Em busca do grau zero
Exagero é muito bom para uns, ruim para a maioria. Intensidade parece assustar os que a observam, mas não aos que vivem nela. Ser intenso é a compra de duas passagens, uma para o céu e outra para o inferno, passando pelo mundo terreno só de viagem, vamos curtir cada estação em cada lugar.
Calor demais atrapalha e frio demais prejudica. Tudo demais parece não ser bem aceito, mesmo quando se pode ser demais. Se te sobra, deve suprimir gestos e palavras, despejar em qualquer lugar pensamentos bons e ruins, teorias para explicar a razão de cada sentimento. Se te falta, finja.
Não há harmonia do exagero, todos os pólos devem ser equilibrados, ser luz e sombra ao mesmo tempo e buscar adaptar-se ao ambiente, ser mais um, só mais um no meio de tantos, de preferência sumir e não ser notado.
Nem fogo, nem gelo, buscando o grau zero de tudo. O estado entre o certo e o errado, o ligar e não ligar, o direito e o esquerdo, a mão que aperta e a mão que solta, o soco e o carinho, o desgarrado e o neurótico.
Haverá um espaço para quem conseguir, um bom espaço transitando pelo mundo livremente, sem céu ou inferno.