CANAÃ - Comentando o romance de Graça Aranha
CANAÃ, grande romance de Graça Aranha
Ricardo De Benedictis
O escritor maranhense José Pereira de Graça Aranha nasceu em São Luis – MA, em 1868 e faleceu em 1931.
Seguidor do escritor sergipano Tobias Barreto, costumava escrever sob pseudônimos em revistas da sua época. Foi Juiz aos 22 anos de idade em Porto do Cachoeiro, no Espírito Santo, deixou a Magistratura para dedicar-se à diplomacia. A primeira edição de Canaã foi editada na França em 1901 e lançado no Brasil em 1902.
A obra em tela é um romance que envolve a imigração de alemães e conta o dia-a-dia das colônias, em particular, a vida do alemão Milkau e da inditosa Maria, uma bela moça que entregou-se ao filho dos seus patrões, onde prestava serviços de doméstica, passando por outras vicissitudes até que conheceu Milkau que a levou para outra cidade onde ela passou a trabalhar para patrões ainda mais desprovidos de compaixão que a enxotaram. Desesperada, sentindo muitas dores, saiu pela floresta onde deu à luz a uma criança que foi devorada pelos porcos selvagens famintos. Acusada de infanticídio, foi presa e maltratada na cadeia pública do lugarejo, onde foi encontrada por Milkau que a confortou o quanto pode, mesmo sabendo que sua sentença seria máxima, tendo em vista a convicção da acusação e da Justiça quanto ao pseudo assassinato. Só Milkau acreditava em sua inocência. Por isso tirou-a da cadeia e fugiu. O final do romance é de pura ficção romântico-simbolista. A sua estrutura é de um romance social, realista, que retrata a inferioridade do brasileiro em sua formação étnica, talvez pela própria vivência do autor junto às colônias e as observações dos colonos alemães sobre os brasileiros. O romance mostra ainda a faceta obscura da justiça em tratar as questões sempre pendendo para o lado do mais forte economicamente. Graça Aranha foi da Academia Brasileira de Letras e renunciou à cadeira por motivos de muita intriga, inveja e outros atributos negativos que permeiam a vida dos intelectuais a seu tempo.
O Canaã, é uma obra prima da literatura brasileira. Merece ser lido e pensado.