A MAÇONARIA NOS ANOS TRINTA
História
No início dos anos trinta o Brasil tem cerca de 37.000.000 de habitantes. São Paulo, com aproximadamente 5. 900.000 é o segundo estado mais populoso do país, perdendo apenas para Minas Gerais, com cerca de 6.900.000.[1]]
Mas é a sua pujança econômica que incomoda os demais estados, pois ela se reflete na hegemonia política que os paulistas exercem sobre a nação. Com exceção dos falidos fazendeiros cafeicultores, que tinham quebrado com a crise de 1929, a grande maioria do país desejava reformas profundas, reformas que contemplassem as reivindicações da nova sociedade que se desenvolvera a partir dos anos vinte, quando o comércio e a indústria começavam, efetivamente, a competir com a monocultura do café.
A crise desencadeada pela Grande Depressão teve conseqüências cruéis no Brasil. Em fins de 1929 já eram mais de 2.000. 000 os desempregados do país. O salário dos trabalhadores diminuíra em cerca de 50º o seu valor. Um quarto das fábricas em São Paulo e no Rio Janeiro fechara as portas e outro quarto só funcionava três dias por semana. Não havia compradores internacionais pra o café, que se perdia aos montes nos armazéns.
Desde 1898 até 1926 São Paulo e Minas Gerais alternavam-se no poder com a sua política do “café com leite”. Pelo pacto paulista/mineiro o próximo presidente, depois de Washington Luís deveria ser mineiro. Mas este apoiou um paulista, Julio Prestes. Aproveitando o descontentamento geral que grassava no país, um grupo de políticos de vários estados formou a Aliança Liberal lançando o gaúcho Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa para enfrentar os paulistas na eleição presidencial de 1930.
Nesse clima de ebulição renasce o Tenentismo, que havia sido sufocado pelo governo nos anos vinte. As sementes da revolução de 1930 estavam plantadas.
Júlio Prestes vence a eleição. A despeito da grande insatisfação que existe no país com a política hegemônica dos paulistas, a oposição não consegue vencer a máquina do governo federal que foi montada para eleger Julio Prestes.
Os partidários de Getúlio Vargas acusaram o governo de fraudar as eleições. No dia 26 de junho de 1930, João Pessoa é assassinado a tiros por um desafeto político, mas sua morte serviu de estopim para o desencadeamento da crise. A revolução iniciou-se no Rio Grande do Sul e se espalhou por todo o país. Pouca foi a resistência das forças do governo. Elas se concentraram mais em São Paulo, onde Júlío Prestes ainda tinha muitos adeptos. Mas o grosso da população apoiava a revolução.
Em 24 de outubro de 1930, Washington Luis era deposto e Júlio Prestes, o presidente eleito, pedia asilo à embaixada inglesa. Ele nunca tomaria posse. Um governo provisório, sob o comando de Getúlio Vargas é formado.
Com a vitória da revolução os governadores dos estados foram substituídos por interventores nomeados por Vargas. O Coronel João Alberto é nomeado interventor em São Paulo. Os “tenentes”passam a ocupar a maioria dos cargos da administração pública.
O que estava acontecendo no mundo repercutia no Brasil. O governo Vargas era apoiado por facções opostas que não se entendiam (o Tenentismo, simpático ao fascismo de Hitler e Mussolini, os trabalhadores, seduzidos pelo comunismo, e a nova classe média, os industriais e fazendeiros, que queriam uma política liberal).
Foi a política conciliatória de Vargas, tentando acomodar tudo dentro de um mesmo saco que preparou o campo para a revolução de 1932.
Em 9 de julho de 1932 os paulistas pegam em armas pela sua independência e pela defesa da constituição de 1891, que o governo Vargas havia abolido. O levante paulista, comandado pelo General Isidoro Dias Lopes tinha em mira derrubar o interventor Coronel João Alberto e eleger um governador civil.
A revolução paulista, em princípio, tinha as simpatias da maioria do país. Em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e vários estados do Nordeste, os governadores declaram o seu apoio à redemocratização do país. A morte de quatro estudantes, Miragaia, Martins, Draúsio e Camargo, fuzilados pelos partidários de Vargas foi o estopim do conflito.
A Associação Comercial de São Paulo conclama os comerciantes a fecharem as portas em sinal de solidariedade aos revoltosos; por todo o estado começa a mobilização para a guerra.
A Revolução Constitucionalista durou três meses e os paulistas foram derrotados. Abandonados por todos os pretensos aliados, mal armados e cercados por todos os lados pelas tropas federais, São Paulo capitulou em 1º de outubro de 1932. Mas a Revolução dos paulistas não fora em vão. Em 1933 Vargas convoca uma Assembléia Constituinte, que elabora uma nova constituição para o país. Em 16 de julho de 1934 é promulgada a Constituição de 1934. No dia seguinte ele era eleito Presidente.
A Constituição de 1934 era liberal e atendia aos anseios do povo pela democratização do país. Mas o medo de um levante comunista forçou Vargas a abandonar as tendências liberalizantes para instituir um regime de força que desembocaria na ditadura do Estado Novo, promulgada com a nova Constituição, por ele outorgada em 1937. Vários distúrbios promovidos pelos comunistas acabaram por levar o governo a decretar o Estado de Sítio. Nasce o Integralismo, doutrina fascista defendida por Plínio Salgado, que visava implantar no Brasil um regime de força, semelhante ao que Hitler e Mussolini haviam implantado na Alemanha e Itália. Getúlio valeu-se dessas tendências e impôs a ditadura do Estado Novo, que durou até 1945.[2]
Mogi das Cruzes nos anos trinta
A revolução de 1930 repercute em Mogi, através do Manifesto do presidente Washington Luiz, que conclama todos os brasileiros a lutarem pela legalidade. O prefeito Carlos Alberto Lopes baixa edital convocando reservistas nascidos entre 1900 e 1906, para formar um Batalhão Patriótico para a defesa da legalidade. Com a deposição de Washington Luíz, termina a Revolução e os partidários de Vargas assumem o poder através de uma Junta Governativa nomeada pelo Interventor de São Paulo, Cel João Alberto. Esse interventor nomeia uma Junta para governar Mogi das Cruzes. Fazem parte dessa Junta os Ir.'. Isidoro Boucalt e Francisco Afonso de Melo, na qualidade de governador e prefeito do município.[3]
Várias escaramuças ocorrem pela cidade, com os partidários dos revolucionários atacando as pessoas que defenderam os legalistas. Um dos atacados foi o Dr. Deodato Wertheimer, que teve sua casa invadida por um grupo de manifestantes, os quais atiraram seus móveis para a rua. Em 17 de novembro de 1930, um grupo de revolucionários chega a Mogi e se aloja na sede da ACIMC se desavindo com seus diretores. O ir.'. Isidoro Boucalt é nomeado Prefeito do Municipio. Vários ir .'. compõem o novo grupo político escolhido para dirigir o município, entre eles, Francisco Afonso de Melo, José de Souza Franco, José Moreira e Antonio Ferreira de Souza.
Em dezembro de 1930 é nomeado prefeito da cidade o Coronel Eduardo Lejeune. As lutas políticas que são travadas no país inteiro refletem em Mogi; Partidários do presidente deposto Washington Luiz são exonerados de seus cargos no município e tem seus nomes tirados das placas de rua.
A Revolução Constitucionalista de 9 de julho 1932 foi amplamente apoiada em Mogi das Cruzes. Em 10 de Julho chega à cidade os primeiros soldados que marcham para o front. São alojados no prédio do 1º Grupo Escolar. A Associação Comercial, seguindo a ação de todas as suas congêneres no Estado de São Paulo logo se põe a serviço da Revolução, organizando a assistência médica, fornecendo víveres e remédios aos combatentes e suas famílias. Mogi começa a alistar voluntários para as tropas paulistas. O município se torna um centro de refúgio para as pessoas que fogem dos locais onde as batalhas são travadas. Morre o primeiro mogiano nessa Revolução, o voluntário Fernando Pinheiro Franco. Quatro mogianos seriam mortos nesse conflito: Fernando Pinheiro Franco, Diogo Oliver, Jair Fontes de Godoy e José Antonio Benedito.[4]
A Maçonaria nos anos Trinta
Muito ativa esteve a maçonaria mogiana nesses cruciais anos trinta. A par da intensa participação política que os irmãos tiveram nos acontecimentos históricos resumidos acima iremos encontrar uma grande maioria deles envolvida com grandes realizações no campo social e econômico, fundando ou participando de organizações de interesse público e lutando pelas causas da comunidade.
Nota-se, pelos discursos registrados em Atas, que a maioria dos maçons mogianos foi simpática à Revolução de Vargas. Ir. '. como Isidoro Boucalt, Francisco Afonso de Melo, Francisco Ferreira Lopes, Fernando Tancredi, Antonio Ferreira de Souza e outros colaboraram estreitamente com a Revolução, exercendo cargos na administração pública ou emprestando seus serviços à ela nos anos em que Mogi foi governado por interventores nomeados pelo governo revolucionário.
Da mesma forma, a Revolução Constitucionalista de 1932 teve na Loja União e Caridade um uma grande defensora. Vários ir .'. se engajaram em campanhas de apoio à Revolução ou de ajuda às famílias dos combatentes. Assim é encontremos is ir.'. Francisco Afonso de Melo à testa da “Guarda Cívica”, corpo de voluntários organizado para substituir os soldados da Força Pública convocados para o front; os ir. ' .Isidoro Boucalt, Francisco Ferreira Lopes, Angelo Pereira Passos, à frente de uma comissão para angariar víveres e remédios para os combatentes e suas famílias.
Na vida da comunidade, vários maçons marcam sua presença; O irmão Ângelo Pereira Passos como fundador do Vila Santista Futebol Clube; o irmão Antonio Martins Coelho destaca-se como professor e jornalista, escrevendo no jornal “O Liberal”; os irmãos Gabriel Pereira Filho e Emilio A. Ferreira destacam-se na Educação como primeiros professores do Ginásio Municipal; O irmão Gumercindo Coelho faz parte da diretoria do Ginásio Estadual:
Exerceram o cargo de Venerável Mestre da Loja União e Caridade nos anos trinta os seguintes irmãos: Antonio Martins Coelho (de 1928 a 1931); João Pires (1931 a 1933). De 29 de dezembro de 1933 até 19 de junho de 1936 a Loja ficou adormecida. Foi reaberta em junho daquele ano sob a presidência do irmão Antonio Martins Coelho, mas em 21 de abril de 1938 um decreto emitido por Getúlio Vargas a manteria fechada até 9 de fevereiro de 1940.
[1]Fonte: Brasil Nosso Século Vol.5
[2] Fonte- Brasil Nosso Século Vol. 5
[3] Isaac Grinberg, História de Mogi das Cruzes, citado.
[4]Fonte Isaac Grinberg, op citado
__________________________________
EXCERTO DO CAP. III DO LIVRO "CEM ANOS DE MAÇONARIA", A SER PRODUZIDO PELA LOJA MAÇÔNICA UNIÃO E CARIDADE IV DE MOGI DAS CRUZES, EM HOMENAGEM AOS 100 ANOS DE EXISTÊNCIA. QUALQUER COMENTÁRIO OU INFORMAÇÃO SOBRE OS FATOS ACIMA RELATADOS PODERÃO SER POSTADOS NESTE SITE OU ENVIADOS DIRETAMENTE AO AUTOR PELO Email jjnatal@gmail. com.
__________________________________
EXCERTO DO CAP. III DO LIVRO "CEM ANOS DE MAÇONARIA", A SER PRODUZIDO PELA LOJA MAÇÔNICA UNIÃO E CARIDADE IV DE MOGI DAS CRUZES, EM HOMENAGEM AOS 100 ANOS DE EXISTÊNCIA. QUALQUER COMENTÁRIO OU INFORMAÇÃO SOBRE OS FATOS ACIMA RELATADOS PODERÃO SER POSTADOS NESTE SITE OU ENVIADOS DIRETAMENTE AO AUTOR PELO Email jjnatal@gmail. com.