Leitura dos capítulos 1 a 6 do livro: LÉVI-STRAUSS, claude. Raça e História. Lisboa: Presença, 1989.
Leitura dos capítulos 1 a 6 do livro: LÉVI-STRAUSS, claude. Raça e História. Lisboa: Presença, 1989. Elaboração de uma questão para cada um dos capítulos lidos.
Capítulo 1
Comente a seguinte afirmação constante do segundo parágrafo do Capítulo 1:
“Mas o pecado original da antropologia consiste na confusão entre a noção puramente biológica da raça... e as produções sociológicas e psicológicas das culturas humana. Bastou a Gobineau ter cometido este pecado para se ter encerrado no círculo infernal que conduz de um erro intelectual, não excluindo a boa-fé, à legitimação involuntária de todas as tentativas de discriminação e exploração”
Em seu início, a ciência antropológica se baseou fortemente no conceito biológico de uma suposta evolução raças e não nos aspectos sociológicos e culturais de cada sociedade como alavancas desta evolução ou, melhor dizendo, das diferenças entre ela.
Tais suposições (como a pseudo evolução das sociedades em decorrência de raças humanas mais e menos evoluidas) levou e ainda leva muitas sociedades, culturas e agrupamentos humanos a se utilizarem daquele conceito evolutivo para legitimar a discriminação e a exploração de um grupo sobre outro.
Este teria sido o pecado original da antropologia: ter servido como base teórica para tais práticas e comportamentos.
Capítulo 2
O que Levi-Strauss quis dizer com a frase abaixo:
“Impõe-se uma primeira constatação: a diversidade das culturas é de fato no presente, e também de direito no passado, muito maior e mais rica que tudo o que estamos destinados a dela conhecer”
O conhecimento de todas as culturas e sociedades é bastante difícil. Em primeiro lugar muitas são as sociedades/culturas já desaparecidas e das quais se faz impossível ter sequer um conhecimento mínimo dos seus costumes, suas artes e técnicas, etc.
Noutras vezes até mesmo aquelas sociedades que ainda existem (um grupo indígena contemporâneo, por exemplo) não apresentam muitas formas (registros escritos, produções técnicas, etc.) para que se conheça melhor o seu passado.
No espaço e no tempo foram inúmeras as sociedades que não deixaram registros históricos (escritos ou não) e, mesmo quando o deixaram (a escrita, pontas de lanças, pedra polida, etc.), o estudo das mesmas ainda assim se mostra bastante difícil. Daí o autor declarar a riqueza praticamente inacessível de todos estes aspectos da produção cultural humana.
Capítulo 3
Faça uma breve comparação entre os termos “bárbaro” e “selvagem” e sua utilização respectivamente na antiguidade grego-romana e na Europa das grandes navegações.
Bárbaro na antiguidade grego-romana eram todos os povos que não participavam diretamente da cultura e da sociedade grega.
Selvagem (ou primitivo) foi a designação dos indígenas que habitavam a América descoberta pelos primeiros navegantes e os colonizadores europeus.
Bárbaros e selvagens seriam, portanto – tanto na antiga Grécia quanto na Europa dos descobrimentos – todos aqueles que se diferenciassem cultural e comparativamente dos povos em questão, os gregos e os europeus.
Capítulo 4
O que o autor designa pelo nome de “falso evolucionismo cultural” ?
Para o autor as teorias que buscam enquadrar as diversas sociedades humanas num determinado grau de evolução definida a partir de determinado ponto no tempo e no espaco (como se cada uma ocupasse um determinado degrau de uma escada que conduzisse invariavelmente na mesma direção) apregoam um falso evolucionismo.
Esta teoria se baseia na idéia de que determinada sociedade (de indígenas, por exemplo) esteja num momento anterior de sua evolução, sempre levando-se em conta e se comparando a tal sociedade com outra sociedade qualquer (a sociedade européia, por exemplo) que apresente outras formas de cultura, técnicas, etc. Essa teoria leva em consideração essencialmente o ponto de vista de quem está observando ou analisando a sociedade alheia e partiria do princípio de que o outro (a outra sociedade) teria ainda que evoluir para atingir o grau de evolução já atingido pelo nossa sociedade.
Podemos perceber que as sociedades podem, de fato, apresentar semelhanças em muitos de seus aspectos (como certas sociedades da Tasmania em relação às sociedades estudadas da época pedra polida), o que não quer dizer que elas necessariamente têm que per correr todos os passos que a segunda sociedade transitou para chegar ao seu destino.
Capítulo 5
Explique com suas palavras o que o autor quis dizer no trecho abaixo:
“O desenvolvimento dos conhecimentos pré-históricos e arqueológicos tende a espalhar no espaço as formas de civilização que éramos levados a imaginar como escalonadas no tempo. Isto significa duas coisas: em primeiro lugar que o “progresso”... não é necessário nem contínuo: procede por saltos... Estes saltos não consistem em ir sempre mais longe na mesma direção, são acompanhados por mudanças de orientação...”
O autor faz uma oposição entre a evolução temporal (no decorrer do tempo) das sociedades e a evolução espacial (geográficaa. Isto quer dizer que a referida evolução não se processa em decorrência do tempo, isto é, que as sociedades ditas “inferiores” (uma tribo indígena contemporânea, por exemplo) não têm necessaria e nem obrigatoriamente que percorrer os mesmos caminhos percebidos na evolução temporal, por exemplo, da sociedade européia.
O progresso, como diz o autor, não é um contínuo, mas procede por saltos e muitíssimas vezes sociedades com culturas bastante diferenciadas (os primeiros antropologos diriam: com graus distintos de evolução) conviveram na mesma época e em espaços geográficos algumas vezes próximos e noutras bastante distantes.
Esta pseudo evolução, portanto, não teria que seguir na mesma direção (como se fosse um caminho que teria que ser necessariamente percorrido por cada sociedade para atingir o seu ápice), mas procede (em verdade, se enriquece) através de mudanças de direção e a partir de necessidades diferenciadas.
Capítulo 6
Elabore um breve conceito dos termos “história estacionária” e “história cumulativa”.
A história cumulativa seria toda aquela que se desenvolve num sentido semelhante ao da nossa própria cultura e a partir do ponto de vista da nossa cultura. Diríamos cumulativa uma determinada cultura (obsevada do ponto de vista de quem está estudando ou analisando a cultura alheia) a partir da idéia de que ela apresenta uma evolução semelhante à da nossa própria cultura , isto é, apresentaria padrões semelhantes de comportamento social, de tecnologia, dos costumes, etc.
Ja a cultura estacionária seria aquela que não se desenvolveu como a nossa, sempre tomando como ponto de vista comparativo a cultura de quem está observando ou estudando uma cultura ou sociedade alheia. Esta cultura se apresentaria diferente da nossa e, portanto, estacionada a partir do nosso ponto de vista.