Juventude

A juventude quando imbuída de nobres ideais transforma ou inventa uma sociedade. Recebe uma força que não pode ser contida ou represada; não a diques que a detenha. Desce as encostas mais íngremes da personalidade humana, arrastando antigos preconceitos; invade os campos improdutivos do coração e os fertiliza; derruba os castelos erguidos sobre a velha moral, para reerguê-los entre novos valores, mais justos e verdadeiros.

Ante a força que avança, esmagando os pilares da ignorância, rendem-se os homens, ajoelham-se as nações. Não há exércitos no mundo que a paralise ou a faça estacionar. Combate-la é bater em ferro frio. Não se pode forja-la sem a chama dos ideais que arde e inspira; não se intimida diante da fogueira em brasa, que queima os santos e mata os apóstolos da perfeição. O homem que a possui na sua mocidade deve conserva-la na velhice; quem não a guarda corrompem os jovens que os sucedem na historia. Um povo que não cuida da sua juventude não deve esperar justiça e dignidade para as gerações que envelheceram. A semente lançada na terra ao acaso não produz fruto de qualidade; necessita de cuidados especiais: a correção mineral do solo e a quantidade correta de fertilizantes assegura a boa produção da lavoura.

Se a juventude comete erros deve ser corrigida a pulso firme e severidade crônica; não se combate a praga na plantação com agua e sabão, carece de certa dose de veneno. Os jovens estão fartos de conselhos e de sermões. O cálice da renovação, não se deita em taças de misericórdia vítrea; derrama-se em cristais de dor e de sofrimento. A gota de remédio é servida diretamente na boca do enfermo, sem auxilio de apetrechos inconvenientes. É tarefa descomplicada aprumar o arbusto ainda verde, mas não se pode endireitar a velha arvore, senão, a corte de machado e serrote.

Bem-aventurado o jovem que não se desvia de sua rota; a sua rebeldia bem direcionada plasma o futuro da humanidade. Sob a luz da liberdade que aspiram, marcham em todas as direções, contrariando a velhice conservadora, que se curva a antigos dogmas religiosos e filosóficos. Velhos no espirito, já não sonham, nem sustentam ideais; animais domesticados, não ousam deixar os currais onde vivem e se fartam; ovelhas que se dirigem ao matadouro em fila indiana, não se recusam a fornecer a última tosa de lã aos pastores que as oprimem. Louvadas são as almas que não se podem domar com petiscos e ração, que não dobram os joelhos para morrer; nem se vergam a sombra das arvores, que crescem na penumbra a beira do caminho. Bendita é a centelha da mocidade idealista que ascende as chamas no horizonte da razão, queimando as fronteiras psicológicas do patriotismo in-consciente, moldando o homem planetário, mais evoluído; preparando o progresso, renovando os ideais.

Isaias A Pereira
Enviado por Isaias A Pereira em 14/01/2012
Reeditado em 06/09/2012
Código do texto: T3441145
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