Políticas de Cotas: Quem quer e quem não quer?
Grande parte do movimento negro considerou ao texto do Estatuto da Igualdade Racial um retrocesso, principalmente com relação às cotas, já citadas pela cursista Viviane. Os dados apontam que grandes partes dos alunos cotistas, nas principais universidades do país, alcançaram coeficientes acima da média dos demais universitários.
Poderíamos então, negar a população negra uma reivindicação tão primária e básica dos movimentos negros no Brasil? A política de cotas pode ser uma ação afirmativa destinada a todos/as que se reconhecem como negro/a, e que neste momento ou em outro, optam por fazer uso de tal ferramenta de promoção da igualdade, para usufruir de um direito exclusivo de alguns grupos detentores das benesses do estado, do mercado e do social. Benefícios estes, historicamente sempre subtraídos de vários grupos, principalmente dos negros que carregam consigo a herança da escravidão, da discriminação e do preconceito, que são a grosso modo: o analfabetismo, a concentração demográfica em áreas marginalizadas. Isso tudo gerando subordinação das populações negras, crentes de que a desigualdade é natural e não social.
Adverte-nos Carlos Hasenbalg (1979), o preconceito e a discriminação não são só filhos da escravidão, são também resultante de toda uma estrutura contemporânea pós-escravista, que dá novos significados a discriminação e ao preconceito, no objetivo de desqualificar grupos de negros/as, para a manutenção de seus privilégios materiais, sociais e econômicos. Um pobre negro competindo com um pobre branco, este ultimo, terá vantagem em virtude do preconceito? O negro levara alguma vantagem ou o branco pobre se beneficiará do racismo e levará vantagem no processo de seleção?