Dia da Mulher! Festas? Ou Reflexões?
 
           Como mulher pesquisadora de minhas inquietações... Conheço o fato histórico que através de lutas e mortes, deu origem a essa trágica data. Eu não sou de atribuir valor algum a data, mas de conhecer o contexto histórico que a marcou como um dia para ser comemorado. E aqui não vou relembrar o massacre daquelas mulheres que por lutarem em busca de migalhas de direitos, morreram queimadas. Não! Eu não consigo escrever sobre esse triste fato, que marcou o mundo.
 
 
          E assim como a maioria das datas, as festas e solenidades públicas mascaram fatos e impedem palcos para reflexões... no lugar de dar-se flores e bolo branco e cor de rosa. Festas e festas... inibem ou calam de verdade a voz da maioria das mulheres, que, apesar de ter tido várias conquistas e uma lei específica para nos proteger... Não sinto que somos protegidas.  Aqui ressalto, que falo também, por aquelas mulheres que nada podem manifestar frente ao que passam no seu viver.

         As mulheres que conquistaram a liberdade, são essas escravas de um perfil de beleza imposto pelo lucro das empresas capitalistas?

      Outra indagação? Trabalhar fora do lar em dupla ou tripla jornada, e deixar seus filhos cuidados por outros, ou pelos próprios irmãos é ter liberdade? Ou ser cruelmente de forma sutil, enganada para enriquecer mais ainda quem detém o monopólio do poder?

       O que é liberdade para a mulher? Seja ela, rica ou pobre, da cidade ou do campo, com diplomas ou com pouca escolaridade, jovem ou anciã?
Qual é de fato a nossa liberdade?

        É trabalhar até se deprimir, por ir além do nosso limite físico?

        É não ter o direito de criar os nossos filhos? E ainda, sermos enganadas com a frase de” gente importante,” que fala em roda de debates... e diz que: “O que importa para os filhos é a qualidade do tempo, e não a quantidade.
Que tempo é esse? Um beijo antes de dormir e as vezes uma oração? Um livro lido uma ou duas vezes na semana.
 
        Uma tarde nas lojas para jantar, brincar no parque e ganhar presentes?
Como mulher mãe! É essa a nossa liberdade? A infância é a fase mais curta da vida, e nós mães, não temos o direito de estarmos presentes fisicamente nessa infância, para olharmos e cuidarmos de nossos filhos.
A infância, principalmente dos filhos das mães operárias, estar pedindo socorro ... E encontra-se com os dois pés a ponto de passar na linha de passagem para os grupos de todo tipo de riscos que desviam a conduta do futuro adolescente.
 
         E como Mulher Sensual?

         O que somos? Que liberdade temos?

         Podemos nos vestir de acordo com nossa Cultura? Nossa personalidade? E o nosso perfil biofísico? Não! Tudo nos é imposto. A mídia determina e a gente sem nem perceber, que estamos sendo objeto de exploração e de consumo da mídia e do machismo social obedece. Porque ainda atendemos a quase todos os seus apelos. E quem tenta ser o que realmente é, passa a ser vista como estranha ou louca.

          E para não ir muito além dos meus sentires, preciso ter coragem de dizer que não vejo motivo algum para esquecermos as lutas e não lembrarmos que estamos camuflando nossa falsa liberdade, fazendo tantas festas...

           Esse é o meu pensar, e sei que ele estar incluso na maioria feminina que silencia sua voz por ter medo de falar. Por que nem a própria Lei Maria da Penha, é capaz de nos proteger de verdade, porque ainda caminha muito devagar e precisa de políticas de Estado, para que ela de fato atue com maior eficácia.
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Maria de Fátima Alves de Carvalho / Poetisa da Caatinga
Natal, 09.03.2012


 
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 09/03/2012
Reeditado em 08/06/2020
Código do texto: T3544845
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