Só um pouco sozinho

Às vezes é bom um momento sozinho, não de solidão extrema, estar sozinho em um canto pouco iluminado, mas sabendo que lá fora há alguém que espera por você, as vezes só precisamos de cinco minutos de pequena solidão, sem pessoas, sem espelhos.

Nessas horas cada um faz o que deseja, o musico provavelmente irá acompanhado de seu violão e irá dedilhar devagar, o escritor levará papel ou ao menos tentará transformar aquela escuridão em texto.

Estar sozinho é quase como estar bêbado, como não há ninguém para te recriminar, você pode fazer o que deseja, dizer (mesmo que pra ninguém) o que quer, a única diferença é que o bêbado faz isso com platéia, mais corajoso, mas sem nenhum bom senso.

Mas nem sempre o isolamento é requerido, pode-se simplesmente sentir-se sozinho em um grupo de amigos e quando digo isso, passo longe, bem longe, do isolamento físico, todos estão ali contigo mas simplesmente não há nenhuma harmonia em suas mentes, pensam todos diferentes de você e ali não há um único porto seguro para que você se exponha, uma opinião sequer. É melhor que certas coisas fiquem guardadas se não forem absorvida com a importância devida.

O processo de querer ficar sozinho é mais que se fechar em quatro paredes e criar um universo paralelo, é olhar pra dentro de si e aí sim, a viagem pode ser muito perigosa. Costumamos ser muito críticos com nós mesmos e, se somos um universo, temos a tendência ruim de só olhar para os buracos negros sem vislumbrar as supernovas do nascimento das estrelas.

Claro que toda filosofia não funciona bem e, não somos obrigados a toda vez que precisarmos de um momento sozinho, nos enfiar em um quarto escuro e ficar pensando na vida e em nós mesmos, estou sozinho agora quando escrevo e não estou passando por nenhum momento de autocrítica cruel.

Estamos sozinhos quando dormimos, mesmo acompanhados, fechamos os olhos sozinhos, cada um com o seu e cada um com seus sonhos, o primeiro grito de independência que conhecemos é ir no banheiro sozinhos, comer sozinhos, somos sociáveis mas boa parte do nosso instinto de sobrevivência atua quando estamos solitários.

Certa vez um homem me disse que o ser humano é o único animal que, quando sente medo, se isola. Ele pode ter exagerado, não era um entendedor dos animais, mas estava correto no que disse, quando sentimos medo, nos isolamos na maioria das vezes, temos então uma solidão muito nociva que, muitas vezes, acaba gerando doenças físicas e psicológicas, nessa situação é hora de abrir a porta e procurar o contrario, companhias.

Ficar sozinho por 30 minutos é bom, mas é melhor ainda saber que, lá fora, depois da parede, alguém esta esperando.