim a ideia que considera os seres vivos feitos de matéria inanimada, mas animada “forçadamente” por algum espírito vital, o sopro místico da vida. Nenhuma evidência, por mais superficial que seja, aponta para este caminho, somos vivos enquanto a biologia natural me mantiver como um nicho completo biológicamente ativo, a morte se dá pelo fim natural da sustentação de processos não naturais que dão suporte biológico a vida. Por isto a biologia necessita consumir energia, posto que mantêm reações químicas que não se sustentariam por si só. O finalismo (ou a teleologia) descarto-os por que a biologia nunca demonstrou atuar sobre causas pre-estabelecidas ou dirigidas, os eventos são logicamente causais, mais aleatórios, quanto ao alcance final da solução conseguida. Apenas a sorte (ou o azar), o grande volume de variações de seres por erros de cópia, a melhor especialização, a melhor adaptação e por fim a seleção natural de momento, para aquelas condições locais dirigem (uso este termo apenas por não me vir a mente um melhor, posto que nada “dirige” intencionalmente, de ante mão a evolução) a simples, bela e maravilhosa evolução (a simbiose e a seleção sexual ao longo do tempo também são responsáveis pela evolução). Bastou um  início, a evolução fez todo o resto. O criacionismo, descarto-o por que em si não oferece a menor capacidade de ser discutida fora do enfoque da pura fé, por isto eu o descarto sem a necessidade necessária de argumentos científicos. Respeito em última instância os religiosos e místicos, posto que são seres humanos e merecem o máximo respeito por isto, apesar de não concordar com suas crenças religiosas ou místicas. Como argumentação básica, praticamente repito o argumento contrário ao finalismo: não existe regra pré traçada para a biologia, e em si para a evolução. Ao mesmo molde de que se hoje olharmos para o futuro não poderemos traçar o “destino” biológico, posto que poderão surgir novos vírus, novas bactérias e dar fim a muitas espécies, pode ocorrer um cataclismo como alguns que já ocorreram e destruir mais de 80 por cento de todas as espécies de vida, a defesa de nosso campo eletromagnético (a magnetosfera) pode diminuir e dar fim a parte volumosa de vida, muitas coisas podem ocorrer, erros de cópias múltiplos podem acontecer e não temos, por tudo isto, a menor forma de saber o destino biológico que nos acompanhará. Esta relação pode ser feita em qualquer ponto temporal ao longo de nossa jornada de vida na terra, de mais de três bilhões de anos. Escolhamos qualquer momento, e não existe nenhuma flexa ou direção na evolução. A falácia de interpretação ocorre porque olhamos para traz e apenas um caminho foi trilhado até nossa existência hoje, e parece assim que este foi o caminho deliberadamente escolhido por alguma forma de vida superior.  
 
O que importa mesmo é que a nossa origem biológica é fenomenalmente linda, tenha ela surgido uma única vez aqui na terra, tenha ela surgido diversas vezes aqui na terra ou em outros lugares pelo universo, seja ela unicamente de base carbônica, ou seja ela de outras bases de elementos, seja ela até mesmo de forma ainda sequer imaginada por nós. Esta vida é real e devemos assim respeitá-la e dela cuidar com toda a nossa força de viver.
 

 
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 10/04/2012
Código do texto: T3605435
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