Thanatos
Thanatos
Por T.H.R. Oliveira
A letargia é um presente
Hypnos me agracia com o seu talento
E eu nesta noite fria
Sozinho, espero
O fogo é apenas figurativo
Um enfeite para um coração que meramente bate
O que é a existência agora sem a presença de vida?
Uma tragada a mais para esses pulmões
Podres, velhos, cansados
Um ser social, um rosto brilhante
Um corpo quente, desejado?
Não sei, mas certamente usado
Não me apetece, mas não me desagrada
Quem sou eu para impedir o prazer alheio
Quando o que eu recebo além da carne
É uma alma eterna para o meu divertimento
Olhar nos olhos, outra tragada
Um sorriso
Fim, o lobo deixa o disfarce e mata
Nas noites de lua, ele vai à caça
Com sua língua de serpente
Uma mordida venenosa,
Como uma droga, viciante
Desgraça da humanidade, são os humanos
Fáceis, divertidos às vezes
Úteis quando não tentam pensar
O que me resta fazer?
Já que estou preso no meio deles
Brinco e jogo com eles
Até que o tédio de não fazer mais nada me vence
E eu me fecho
O lobo dorme, a serpente espera
Podre, eu sou podre por dentro
No alto da minha majestade
No arauto da minha glória
Eu me encontro perdido e algemado
Não consigo ter o tesouro da humanidade
E me contento com a carcaça
Com o descartável
Livre arbítrio, sejam gratos por isso
Seja, você, grato por isso
Seria tão mais fácil ter o que eu quero
Seria tão mais fácil caçar e ter você
Mas a sua liberdade só torna o jogo mais intenso
Enganar, iludir, capturar e destruir
A menos que me ame verdadeiramente
E descubra que por trás do lobo, da serpente e do demônio
Existe um anjo
Ou no mínimo outro humano, simples, limpo e sincero
Esperando para se ver livre do jogo
Do vício
Do veneno que eu tomo todos os dias
Esperando para sair das sombras
E ocupar o centro do seu palco
Sob a sua luz, o seu holofote
E para sempre servir à tua vontade, ao teu amor
Dando-te o maior prazer da vida
E a única alegria da qual você jamais se arrependerá
E jamais cessará.