SOBRE O OLHAR

Nada é igual mesmo que idêntico, pois ao se considerar modos diferentes de se olhar, não se poderia que as coisas tivessem a mesma "leitura" pelo olhar. Noutras palavras: sendo o olhar, no sentido físico, ou seja, na concepção mesma de olhar significar ter a capacidade de ver pela retina, só podemos olhar quando estamos aparelhados com os componentes constituintes para esse fim. Todos sabemos que o fenômeno do olhar dá-se pela "luz" que cada objeto irradia, e que essa irradiação, ao transpor nossa retina ou nosso nervo óptico, chega a nosso cérebro e é ai que olhamos, isto é, nominamos os objetos segundo nosso aprendizado, ou dito de forma mais filosófica, conhecemos o objeto que observamos ou contemplamos. Então, o olhar, ainda que debruçado sobre uma mesma coisa, não será, necessariamente, o mesmo, pois, tendo sido aceito que o olhar é o resultado, o produto da irradiação e captação, pelo cérebro, através do nervo óptico, da luz dos objetos e que essa intensidade de luz poderá variar, e varia, segundo condições de tempo e espaço, conclui-se que invariavelmente sempre ocorre essas oscilações, posto que, na natureza, embora possa parecer, nada é realmente estático. Por fim, e para terminar, sobre o olhar não se pode afirmar nada, mas a maneira de olhar é que dará a razão ou significado ao objeto olhado, em resumo: a beleza da flor não está nas cores das pétalas, mas no olhar de quem as olha, ou dito de maneira mais metafísica: quando se olha com a alma, vê-se além, e esse olhar, esse sim, olha profundamente.