A outra.
Confesso que tenho outra.
Isso pode parecer uma afronta para um cara com 54 anos, casado há 21 e com dois filhos adolescentes.
Sempre fui cumpridor das minhas tarefas e obrigações, mas essas coisas não dão pra segurar por todo tempo.
Ela vem fazendo parte da minha vida há alguns anos. Muitas vezes, quando acordo e a vejo ao meu lado, sinto um prazer e alegria muito especiais.
A minha mulher é ótima esposa, ótima mãe, mas quando essas coisas acontecem, não dá pra evitar.
Confesso que muitas vezes, durante o trabalho, fico com vontade de ficar perto dela todo momento.
Ela me inspira, dá ânimo e muita energia.
Não que não consiga sentir tudo isso com a minha mulher, mas confesso que com ela é diferente, é mais intenso de outro jeito, até mais gostoso às vezes, se é que dá pra entender.
Gosto de dar e receber o seu carinho.
Quando a abraço e a beijo, e isso faço bastante, sinto as ancas da sua alma sorrindo para mim, se é que dá pra entender.
Entre nós, vigora um amor meio rebelde, meio clandestino, meio proibido, meio bandido.
Quando precisamos ficar um longe do outro, não é só a saudade que aporta com vigor de felina.
Brota um vazio que se alastra feito praga, feito um desafinado acorde que nunca chega ao final.
Talvez um dia, num momento de loucura, decida largar tudo e fugir com ela pra esse mundo de meu Deus.
Foram muitas as vezes em que este cenário se formou nos meus sonhos.
Mas a força da "realidade", os gritos alucinados das obrigações assumidas e tudo o mais, trazem este desejo woodstockiano de volta pra sua raiz e consigo acalmar estes fôlegos contraventores.
Por hora, o que tenho é muita paixão, por vezes represada e cabrestada, pairando à deriva nos meus dias.
Uma paixão que ficará pra sempre atracada em cada batida do meu coração. E do coração dela, com toda certeza.
Dedicada à minha cachorrinha Mel.
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