Rei do nada

Certa noite acordei sem fôlego...

Olhei para os lados assustado, meu coração batia acelerado, mas tudo que vi foram as mesmas sombras que sempre me acompanharam a cada atalho que trilhei.

Certo dia andei pensativo, olhando para trás como o museu que sempre fui e pensando na vida e em como ela poderia ter sido diferente. No meio de tal pensamento me bate uma crise de realidade... me virei assustado e para meu alívio minhas sombras ainda seguiam fielmente ao meu lado.

Uma marca no braço para não esquecer da justa vingança agora representa um V de vitória e ainda assim não perde seu significado primário, pois ambos contribuem para a mesma ideia, tendo em vista que a desgraça de um é sempre a fortuna do próximo.

No começo da semana olhei para trás novamente e pensei no pobre menino tolo que eu fui, tratando prostitutas como rainhas e rainhas como prostitutas, acreditando em toda a ladainha de que um dia eu, um mero peão no sistema capitalista tive-se a chance de fazer uma diferença em algo ou alguém que já fosse corrompido e vazio.

Enquanto as coisas tem que vir em quantidade e variedade para espantar o vazio de alguns corações, eu desfruto de outro longo gole de meu cálice, o sabor da minha vitória em uma nova fase mais próspera.

Vida longa ao rei... agora eu sou o rei do nada!

Tiago Silveira
Enviado por Tiago Silveira em 01/01/2012
Reeditado em 24/10/2019
Código do texto: T3417395
Classificação de conteúdo: seguro