Liberando a Pressão

Às vezes o coração fica cheio, bate mais forte pra tentar suportar o tamanho da coisa que ta guardada dentro dele, mas não dá, a pressão aumenta cada vez mais e começa a vazar, vaza pras mãos que se tornam inquietas, para os olhos que ficam perdidos, vaza pro cérebro que perde todo o foco.

Eu poderia tentar segurar, mas pra que? Qual o beneficio de deixar preso dentro do peito essa sensação que, em essência é boa, mas luta ferozmente pra sair, mesmo que machucando a carne?

É um grande dilema, uma bifurcação difícil de decidir qual caminho tomar, se por um lado deixo escapar e corro o risco de ser repetitivo, previsível, chato mesmo se tratando da manifestação do meu amor, por outro trilho um caminho de angustia, mantendo preso no corpo a explosão do sentimento e até correr o risco de parecer frio e passar por coração de pedra. Não sei pra onde vou e não consigo imaginar um meio termo. O que eu faço agora? E dessa vez, eu quero uma resposta.

A vontade real é de gritar para que todos ouçam o tamanho do meu amor, mas sei que não posso e, por isso, tenho que dizer só a você e a uns poucos chegados. Dizer a você o tempo todo, para que em momento algum se esqueça disso, para que não deixe de sentir o meu amor por nem um minuto do seu dia.

Mas o bom senso ou as regras do jogo de relacionamento me digam “não seja massante com ela, em qualquer assunto” e ai eu fico escolhendo os melhores momentos para me pronunciar, embora acredite sinceramente que não há momento ruim para se dizer eu te amo.

Assim vou eu, quase que diariamente me perguntando se digo ou não digo, isso enquanto não estou naqueles momentos em que perco o controle absoluto sobre a boca e ela resolve falar, sozinha, sem qualquer traço de racionalidade, palavras puramente emocionais. Enquanto isso, vou pingando a conta-gotas meu amor.