Viajar no tempo é possível ou a crônica da maturidade.
Esta semana, não descobri ainda o porquê, me dei um flagra refletindo sobre a maturidade. Acabei viajando no tempo.
E não é que é legal viajar no túnel do tempo? Revi amigos, as brincadeiras e peraltices da infância; aquela vez que cuspi, zangado na saia da professora e, daquele dia que perguntei a ela, e fiquei sem resposta, quem era o pai de Deus.
Viajar no tempo é legal. Descobri que faz bem pra saúde, agora com uma ressalva: desde que seja pra reviver boas recordações, se for o contrário, faz um mal danado.
De volta ao lance da maturidade, embora saibamos que seja um estágio intermediário para o fim corporal, se a gente perceber bem, é pura magia; trata-se de um estágio mágico da vida, sobretudo, quando a gente faz aquelas paradas obrigatórias, como um dia me disse um pastor evangélico.
“Nessa fase são necessárias algumas paradas obrigatórias para que haja os consertos necessários e a gente possa seguir adiante” me ensinou o velho pastor.
Outro encontro bacana foi esse com o pastor, durante minha viagem no tempo.
Pensei e tentei encontrar uma maneira de exemplificar o que seria essa “santa maturidade”.
Na minha mente surgiu uma lagarta rastejando bem devagar. O bicho via tudo por um único ângulo; passava por cima de pau e pedra, se machucava, e nem sentia dor. Feria também e nem percebia.
Medo? Não existia. Havia naquela lagarta um sentimento de infalibilidade.
Num determinado momento, obedecendo ao comando natural da existência, a lagarta parou e se recolheu por um determinado tempo num casulo. Parada obrigatória para um processo de transformação ou não já que por motivos alheios à sua vontade esse processo certamente correria risco de ser interrompido.
Com a graça da lagarta ter ultrapassado aquela fase, agora sim, surgia uma bela e colorida borboleta.
A lagarta se transformou, criou asas e voou, passou a ver o mundo lá do alto. Descobriu, de repente, que as pedras continuavam lá, mas que no meio delas era possível enxergar o verde que não via antes e uma enorme variedade de flores.
Agora com as asas, se quisesse, a ex-lagarta poderia ir mais longe , ir a lugares antes inimagináveis e escolher pousar nas flores mais belas.
Enfim, a lagarta passou a ser mais seletiva e se pudesse cantar naquela naquele instante, certamente cantaria como aquele velho músico americano Louis Armstrong na sua clássica canção: What wonderful world ( Que mundo maravilhoso)