O Oriente de Israel e suas doze oficinas
 
Dessa forma falou o Senhor a Moises, estando o povo de Israel acampado em Madian, na base do Monte Horeb, também conhecido como Sinai: ”Fazei recenseamento de toda a congregação dos filhos de Israel pelas suas famílias e suas casas, e nomes de cada um dos varões, dos vinte anos para cima e de todos os homens fortes de Israel; e conta-los-eis pelas suas turmas, tu e Aarão. E estatão convosco os chefes das tribos e das casas nas suas gerações.”[1]
Ora, eram em doze o número de tribos que formavam o povo de Israel, organizados a partir dos filhos de Jacó, que cerca de quatro séculos antes tinham emigrado da Palestina para o Egito. Eram eles conhecidos pelos nomes de Rubem, Simeão, Judá, Issacar, Zebulon, José, Levi, Benjamin, Dan, Asser, Gad e Neftali. Depois de purgado dos seus pecados e reconstituido na Aliança com o Senhor, o povo de Israel prosperou e seu número aumentou grandemente, de sorte que, ao ser promovido o primeiro recenseamento, foram contados seiscentos e três mil e quinhentos homens em condições de serem inciados naquele que seria o Grande Oriente de Israel.[2]   
Os membros da tribo de Levi, entretanto, não foram contados entre os números daqueles que poderiam ser admitidos em Loja, porque a eles foi incumbida a tarefa de cuidar do Tabernáculo (Templo itinerante do povo de Israel), e todos seus adereços e utensílios. Aos levitas, portanto, foi dada a honra de constituírem a classe sacerdotal, ou seja, aquela dentro da qual seriam escolhidos os sacerdotes oficiantes do culto, mas não o Sumo-Sacerdote, ou seja o Grão-Mestre do Grande Oriente de Israel, pois esse título cabia a Moisés, e ele o manteve até o dia em que Israel, tendo se organizado para atravessar o Jordão e lutar pela posse das terras palestinas, nomeou o seu sucessor na pessoa de Josué.[3]
 Assim foi organizado o Grande Oriente de Israel, formado pelas Doze Oficinas dos hebreus dispersos no deserto, onde os membros eram separados por origem tribal e dentro de cada tribo, por graus de ocupação. Os que tinham menor instrução eram postos nas tendas dos que serviam, os que tinham profissões, nas tendas dos artífices, e os que tinham mais instrução nas tendas que ensinavam e administravam. E para cada uma das Oficinas foi nomeado um príncipe a título de Mestre Geral, auxiliado por dois supervisores.
Essa disposição é inferida a partir da organização dada aos acampamentos dos israelitas no deserto. Pela descrição que a Bíblia nos dá dessa organização é possível perceber que as tribos foram distribuídas estratégicamente para formar uma grande Loja, coberta por todos os lados, e em condições de marchar unâmines, como um grande corpo, em direção a um objetivo. Assim, as tribos de Judá, Issacar e Zebulon assentaram seus acampamentos no Oriente, Rubem, Simeão e Gad, no Meio-Dia, Efrain (tribo de José), Manassés e Benjamim, no Ocidente, Dan, Asser e Naftali no setentrião. E no centro, levando o Tabernáculo e seus adereços, os levitas. [4] 
Aos irmãos que conhecem de fato as disposições de um templo maçônico essas informações não parecerão estranhas, pois é justamente nessa linguagem mística que se assentam os alicerces do templo maçônico. E é nessa metáfora do conhecimento arcano que está justificada a alegoria de que o templo maçônico é o modelo do universo retratado num edifício. Pois na sua marcha em busca de um território onde pudesse assentar seu povo, Israel não visava apenas a construção de um estado político e social, mas sim a confecção de um protótipo do reino de Deus sobre a terra, que pudesse servir de modelos para todos os povos do mundo. Essa é a noção que serve à Maçonaria enquanto ideal filosófico e prática de vida. 
---------------------------

 

[1] Gênesis, 1: 1-4
[2]Números, 1: 44 a 46
[3]Números, 47ª 54.
[4] Números, 2; 3 a 30
[5]Essa tese também é defendida por Israel Finkermam e e Neil..., em sua obra “A Bíblia não Tinha Razão”, mna qual esses estudiosos sustentam que o povo de Israel é originário da própria Palestina e a saga bíblica foi uma epopéia criada pelos cronistas so rei Josias (   para dar á história de Israel um caráter de grandiosidade que justificase a ocupação da Palestina.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 09/02/2012
Reeditado em 17/02/2012
Código do texto: T3489887
Classificação de conteúdo: seguro