Literatura acima de parâmetros
A Literatura é de todas as áreas do conhecimento, uma das mais belas. Imagine um texto poético! Que viagem fantástica no mundo imaginário. Vai-se além dos sentimentos. Corre-se em todas as direções do saber. É demais a imaginação! Flui-se divinamente. Fundo, direto no âmago do eu-lírico. Quanto mais se adentra nas letras, mais se enleva. Eleva-se, então, o lado espiritual, tanto que nem se acredita. Quer-se ir muito mais. Vai-se da utopia à morte num abrir e fechar de pálpebras. De um lado ao outro das linhas delineadas no papel. De canto a canto das páginas repletas de encanto, e também, de desencanto.
O que dizer do conceito do termo literatura? Que muita gente boa, des lettres, já tentou defini-lo, mas não chegou nem perto do que seja a essência da literatura. Uns dizem que só é literatura o texto ficcional. Outros, são da ala de que todo e qualquer texto é literário, dependendo de quem o lê e do tempo em que o mesmo está inserido. É improvável que cheguem a um consenso, porque nenhum nem outro é dono da palavra. Afirmar que literatura é apenas o belo texto, bem criativo em relação à linguagem; da forma peculiar usada também é balela, pois quem tem esse cacife de afirmar tal coisa? Que é coisa apenas restrita aos poetas, porque sabem trabalhar as palavras com maestria, com metáforas, metonímias, elipses, paradoxos etc.? Ridículo tamanho disparate! Os formalistas são todos uns tontos em dizer tal asneira. Com certeza, quiseram simplesmente ingrupir os seus contemporâneos, e os demais escritores. Onde ficam os textos filosóficos, históricos, sociológicos, e tantos outros? Esses estarão fadados a que tipo de escritura? Não faz sentido algum extirpá-los do rol da chamada literatura propriamente dita.
Menosprezar ou até mesmo esnobar outros textos, somente por não ter a mesma criatividade imaginativa ou não haver a mesma complexidade formal não tem o menor nexo. Inútil querer nessas doxas encontrar o fio condutor da verdade. Estigmatizar a literatura como uma coisa d’outro mundo também não é certo. Escrever é arte! Tudo bem, vá lá que seja. Mas, enclausurá-la numa redoma de vidro, que só os bons, intelectuais, imortais acadêmicos têm a chave pra tal criação, aí já é um expediente de todo grosseiro e anti-civilizado.
Verdade seja dita, é de muito mau gosto escrever um texto que o leitor precisa se matar em cima de um dicionário pra conseguir o significado das palavras. Ainda, mesmo assim, não ir fundo naquilo que está escrito naquelas folhas lidas. Que sentido tem um texto que não se entende bulhufas? Criar uma arte que não há alcance, é um desperdício de criatividade. Como é maravilhoso pôr a vista nas palavras, e de imediato, reconhecer aquele código. Vale à pena viajar nas asas de uma boa leitura, independente do conceito dado ao que vem a ser literatura. É algo supremo degustar palavras por palavras! Ler um bom livro vicia igualmente qualquer outro vício, até mais que uma gostosa xícara de café. Faz um bem grande debruçar-se em uma boa literatura, seja ela ficção ou não. Não importa a que estilo pertença. É ímpar a sensação e não se vive isso em nenhuma outra atividade. É uma catarse que nem o melhor espetáculo teatral faria a seu espectador.
A Literatura é um bem insofismável. Dizer que os livros estão fadados a desaparecerem é uma enorme trapaça. Nada. Jamais alguém ou algo tirará o prazer de segurá-los entre as mãos e folheá-los. Nem toda a tecnologia de ponta do mundo atual conseguirá essa façanha. Os livros nunca ficarão obsoletos; muito pelo contrário, eles continuarão sendo a base de um mundo civilizado. Agora, o leitor, sim, deverá aprimorar mais e mais o seu grau de escolha porque, cada dia mais, será maior o número de informação. Muito se terá, porém pouca será a propriedade qualitativa. Muita coisa não terá o valor devido, a merecer atenção do leitor. Aí o juízo de valor deverá está bem aguçado pra não se comprar gato por lebre. Os livros não trazem selo de qualidade na capa, portanto o melhor mesmo é fazer muita especulação a respeito da obra a ser lida, pois existem muitos mercenários atualmente. Há uma máfia do livro. Autores, às vezes, já falecidos continuam sendo escritos e editados por pessoas inescrupulosas que só querem ganhar dinheiro sem nenhum compromisso nem com a postura autoral, e muito menos com o leitor.
Enfim, ser ou não ser literatura essa não é a questão!