Sobre os Conceitos

Talvez se possa falar da "história dos conceitos", do seu trajecto, da manipulação dos múltiplos sentidos e, ironia das ironias, estes sentidos não se fixam, não se cristalizam, mas deslizam, fluem, quase inapreensíveis. Talvez se possa falar que a filosofia precisa de inventar conceitos, é uma máquina de criação de conceitos, os seus instrumentos de interpelação, de diagnóstico e prognóstico. Mas, outra ironia das ironias, os conceitos são sempre reinvenções de conceitos, não escapamos a esta omnipresença conceptual. Assim, qualquer avaliação é já objecto de avaliação no seu momento de criação. O que seria um conceito puro? Um conceito sem termo, pura ideia, arquétipo, substância primeira, Verbo? Não há futuro para esta ilusão. Apenas podemos ficar com um certo uso e comunicar essa possibilidade de uso. Um conceito é um uso, nada mais.