Epílogo

‘’Epílogo é nunca mais provar do teu gosto. Quarenta degraus me separam de enxergar o sol indo embora por cima do terraço de nossa casa. Ele parece ser teu. Seu olhar cravado no movimento das nuvens te impede de me ver subir, e também não faço barulho, tento esconder dos cristais o arremedo me mim mesma que essa doença me fez tornar, meu corpo está à beira do flagelo’’. – tenho certeza de que fora isso que sua vontade conseguiu pensar enquanto subia as escadas.

‘’Como é doce seu olhar verde, sua voz frágil. Coração de barro,

cor da pele feito papel. Lá no fundo você não está sozinha, só está com medo. Seu sorriso de menina, seu calor morno. Correndo do que lhe aflige. E meu colo, onde sempre poderá se esconder.

Fugir dos medos, decepções e lampejos. Uma longa história pra contar. Coração de vidro, com rachaduras e triste. Secar suas lágrimas e te fazer dormir. Como criança

terminar a noite dançando. O mundo pode acabar, um sorriso seu e eu me calo.

Peito estreito, meu amor grande. Justificativas e tentativas de tentar negar, de tentar esquecer’’.

Laura, diz que fica e eu me acanho.

Te ver feliz é tudo que eu mais quero’’. – eu a queria por perto.

‘’ Esse vento sob minhas asas, o frio é tenaz, sabe que não quero ir embora. Sentir-se no direito de chorar antes de se despedir da pessoa que mais amo. Martin, eu te conheci sem procura e me trouxe paz. Você, que diz que me ama todo café da manhã. Eles estão contados. Triste o dia em que terá de sentar-se só naquela mesa, mas tenho que te deixar livre pra outro alguém. Só subi pra dizer que a tarde se vai indo e que o sol vai me levar. Sei que é alto, mas eu vou voar’’.

Se pensasse três segundos pra falar, não teria acabado comigo mesmo em uma frase.

‘’Eu não preciso de outro alguém... Se você pensa que não precisa de mim, talvez seja melhor que vá embora! Essas suas asas, elas vão se quebrar’’.

‘’Arrumar as malas e deixar meu último beijo em sua testa. Sair pela porta dos fundos. As roupas estão passadas, a casa arrumada e a mesa posta, do último gole de café, o amargo do caminho que vou tomar rumo ao insuprível. Não é questão de persistência, é jogo vencido. Prometa não chorar, eu tenho dia pra acabar’’. – Laura se vai.

- trecho do meu livro, ''Dezenove Vezes Amor''

Lucas Mezz
Enviado por Lucas Mezz em 15/12/2011
Reeditado em 16/12/2011
Código do texto: T3390411