Dinâmicas sociais e suas influências nos relacionamentos afetivos

PREÂMBULO

O presente artigo (passível de atualizações periódicas) tem por objetivo propiciar uma reflexão aos leitores, auxiliados por um ecoar de vozes de pensadores, com a preciosa liberdade de pensamento e expressão acerca de temas que se entrelaçam, conforme se lerá adiante. Há intertextualidades com determinados textos de minha autoria, que compõem o acervo deste meu perfil no Recanto das Letras, os quais, após respectivas leituras, serão de grande valia para complementação de conteúdos expostos ao leitor e na ampliação de horizontes filosofantes. Entretanto, embora neste artigo eu tenha efetuado a composição de um mosaico de argumentos oriundos de pessoas diversificadas, fundidos às minhas próprias concepções, em um futuro pretendo trazer à existência, com formatação definida, sob as bases mais científicas e acadêmicas da Antropologia Estrutural e da Psicologia Cultural-Histórica - amparado por teóricos como Jakobson, Vygotsky, Luria, Lévi-Strauss, Saussure, Jung, Piaget -, um livro ou tese acadêmica que aprofunde pormenorizadamente essa temática e suas seríssimas implicações, embora humildemente eu entenda que a empreitada é imensa para "um só cérebro"... Há pelo menos uma década anseio descortinar tal assunto, por demais preponderante para os desdobramentos existenciais individualizados e coletivos.

Portanto, recomendo:

- Entorpecentes bombas atômicas – sobre o advento das drogas e deterioração social;

- Esposa-meretriz – sobre índoles femininas que acarretam o declínio da instituição matrimonial-familiar;

- A Mulher Virtuosa e a Receita de Mulher - antônimo da concepção de "esposa-meretriz", em relação ao teor teológico;

- Rochas usadas – visão poético-simbólica sobre índoles femininas, suas trajetórias e destinos afetivos;

- Atração misteriosa – sobre a potencialização da liberalidade afetivo-sexual em contextos intimistas da sociedade contemporânea;

- Investimento Alimentar – sobre problemas de saúde pública pela excessiva alimentação industrializada;

- Ciclismo: mobilidade e sustentabilidade – sobre o caos dos sistemas de mobilidade urbana;

- Refluxo migratório – sobre as mazelas da acelerada e desordenada urbanização.

CONTEXTOS

A despeito de fatores modernizadores da sociedade atual, nos âmbitos nacional e internacional, não observo nem extraio das fontes de conhecimentos disponíveis, e são inúmeras, os subsídios que agregados sejam persuasivos suficientemente no sentido de demonstrar uma evolução basilar de indivíduos e sociedades nas questões familiares, no paradigma social da junção afetividade/sexualidade, se desdobrando em relações de poder, finanças, autoestima e conduta.

A partir dos anos de 1960, no Brasil, o povo metamorfoseou-se influenciado por adventos oriundos de equivalentes sociais de cá e de lá do Oceano Atlântico. As vestimentas mudaram drasticamente, especialmente as femininas, destaques para os modelos destinados ao uso nas praias... Mesmo em ambientes de trabalho, as roupas passaram a ser menos recatadas. Com o advento da pílula anticoncepcional (ambígua em sua aplicabilidade), conciliada às novas possibilidades sexuais ensejadas pelas mudanças sociais, derrubaram inúmeras barreiras morais que moderavam os ímpetos lascivos inerentes da natureza de mulheres e homens, fator preponderante impulsionador da revolução sexual adolescente. No evento sessentista "Woodstock", até apregoou-se ao público alguns bons valores, mas entremeados com doutrinas estritamente mundanas e decadentes configurando "Paz e Amor com Sexo, Drogas e Rock n´ Roll", cujos jovens da época se entregavam à liberalidade/libertinagem embrionária dos comportamentos típicos de tantos jovens contemporâneos. Seja na política, nas artes, nas vestimentas, nos comportamentos ou nos moldes familiares, considero essa década como um marco singular, visto terem sido evidenciadas rupturas e transições pouco sutis em relação à década antecedente. Como exemplo brasileiro retumbante, a cidade de São Paulo na década de 1950 tinha pouquíssimos casos de uso de drogas, um ou outro "maconheiro" surgia, e era mal-visto. A criminalidade (especialmente a forma como ela se manifesta) era uma pálida impressão do que hoje lá se vivencia, nem mesmo outros indicadores, como a vida noturna, se assemelhavam aos contemporâneos.

Percebo que o tempo histórico acompanha o ritmo alucinado de aceleração do mundo atual, reflexo da herança da Revolução Industrial. Ao lermos enciclopédias e livros de história, percebemos que em eras remotas os eventos marcantes e de relevo ocorriam a cada milênio, depois em séculos, mais recentemente na cronologia humana os fatos preponderantes surgem mais intensamente em décadas e, de alguns anos para cá, a cada novo ano, tudo flui muito rapidamente, os adventos sociais se encurtaram e se aproximaram. A velocidade histórica, a qual retrato agora em linguagem matemática, bem oportuna e significativa, com parentesco com a astronomia em situações de caos em estrelas que entram em declínio, metaforizando o contexto do planeta, se expressa em uma progressão aritmética que teve sua marcha descompassadamente mudada para progressão geométrica, visto a aceleração progressiva ser o mote dos tempos modernos (inclusive recomendo a apreciação do magnífico filme Tempos Modernos do genial Charlie Chaplin). Com isso, detecto a aceleração para crescimento das economias desde a Revolução Industrial, aceleração para otimizar tarefas profissionais e do lar, aceleração para avanço e sucateamento das tecnologias, aceleração para viver vários relacionamentos precocemente, aceleração da infância para a juventude, aceleração para comer e alongar a jornada, enfim, aceleração para tantas coisas...

FATORES DESENCADEADORES DO CAOS, SEGUNDO CATEDRÁTICOS

Em seu artigo, de 2008, "As raízes do Caos", Gilson Bifano expressa sabiamente: "Sociólogos, psicólogos, especialistas em segurança pública e educadores se debruçam sobre o problema e tentam descobrir as raízes de tantas desgraças sociais que nos afligem. Em 1947, o sociólogo e historiador Carle Zimmerman publicou nos EUA um livro que já apontava a verdadeira raiz do problema: a desintegração da família. Zimmerman no seu livro 'Família e Civilização', depois de estudar várias civilizações e culturas que tiveram seus tempos de glória, mas que com o passar dos anos, experimentaram um declínio acentuado, levando até mesmo ao completo desaparecimento, descobriu alguns pontos comuns nessas civilizações. Zimmerman listou os seguintes pontos que se faziam presentes:

- O casamento tinha se tornado uma instituição sem valor e o divórcio era visto com bons olhos.

- Havia um crescente desrespeito à autoridade dos pais.

- Aumento acentuado da delinquência, da prosmicuidade e da rebelião juvenil.

- A família tradicional tinha perdido completamente o seu valor.

- Aumento dos casos e aceitação do adultério.

- Cerimônias importantes, como a do casamento, também tinham perdido o seu valor e não era mais desejada."

Já Véronique Hertrich e Thérèse Locoh, do Institut National d’Études Démografiques (INED), afirmam que "o casamento nunca é um 'pacto sexual' puro e simples, mas inclui dimensões mais amplas da realidade social, notadamente econômicas e religiosas. Ele é um 'fato social total'. E também um componente essencial da integração do indivíduo no grupo.

Há TEMPO PARA TODAS AS COISAS

Epígrafe "Eclesiastes 3 - Há tempo para todas as coisas, um tempo determinado por Deus."

Segundo o "Relatório global sobre o espírito da infância", elaborado pela Ipsos Public Affairs em nome da OREO, o qual pode ser acessado pela matéria, de 01/02/2012, na página da agência Reuters, crianças e pais precisam de mais tempo para "serem crianças", cuja influência dos meios eletrônicos tem sido cada vez mais desvirtuante. (...) "o espírito da infância, ou seja, a oportunidade para crianças e adultos usufruírem de momentos simples e alegres, pode estar destinado a entrar para a lista de espécies ameaçadas de extinção. O relatório revela que a grande maioria dos pais pesquisados acreditam que as crianças de hoje estão crescendo mais depressa do que as crianças das gerações anteriores. Na verdade, sete entre dez pais de todo o mundo dizem que seus filhos deviam ter mais tempo para 'simplesmente serem crianças'. (...) "Num mundo 4G de rápido movimento, a tecnologia e a mídia social têm um impacto cada vez mais dramático sobre a dinâmica da vida familiar." (...) "Para as crianças de hoje, que cresceram com a tecnologia, sua presença influencia a forma como dedicam tempo aos seus pais e às suas famílias."

Sábios têm sido os italianos das "cidades do bem viver", muitas delas abarcadas pela região da Toscana, cuja mentalidade e estilo de vida são regidos, basicamente, por 55 metas e o resultado disso é uma resplandecente e exemplar qualidade de vida. Atrela-se a isso o crescente movimento de âmbito europeu, o "Slow Food" (promovido pela associação internacional de mesmo nome e fundada por Carlo Petrini em 1986), o qual preza pela filosofia do alimentar-se de forma harmônica ao estilo do bem viver.

Citado o filme emblemático "Tempos Modernos", enfatizo que as artes são retratos fidedignos e afinados aos respectivos contextos históricos, seja por meio da literatura, do cinema, das pinturas, músicas et cetera. Grandes autores, sejam eles geniais/excêntricos/notáveis/obscuros, todos tiveram visões acerca dos seus contextos sociais próximos, e além do que lhes orbitava. Vide os dissecantes relatos dos notáveis escritores nacionais Machado de Assis e José de Alencar sobre as figuras femininas de época, mas especialmente, retroagindo ainda mais na temporalidade, rememore-se principalmente as mulheres descritas nas obras líricas de Luís Vaz de Camões. Como seriam os pontos de vista desses escritores se os tais vivessem na contemporaneidade?

Consultando esses meios de expressividade pela arte, livros de história, mídias e relatos de testemunhas vivas da história recente, que viveram em alguns períodos que fazem parte da abordagem deste texto, formulei os postulados trazidos à baila.

INTERTEXTUALIDADES

Sobre os artigos "Esposa-meretriz" e “Atração Misteriosa”, discorro sobre premissas típicas da natureza humana, porém, no contexto contemporâneo, ficaram intensamente latentes, são exacerbadamente estimuladas e encontram acolhida nas regras sociais transmutadas. As raízes da angústia afetiva/sexual flerta com a frustração, ceticismo, desilusão e abalo do pilar que denomino “psicossocioafetivo”. O que transcorre na esfera social é a somatória inexorável de individualidades influenciáveis e influentes por uma pedagogia em efeito de rede. Aliás, as redes sociais virtuais, tão em voga atualmente, são fenômenos modeladores de comportamentos com poderoso alcance, ação viciante, indutora de gatilhos do subconsciente e efeitos paradoxais, mas predominantemente danosos...

A EDUCAÇÃO, AS ARTES E A VIDA

É notório que as manifestações artísticas são expressões e relatos sociais de época, cito como exemplos obras literárias de importância histórica, algumas dentre as mais célebres de todos os tempos: A Divina Comédia (Dante Alighieri); Guerra e Paz (Liev Tolstói); Em busca do tempo perdido (Marcel Proust); Mensagem (Fernando Pessoa); O Primo Basílio (Eça de Queirós); Madame Bovary (Gustave Flaubert); Dom Casmurro (Machado de Assis). Pautado nisso, começo a puxar o “fio do novelo”, comparando os frutos sociais de três contextos históricos distintos:

- início do século XX, década de 1910;

- anos rebeldes, década de 1960;

- “anos decadentes”, dias atuais.

Sob a luz da literatura e da linguagem, na época do saudoso Machado de Assis, abrangendo parte do século 19, as formas de comunicação das pessoas leitoras eram bem retratadas pelas obras literárias, cuja expressão coloquial do público e dos cidadãos em geral era bem mais cortês, balizada e pautada por boas maneiras e respeitabilidade, inclusive em relação à correção do emprego idiomático, mesmo por parte dos indivíduos pouco letrados e de nível cultural limitado, pois se tratava da identidade social. Naquele tempo o cavalheirismo verbal e comportamental fluía espontâneo, com equivalência a compostura das mulheres encontrava melhor sintonia. Mesmo no âmbito das escritas corporativas a tônica era o alto nível do emprego lexical. Era até banal as pessoas fazerem leituras de quilate e bem empregarem o léxico assimilado, num efeito de ação e reação.

Nos anos de 1960, houve uma transição em meio aos fenômenos sociais marcantes refletindo no campo da linguagem; a liberalidade e informalidade começaram a prevalecer dando cabo nos paradigmas estabelecidos de outrora. Atualmente noto, aqui no Brasil, escopo da presente abordagem, com o surgimento e a modernização dos meios de comunicação de massa, deu-se margem a fenômenos linguísticos peculiares em virtude do espectro de instrumentos de interação, algo sem precedentes na história do país, acarretando marcas profundas nos modos de expressão, tratamento e relacionamento entre as pessoas. Ironicamente, cidadãos que sequer dominam minimamente o idioma pátrio aspiram assimilar o Inglês e/ou o Espanhol... além disso, apesar da evidente limitação cultural e restrita escolaridade, são assíduos e "experts" em redação nas redes sociais (Facebook, Orkut etc.), por meio de comunicadores instantâneos, por exemplo o MSN, além das mensagens SMS via celulares, tudo com linguajar tantas vezes sofrível, codificado, de vocabulário pobre, repleto de gírias, desvirtuado da base gramatical e com informalidade tal que costuma vir atrelada à vulgaridade, desembocando esses afluentes idiomáticos num rio de leituras pouco edificantes, na forma e no conteúdo, destituídas de referenciais de boa linguagem. Como há um processo pedagógico subconsciente embutido, os interlocutores depreendem um com o outro como degradar a linguagem, por meio da identificação de grupo e repetição.

Segundo estudos do psicólogo bielo-russo Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934) sobre como se dá o aprendizado, compreende-se o homem como um ser que se molda em contato com a sociedade. "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem". A instituição escolar, em essência, cuja peça-chave é o professor, tem papel imprescindível no desenvolvimento psíquico das crianças (futuras cidadãs), mediante um eixo desenvolvimento-aprendizado. A interação do indivíduo com o ambiente é determinante na sua formação, estendendo-se além das funções psicológicas elementares (os reflexos), ou seja, propiciando as funções complexas, dentre as quais destacam-se a consciência e o discernimento. Vygotsky definiu o conceito da "mediação", teorizando sobre o fato de o indivíduo relacionar-se com o mundo por meio de instrumentos técnicos, por exemplo, as ferramentas agrícolas que transformam a natureza, e na era da informática, os equipamentos tecnológicos interferem sensivelmente nas dinâmicas das relações sociais, além desses, a linguagem, principalmente, tem função mediadora, sendo abarcada pelo patrimônio cultural do povo no qual o sujeito está inserido.

A professora Maria Célia Lima-Hernandes, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da USP, detectou evidências de mudanças linguísticas na idade adulta em várias línguas do mundo, hipótese de que contatos sociais mais prolongados desencadeariam mudanças na gramática da língua falada por adultos independentemente da idade, do sexo ou do grau de escolaridade. Mas, o dano anteriormente retratado não se restringe à linguagem, vai muito além, abrange a esfera interpessoal, especialmente no tocante aos relacionamentos socioafetivos. Os instrumentos tecnológicos em si não são um problema, pelo contrário, mas noto a predominância do mau uso, de forma gritante em relação à linguagem. Pensadores se debruçam sobre influências da informática, da TV (especialmente novelas, Big Brother Brasil) e mídias impressas, todos convergindo para a conclusão de que ocorre um paradoxo, com dominância dos malefícios das mídias sobre a população.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA, O ADVENTO DA INTERNET E DAS REDES SOCIAIS - MALEFÍCIOS

Com a massificação da internet, as redes sociais se sucedem e geram seus típicos desdobramentos. Foram divulgados estudos que revelam o Facebook como motivo de um em cada três divórcios na Inglaterra, segundo o "Divorce-online", e a proporção costuma se repetir, por aproximação, em outros países focos das pesquisas de institutos como o American Academy of Matrimonial Lawyers, portanto, se alguém está predisposto a trair, certamente esse meio eletrônico será um instrumento preponderante ao que está latente, não por acaso o Facebook já é "carinhosamente" denominado "Portal da Infidelidade"... Algo preocupante sucede. Mas, piores são os sites específicos para o público que busca um relacionamento paralelo: Second Love, Ohhtel e Ashley Madson, este último com aplicativo para celulares e que apregoa o slogan “A vida é curta. Curta um caso”, coincidentemente, o verbo "curtir" também está em evidência no Facebook).

Sob a ótica do autor Nessahan Alita, que aborda em seu e-book - Como Lidar com Mulheres: Apontamentos sobre o perfil comportamental feminino nas relações com o homem (www.visionvox.com.br/biblioteca/n/Nessahan-Alita-Como-Lidar-com-Mulheres-livroverdadeiro.pdf) - a questão da fantasia feminina pelo adultério, pois elas costumam dominar melhor a libido do que os homens, assim, transcrevo um trecho onde ele tece seus argumentos em um tom dosado de humor um tanto cáustico e polêmico: "É bom lembrar que o adultério satisfaz a fantasia feminina. Os maridos, em nossa sociedade atual, possuem três finalidades: 1) proporcionar segurança; 2) ser exibido para a sociedade, principalmente para as fêmeas rivais, como prova de que não se está "encalhada"; 3) levar chifres. Vamos tratar desta ultima função.

O casamento é uma grande armadilha para o homem. Após ser atraído, fisgado e preso, o esposo serve a alguns desejos do inconsciente feminino, dos quais o principal é a fantasia de ser cortesã, prostituta. Convém observar que as explosões de paixão e libido nunca se dão dentro do casamento mas sempre fora. E uma das razões para tanto é que a esposa precisa sentir-se uma princesa raptada por um vilão ou um dragão.

O amante, então, encarna o arquétipo do príncipe encantado, do cavaleiro que a resgata da dor, do sofrimento e da prisão. Obviamente, após a princesa se casar com o príncipe, este se converte em marido e, portanto, em novo vilão e o ciclo se repete. Eis a razão pela qual o amante, quando se casa com a adúltera, tem grandes chances de ser posteriormente traído por esta.

Uma vez casado, os papéis se modificam e a fantasia feminina já não pode mais ser satisfeita sem uma nova paixão extraconjugal."

Sobre essa possibilidade, cito Flavio Gikovate, sobre como "separar o joio do trigo", visto existirem peculiaridades entre os sexos e nas formas física e sentimental dos envolvimentos extraconjugais, portanto, ele argumenta: “Eu acho que a traição pode, sim, trazer algum benefício para uma relação porque ela abre a possibilidade de diálogo. E um casamento que chegou ao ponto de haver uma traição claramente estava sendo negligenciado nesse aspecto de troca entre os cônjuges. De repente pode até melhorar a vida sexual daquele casal, que poderia estar morta – isso é comum, por exemplo, depois que se tem filhos. Quanto a perdoar, recuperar a confiança, essa sem dúvida é a parte mais difícil e é por isso que nessa hora os casais buscam a ajuda de profissionais, fazem terapia. Porque a recuperação da confiança depende também muito da autocrítica daquele que foi traído, de ele assumir sua parcela de responsabilidade. Nenhum indivíduo fica infeliz num casamento sozinho, isso é impossível. Então um (senão os dois lados) estavam negligenciando a relação. Se esse for o problema e a traição tiver sido sexual, eu acredito, sim, que pode ser superada. Já a traição sentimental, no meu ponto de vista, é muito mais difícil de ser superada. A questão deixou de ser apenas física. Passou a envolver uma terceira pessoa. E, nesses casos, mesmo que o sujeito se separe para ficar com a amante por quem havia se apaixonado, pela minha experiência em 35 anos de consultório posso afirmar: dificilmente essa segunda relação dá certo.”

TEMPOS QUE, PROVAVELMENTE, NÃO VOLTAM MAIS...

Historicamente, as manifestações artísticas de época promovem registros contundentes das transformações sociais, o cinema é pródigo nisso, artistas e personagens podem ser largamente comparados nas linguagens, vestimentas, valores, composturas. Até a década de 1950, as revistas em bancas de jornal não expunham erotização como atualmente, nem pela TV isso ocorria... crianças e adolescentes podiam passar perto de bancas sem serem confrontadas com exposição precoce à nudez, que hoje se escancara e induz à sexualidade desregrada cada vez mais cedo e sem classe... O que antes chocava, atualmente é até incentivado, ainda que de modo subliminar.

Faço a relevante citação de uma palestra "Namoro: Ontem, Hoje, Amanhã" de Flavio Gikovate, proveniente do programa Café Filosófico, a respeito da temática em questão, e que em muito contribui para uma aprofundada reflexão: www.cpflcultura.com.br/?aovivo=namoro-ontem-hoje-amanha-flavio-gikovate

Os eventos noturnos tradicionais na década de 1950 eram os bailes com bandas orquestradas, ambientes de pisos de tacos encerados e parafinados, com presença de famílias, com consumo alcoólico moderado, as moças e senhoras se adornavam, maquiavam-se e vestiam-se como damas distintas, os procedimentos nesses ambientes eram coerentes, os rapazes normalmente empenhavam-se para cavalheirescamente, no máximo, segurarem as mãos das moças... aquele que conquistasse o privilégio de beijar alguma moça podia se considerar um herói... Hoje existem os beijos em lote, as moças são repassadas por vários nas baladas, e o pior é que elas gostam disso!

Além dos beijos destituídos de classe e afeto legítimo, as mãos encaminham os corpos para um rumo nebuloso, hedonista, para além do local das abordagens, terminando (este verbo é significativo) literalmente em motéis, carros ou num escurinho qualquer.

Antigamente não se permitiam “ousadias” em cinemas, hoje jovens saem embalados de certos cinemas e já usam estacionamentos dos respectivos shoppings como motéis. Os modos dos idos anos 50 eram pautados por padrões familiares mais decentes e conservadores, apesar de alguns excessos... O respeito de filhos para com os pais, avós etc. era contrastante com o que se vê hoje em dia. Bastavam olhares dos pais para que os filhos se comportassem... mesmo que ocorresse rigor (por vezes excessivo) dos pais, pelo menos não havia a funesta inversão de valores, cujos filhos na contemporaneidade muitas vezes exercem autoridade sobre os pais, desrespeitando-os sobremaneira, até mesmo com violência física. Em décadas mais remotas os procedimentos de jovens e crianças eram tão ou mais dignos em relação aos seus tutores. Em ambientes escolares a autoridade e a aura de respeitabilidade dos professores (recapitulando os postulados de Vygotsky, anteriormente mencionados) se equiparavam às dos pais e autoridades eclesiásticas, mas atualmente quem exerce o magistério está sujeito às agressões físicas e morais da juventude discente em sua parcela decaída, inconsequente, debochada e indecente, salvo boas exceções. Todavia, há de se ponderar a respeito da crescente incapacidade e despreparo de parte do contingente docente, tanto no sentido do ensino curricular, bem como no aspecto humanístico e de formação da cidadania de seus tutoreados. A missão do magistério, acima de tudo, requer um dom, uma aptidão natural, um carisma que diferencia aqueles professores que repercutem positivamente na alma dos alunos por toda a vida. O pastor Samuel Malafaia, em seu artigo "Geração Nem-nem. Como ajudar nossos pobres jovens?" manifesta: "É imprescindível estabelecermos uma política pública específica para a juventude brasileira. Se o país não cuida de seus jovens, a situação se agrava, trazendo consequências sérias, tornando a nação cada vez mais desigual. Não adianta o Brasil ter crescimento econômico sem o crescimento social. E investir no social está fortemente ligado a investir em educação.

“O maior patrimônio de uma empresa são seus empregados”, era outra frase de antigamente. E, sem dúvida, o maior patrimônio, a maior riqueza da nação é o seu povo, que deve ter os direitos fundamentais respeitados: saúde, moradia, educação, emprego." (...)

EXTERIORIZAÇÕES E LINGUAGENS DAS VESTIMENTAS

No tocante às vestimentas, dentro e fora do paradigma estudantil, determinadas meninas/adolescentes que aspiram comportar-se como adultas vestem-se como prostitutas (popularmente denominadas "piriguetes"), que colocadas lado a lado, visualmente já é difícil distingui-las, em função de roupas incompatíveis, maquiagens carregadas, adereços mais ao estilo carnavalesco e promiscuidades corporais absurdas em se tratando de futuras mães e esteios morais das gerações vindouras... Para a Dra. Luciana Parisotto (psiquiatra e sexóloga), o estímulo visual é de extrema importância para iniciar e manter o desejo sexual masculino, corroborando com o argumento dela, vide vídeo "Modéstia? Por que?" do palestrante Jason Evert, facilmente localizável pelo Google - www.youtube.com/watch?v=s2k2BZJvyfY - no qual se expressa "Uma cultura de mulheres imodestas necessariamente será uma cultura de homens sem compromisso", inclusive há textos referentes a Jason Evert, sobre o mesmo tema 'modéstia/vestimentas', não no sentido financeiro, mas sobre compostura ao expressar exteriormente o que se passa interiormente por meio das roupas. Cito, ainda, o trecho do artigo "A modéstia e a elegância" de Andrea Patrícia, sobre similar temática, como se segue: "...Vemos então que existe um abuso da palavra 'elegância' por parte de muitos, especialmente por certas pessoas do mundo da moda e das celebridades quando consideram como 'elegante' aquilo que não passa de vulgaridade. Como pode ser elegante uma mulher que deixa entrever seus seios, seja através de um decote, seja através de uma transparência ou da mostra de seu sutiã? Com pode ser elegante, distinto, uma pessoa expor suas coxas, seja devido a uma roupa curta, seja devido a uma roupa que delineie completamente suas formas? Quando as roupas cobrem apenas um pedaço das partes íntimas – um decote que deixa ver parte dos seios, por exemplo – tornam-se um convite para ver mais. A mente humana, notadamente a masculina, ao ver um pedaço logo busca adivinhar o resto e isso acontece contra a vontade dele; é puramente fisiológico, biológico, é fruto da natureza decaída. Então ao usar uma roupa que insinua as partes sexuais, seja na transparência, seja nos pedacinhos que ficam expostos, a pessoa está agindo de forma até mesmo pior do que se estivesse nua, pois atrai a atenção para que se adivinhe o resto. A mulher que faz isso queira ou não queira, coloca-se numa atitude provocativa, pois o gesto de mostrar pedaços de partes sexuais é um convite ao sexo. Tal mulher torna-se objeto sexual mesmo contra vontade dela..."

Sob o aspecto sociológico das vestimentas femininas desprovidas de recato, contextualizadas no período pós Revolução Industrial, e que ecoa na contemporaneidade, entende-se que herdou-se o anseio da busca hedonista por "prestígio", por uma certa "elevação" (paradoxal) social, em vias fáceis e imediatas, ainda que por um meio desprestigiável, ou seja, expondo vulgarmente o corpo, tornando-o um objeto para barganhas, ou externando com ele, pela linguagem implícita das vestimentas, os anseios das "cortesãs" de outrora. Para corroborar com essa linha de pensamento, leia-se o que é expresso por Rainer Sousa: "No século XIX, vemos a expansão da Revolução Industrial acontecendo em outras partes do mundo e principalmente no Velho Continente. Em pouco tempo, vemos a formação de grandes centros urbanos onde os trabalhadores ocupavam postos de trabalho diversos e experimentavam um tipo de rotina nunca antes vista em toda a História. A partir de então, as atividades de entretenimento acabavam abocanhando uma boa parte da renda dos trabalhadores e grandes empresários da época.

Mais do que simples serviçais do sexo, vemos que as prostitutas desse tempo gastavam recursos e tempo para a produção de um visual capaz de atrair os clientes mais interessantes. Em muitas situações, uma prostituta se transformava em amante de um grande magnata e, por tal situação, era presenteada com objetos de luxo e atraía os olhares de outras mulheres que sabiam de seus amantes. Da mesma forma, os cabarés se diferenciavam pela estrutura e opções oferecidas aos seus frequentadores.

Os meretrícios mais prestigiados tinham a fama de organizarem grandes espetáculos com a exploração dos dons artísticos de muitas de suas prostitutas. Ao longo do tempo, esse tipo de proximidade entre a prostituição e a arte acabou estigmatizando a carreira artística de várias mulheres que nada tinham a ver com esse tipo de atividade. Ainda hoje, muitas pessoas se questionam sobre a moral dos artistas de seu tempo e voltam sua atenção para aqueles que transgridem regras sociais.

Nos meios de menor glamour vemos que muitas mulheres optaram pela prostituição em uma época em que a condição dos trabalhadores fabris era lastimável. Sem a proteção de uma legislação específica, as mulheres ganhavam menos pelo serviço que desempenhavam nas fábricas e, muitas vezes, eram assediadas durante o seu trabalho. Quando despedidas de seu cargo, tinham na prostituição uma opção para quem já não se encontrava tradicionalmente reclusa no privado ambiente doméstico.

Interessante notar que o visual das prostitutas era geralmente associado ao uso de peças de roupas espalhafatosas ou o uso demasiado de maquiagem. O exagero se transformava em um código que poderia ser oferecido aos homens que procuravam esse tipo de atrativo. Em contrapartida, não sendo ainda um acessório de valorização do próprio corpo, as roupas íntimas eram reduzidas ao máximo para o agrado dos clientes interessados.

Ao perceber essas características da prostituição no século XIX, vemos o desenvolvimento de contradições que marcam tal período. Por um lado, a moral burguesa impunha um rígido controle sobre os espaços e papéis das mulheres na sociedade. Por outro, a riqueza e a desigualdade promovidas por essa mesma sociedade estabeleciam o crescimento dessa atrativa e desprezada atividade."

CELEBRAÇÕES DUVIDOSAS

Sobre determinadas baladas, festinhas promovidas por adolescentes, boates, festas rave e similares, as tais trazem à tona as evasões de dignidades típicas das cidades bíblicas de Sodoma e Gomorra, principalmente em períodos de Carnaval. Porém, décadas atrás, as marchinhas, os bailes e matinês ainda cultivavam um certo ar de pureza moral, que se imagina utópica nos dias atuais.

Vejo como procurar agulhas em palheiros, a busca por um relacionamento afetivo digno atualmente, garimpar uma pessoa parceira amorosa é uma tarefa árdua, inglória e deveras decepcionante, para quem acalenta dentro de si os parâmetros e virtudes que deseja encontrar espelhadas na pessoa pretendida. Contudo, é do dito popular "antes só do que mal acompanhado". A infidelidade, promiscuidade, a vulgaridade e carência de virtudes fundamentais chegaram a aviltamento tal que levam tantos à reclusão amorosa, uma clausura afetiva melancólica e depressiva.

A desilusão rigorosa deste autor (pseudônimo/heterônimo) é reflexo do desencanto de tantas outras pessoas, chegando a crer que não serão guerras, cataclismos e hecatombes da natureza, ou caos econômico a prevalecer como razão maior da queda humana, com enfoque apocalíptico, mas a decadência moral generalizada em todas as faixas etárias, pela inversão de valores.

Menciono o papel de profetas de relevo histórico, que em suas respectivas épocas anunciavam o que de bom e/ou de nefasto viria a suceder em decorrência do estado em que se encontrava a sociedade.

"Deus, através do profeta Jeremias, também falou contra a injustiça e a corrupção:

22.3.Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o espoliado da mão do opressor; e não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar. 22.13. Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário do seu trabalho. 14 Que diz: Edificarei para mim uma casa espaçosa, e aposentos largos;

O mundo de Jeremias não era muito diferente do nosso. Hoje em dia, vemos violência, morte, opressão e injustiça em todas as classes sociais, do palácio à palafita, do templo à tapera, até mesmo em algumas autoridades civis e religiosas que deveriam zelar pelo povo e promover os ideais democráticos. Assim como em nossos dias, a sociedade judaica da época do profeta Jeremias tinha perdido a moral e os bons costumes, o certo era o errado e o errado tornou-se o certo. Era uma sociedade cheia de violência, até contra as crianças, soltas pelas ruas, entregues à própria sorte. A juventude daquele tempo se fartava de encontros e reuniões, seriam as 'baladas' de hoje? Tudo isto mostra pais sem controle sobre as famílias; autoridades fracas; sensualidade à flor da pele; enriquecimento a qualquer custo; falsidade e hipocrisia."

Atualmente, inúmeros matrimônios foram incorporados à “cultura do descartável e efêmero”, que aos primeiros sinais de “defeito” são trocados por outros “produtos” novos... ou agregados a outros paralelamente. Mundo afora, nota-se mulheres não souberam exercer moderadamente as liberdades conquistadas pelo Movimento Feminista dos anos de 1960 e da Revolução Sexual jovem, ocorrida na mesma época, o que as levou à perdição da falta de identidade. Querem igualar-se aos homens em tudo, em autoridade, papéis, finanças, comportamentos (bons e até nos ruins) e sexualidade... Melhor se ocorressem nivelamentos por cima...

No livro Felicidade da Mulher, 13.ª edição, o Prof. Masaharu Taniguchi (fundador da Seicho-no-ie) afirma:“Deus não os teria criado homem e mulher se fosse para dar-lhes dons iguais. A igualdade do homem e da mulher consiste em a mulher ter o direito de ser mulher, assim como o homem tem o direito de ser homem, e dessa forma honrarem-se reciprocamente. Portanto, não se deve confundir missão do homem com missão da mulher: “Homem e mulher são iguais, mas são diferentes quanto aos dons, características e peculiaridades” (Felicidade da Mulher, p. 21 a 36).

É inclusive bíblico que cada qual com sua peculiaridade, assim como é um princípio universal, cósmico e predominante na história humana em várias civilizações que o gênero masculino é o “cabeça da família, do corpo social”. Se desvirtuada tal ordem universal, sérios problemas podem surgir dessa desvirtuação, porém, também cabe à mulher boa parcela de responsabilidades, conforme Provérbios 14:1, "Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos".

O Prof. Masaharu, em artigo denominado O significado espiritual do casamento, pondera: “Pode-se dizer que o casamento é o fator de mais influência sobre a felicidade ou infelicidade do homem. Um casamento feliz é como o paraíso surgido na superfície terrestre, mas do contrário será a concretização do próprio inferno. Por que o matrimônio pode desempenhar esses dois papéis extremos?”.

Já o poeta e pensador libanês Gibran Khalil Gibran define o casamento como: “a união de duas partículas divinas para que possa nascer uma terceira. É a união de duas almas num forte amor para a abolição da existência em separado. É a unidade mais alta que funde as unidades separadas dentro de dois espíritos. É o elo de ouro numa corrente que começa num olhar e vai terminar na Eternidade. É a chuva pura que cai de um céu imaculado para frutificar e abençoar os campos da divina Natureza.” Não só homens anseiam por constituírem um lar feliz, as mulheres ainda sonham e anseiam constituir descendência, ter um só esposo, lar, serem fiéis, zelosas da prole e guardiãs da dignidade e integridade familiar, mas os adultérios se tornaram “pandemias”, a tecnologia e a falta de alicerce as deixam desnorteadas com as facilidades para se dissimularem e libertinamente “jogarem a isca e flertarem” por meio da comunicação implícita das roupas, linguajar, avatares em redes sociais, encontros casuais com estranhos ou com companhias em contextos profissionais, estudantis ou de lazer (baladas etc.).

PONTOS DE VISTA DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS

Há profissionais que, por experiências teóricas e constatadas via clientes, chegam a um consenso de que as evidências comportamentais, apesar de mais sutis nas mulheres, são repetitivas e inconscientemente denotam as inclinações e ocorrências de infidelidade em um relacionamento, mas também ocorrem muitos casos de infidelidade múltipla, quando existem dois ou mais casos paralelos simultâneos, seja envolvendo namoros ou matrimônios, o que é deprimente e requer uma reestruturação profunda dos parceiros, para resgatar suas possibilidades de, quem sabe, viver um relacionamento digno e feliz, pois as marcas emocionais internas da infidelidade podem acabar com qualquer chance vindoura. A gama de sinais de adultério, se corretamente captados, atrelados à índole, à formação individual, aos meios os quais frequenta, ao histórico amoroso e ao paradigma socioafetivo, certamente indicarão a solidez de um vínculo amoroso e se ocorrem envolvimentos paralelos.

Cito os escritos de Adriana Felix e Karem Mognom (Universidade Metodista de São Paulo), pelos quais os motivos e sinais da infidelidade são assim denotados:

"Ele passa a maior parte do tempo livre em reuniões com os amigos, dizendo que vai trabalhar até mais tarde. Quando chega a fatura do cartão de crédito, trata de pegá-la rapidinho para esconder gastos com telefonemas do celular ou de restaurantes, motéis e presentes. O celular toca e ele se assusta, ou tenta ficar sozinho para atendê-lo. Atitudes como essas podem representar sinais de infidelidade, de acordo com a psicóloga Olga Tessari, de São Paulo.

Terapeuta de casais, entre outras especialidades, Olga cita outros comportamentos suspeitos: “O (a) parceiro (a) mostra mais interesse em comprar roupas novas, ou há momentos em que se arruma melhor ao sair de casa para fazer coisas banais, como ‘tomar um ar’; a pessoa tem se irritado mais ou fica estressada com facilidade; o apetite sexual mudou: está sempre ocupada ou cansada demais para o parceiro, ou então, de uma hora para outra, quer fazer sexo a todo instante, com medo de que ele perceba que existe outra pessoa”.

Uma pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em outubro de 2007 indicou que 34% dos homens e 8% das mulheres já traíram o parceiro atual. Foram ouvidas 2.093 pessoas em 211 municípios brasileiros. Outro estudo, realizado entre 2002 e 2003 pelo Projeto Sexualidade (Pro-Sex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, revelou números ainda maiores: a infidelidade masculina foi admitida por 50,6% dos entrevistados, e a feminina, por 25,7%.

“No caso dos homens, há uma questão cultural muito grande. Além do mito de que o homem precisa ter mais experiências ou tem mais desejo sexual, ele se sente bem-avaliado pelos amigos ao contar casos extraconjugais. Em relação às mulheres, ocorreu uma mudança: elas estão traindo mais. Muitas vezes, a infidelidade acontece quando a mulher está insatisfeita afetiva e sexualmente. Então, elas buscam experiências com outros parceiros”, diz a psicóloga Arlete Gavranic, coordenadora dos cursos de pós-graduação em educação e terapia sexual do ISEXP (Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática) de São Caetano.

A especialista ressalta que, em muitos casos, a mulher é motivada por um sentimento de vingança. “De acordo com a pesquisa do Hospital das Clínicas, cerca de metade das entrevistadas trai para se vingar da infidelidade do parceiro. Muitas vezes, isso serve para a mulher se auto-afirmar e reconstruir a auto-estima”. Segundo Arlete, no entanto, a educação recebida ainda faz com que grande parte delas se sinta culpada.

“Ambos traem, mas a mulher oculta mais do que o homem porque a sociedade ainda não aceita tão bem a traição feminina quanto a masculina. Ela é quem perdoa mais facilmente, adotando a postura da ‘mãe compreensiva’, depois de muito sofrimento ao fazer-se de vítima. O homem tem mais dificuldade de perdoar porque se sente na obrigação de tomar uma atitude perante a sociedade, não necessariamente a melhor para si mesmo”, explica Olga Tessari.

“Homens e mulheres encaram a infidelidade de forma diferente: eles do ponto de vista da sexualidade, elas, da forma afetiva. Para o brasileiro, que ainda é machista, é muito difícil saber que sua mulher fez sexo com outro homem que não ele. Em geral, eles partem para a separação, embora existam até os que aceitem melhor. Mas, normalmente, os homens fazem o possível para fingir que não sabem. Caso contrário, terão que tomar uma atitude perante a sociedade”, opina Olga.

Para Arlete Gavranic, as principais consequências da traição são a quebra do vínculo de confiança entre o casal e a desestruturação na referência de vida, especialmente quando a relação tem vários anos. “Mexe com a auto-estima, principalmente das mulheres. Ela vai pensar coisas do tipo: ‘é porque estou feia, porque envelheci ou engordei?’. As comparações com o que o outro foi buscar fora do relacionamento são inevitáveis”, afirma a especialista.“Vamos encontrar mulheres jovens, bonitas e ótimas profissionais que, ao sofrerem uma traição, esquecem de quem são. As mulheres ainda são educadas dentro do mito do amor romântico. Muitas só dão significado a suas vidas quando encontram uma pessoa. Ao serem traídas, perdem a própria referência. Essas pessoas precisam de ajuda terapêutica para reaprenderem a olhar para si mesmas e a se enxergarem como mulheres”, recomenda Arlete.

OBSERVAÇÕES DE AUTOR

Este autor, levando em consideração a gama de fatores abordados pelas profissionais especializadas em relacionamentos de casais, compreende que indivíduo do sexo masculino é psicologicamente e fisicamente tão estimulável visualmente, cujo canal sensorial é o mais receptivo e intenso para ativar a libido, e o tal é bombardeado cotidianamente a cada esquina, site, ambiente ou programa de TV, com isso, os homens ficam expostos e mais vulneráveis aos desvios dos rompantes viris em busca de saciedade... O recato e o resguardo moral das mulheres de outrora (que ajudavam a moderar os ímpetos masculinos) se perderam largamente no tempo, os escassos homens cavalheiros e fiéis, hoje antiquados (mas curiosamente cobiçados e disputados), encontram terreno de sedução pobre, com interações e modos que tornam enfadonhas as conquistas e desesperador o cultivo de um envolvimento emocional duradouro, porém, o mais virtuoso que se puder, pois do contrário, que mérito há?

A tendência é que os casamentos e namoros não durem, e muito menos se faltarem burilamento dos modos e da qualidade afetiva. A infidelidade mútua é aceita e incentivada como remédio aos relacionamentos “defeituosos” ou em ruínas (há um mórbido prazer implícito na infidelidade em relações que se arrastam), pois convencionou-se que trair o parceiro ajuda na autoestima, incentiva a libido e a vivacidade, já o vínculo matrimonial cristão está em xeque pela "poligamia extraoficial", pois uma pessoa casada pode ter dois ou mais "cônjuges paralelos" (no dito popular, quem a dois ama, ambos engana). Os impulsos provêm de experimentos das vivências sexuais modernas, consideradas compensatórias de recalques ou desesperadas buscas por preencher vazios existenciais a dois, o que tem levado às portas do abismo moral homens e mulheres, tudo dentro da normalidade e do “politicamente correto” do que é praticado socialmente mundo afora. A descrença é crescente, o valor e o enfoque que se dá ao relacionamento amoroso puro é, por vezes, similar àquele dado ao mecanismo consumista do capitalismo, até em função da independência financeira e o individualismo de tantos cidadãos. Comprar para tornar-se alguém prestigiado e inserido no grupo social; "adquirir" relacionamentos para se sentir aceito e com "elevada autoestima". O que lhes falar mais alto ao coração, isso os guiará prioritariamente. O fator financeiro continua sendo preponderante para várias mulheres ao dissecar um pretendente, mas esse interesse no atual contexto se converteu em fonte de alienação, vínculos frágeis e mais suscetíveis a um rompimento repentino. A Lei do Divórcio (ambígua como a pílula anticoncepcional) vem reforçar o caráter transitório dos matrimônios, diminuindo a importância das ponderações pré-matrimônio.

Uma reflexão: segundo Masaharu Taniguchi, "Se você quer ser feliz, não case, mas se você quiser fazer o outro feliz, case."

A QUESTÃO DOS DIVÓRCIOS E SEUS REFLEXOS

A respeito do divórcio, o Pastor Silas Malafaia assim o observa: "O ideal de Deus é, segundo a orientação de Jesus, que o casamento seja indissolúvel (Mc 10.9). Mas há uma larga diferença entre o ideal e o real, e conhecendo a realidade do coração do homem, Deus permite exceções ao seu projeto inicial.

Sua esposa agiu como alguém que se desviou dos caminhos do Senhor, indo por uma direção de traições e mentiras. Será que você, mesmo depois de tê-la perdoado por mais de uma vez, passando por humilhações, não teria direito de separar-se e buscar um novo relacionamento? Acredito que tenha.

Você tem o direito de não admitir a traição conjugal. A infidelidade é a única situação que torna o divórcio legítimo. Neste caso, procede a nova união. Jesus disse:

'Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.' (Mateus – 5.32)

Não havendo infidelidade o divórcio é ilegítimo, pois não põe fim ao vínculo do casamento. Mas ao mesmo não se pode dizer quando o motivo é o adultério.

Na Bíblia, vemos que o ideal de Deus é que não houvesse traição nem separação. Contudo, havendo, e por causa da dureza do coração humano (Mt 19.8), o traído pode perdoar quem o ofendeu, mas tem o direito de optar por separar-se do cônjuge infiel e casar-se de novo com outra pessoa.

O divórcio por causa do adultério seria um basta a essa situação humilhante, pondo fim aos vínculos do casamento. Mas, no simples caso de repúdio ao cônjuge, o divórcio seria ilegítimo."

Já o Pastor Josué Gonçalves - Terapeuta familiar, pastor sênior do Ministério Família Debaixo da Graça - Assembleias de Deus - comenta sobre o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2010. O levantamento revelou que na última década quase que dobrou o número de pessoas divorciadas no Brasil: “A solução para diminuir essa taxa de divórcio e mudar o quadro que está tanto fora como dentro dos portões da igreja, é continuarmos fazendo todo investimento possível na estruturação e fortalecimento da família (Salmo 127), a orientação dos nossos filhos (Deuteronômio 6) e um trabalho preventivo com os jovens que estão para se casar.”, e arremata, “O papel da igreja com os seus conselheiros é fundamental para que os casamentos sejam fortalecidos e os doentes sejam curados. Não existe outra saída que exclua a igreja da sua responsabilidade como portadora da mensagem transformadora do Evangelho”.

Sobre essa temática, o apóstolo Paulo assim proclamou:

“As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo. Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja. Não obstante, vós, cada um de vós em particular também ame a própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao marido”.

SIMBOLOGIAS

Epígrafe "Eclesiastes 1 - A vaidade de todas as coisas terrestres"

Historicamente a humanidade é seduzida pelo poder, sua implicação e simbologia. A cada década transcorrida na contemporaneidade se vê a entrega de corpos libidinosamente como busca de poder, há o culto ao corpo e ao financeiro, seja para encobrir fraquezas de personalidade e carência de virtudes, seja para ascenção social, seja por fetiche pela hierarquia ou por compensação a um vínculo afetivo falido. Os ciúmes encontram terrenos fecundos e patológicos, são inúmeros os meios tecnológicos de sondagem e contrassondagam nos relacionamentos amorosos, é possível se valer de instrumentos sorrateiros de rastreio e assim as alucinações das suspeitas alimentam ainda mais as traições. É fato que quem é infiel costuma sofrer de baixa autoestima, ciúme desmedido pelo desejo de controlar o par, e se traída, a pessoa acaba inclinando-se para buscar relações múltiplas nos diversos ambientes que frequenta, ou reaviva casos antigos. Há muitas pessoas que têm optado deliberadamente por terem, ao longo da vida, amantes sucessivamente e/ou concomitantemente; por pouco ou longo tempo; mas isso causa vazios e é um enganar-se a si mesmas; nas vivências conjugais, geralmente os cônjuges enganam e são enganados invariavelmente... assumindo uma frustração permanente, alimentando ciúmes e desesperadas tentativas de controlar as relações.

As corrosões dos ciúmes, a liberalidade com permissividade da sociedade e das mídias, as redes sociais virtuais, os padrões de beleza e vestimentas, bem como de comportamentos sexuais modernos atearam fogo nas libidos dos indivíduos, com efeito, surge a derrocada das bases de cada nova geração, que se torna herança nociva às descendências, em efeito cascata. Pobres dos eventuais futuros filhos de uma parcela dos atuais jovens...

Eça de Queirós, consagrado escritor português, célebre por suas escritas literárias impregnadas por arte e contundentes críticas sociais, assim dimensiona a importância da influência da educação oriunda do lar, num sentido mais específico: “a valia de uma geração depende da educação que recebeu das mães”.

Mediante uma ótica socioafetiva, o que se guardava para a pessoa amada, especial e digna, quando na circunstância nupcial, hoje se entrega em cantinhos de boates, carros, motéis, sem recatos ou ponderações. À base de álcool, entorpecentes ou mesmo puro hedonismo, relacionamentos amorosos são destituídos de encanto e deformados assustadoramente. Numa boate moderna, por exemplo, uma meretriz dos idos de 1910 sentiria constrangimento ao ver determinadas jovens, e até algumas de mais idade, com seios tão à mostra e oferecidos, coxas etc. expostos sem os pudores tão esperados de criaturas que moldarão os alicerces das futuras famílias, sob a guarida de maridos à altura, mediante as balizas cristãs e os devidos laços matrimoniais.

EPÍLOGO

No dito popular se questiona metaforicamente o que nasceu primeiro: o ovo ou a galinha. No que se refere à galinha, com alteração semântica, em analogia questiona-se: tantas mulheres têm se prostituído, não no sentido mercantil, mas no conceito comportamental, como em Provérbios 7, por causa da histórica e notória falha de conduta sexual masculina; ou tantos homens têm decaído por causa da crescente promiscuidade feminina? Não importa tanto a raiz de algo não meritório, e não se pode generalizar, faço a ressalva, pois cada um sabe das fraquezas, dores e emoções que carrega no coração, e se ocorrem casos de infidelidade, que os tais sirvam de aprendizagem, ou ao menos em matéria prática de estudos, todavia, um erro não justifica o outro, afinal, o que está em jogo é a base moral da sociedade, com seus rumos (cada vez mais tortuosos), e a preservação da integridade de patrimônios que estão entre os mais valiosos gerados pela relação entre homens e mulheres: afetividade e família.

AUGUSTO MATOS

Augusto Matos
Enviado por Augusto Matos em 27/12/2011
Reeditado em 22/11/2012
Código do texto: T3409456
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