Ohlavrac Nilknarf - Ser maranhense
Ser maranhense – Ohlavrac Nilknarf
Ao contrário do que a maioria diz e pensa, que o maranhense é caboclo, ignorante e miserável... Eu me sinto muito confortável por ser de onde sou! Pobreza tem em qualquer lugar, mas é justamente por essa pobreza que o maranhense se mostra forte. No centro-sul dizem que somos preguiçosos e que não gostamos de trabalhar... Ora, trabalhar é que mais fazemos, porém de tanto baixarmos a cabeça, nós (maranhenses) acabamos por nos acostumarmos com os desrespeitos, nos acomodamos na nossa situação, que muita vezes é humilhante.
Podemos ser pobre financeiramente, mas jamais o seremos culturalmente... Não falo nem das manifestações populares como os tradicionais bumba-meu-boi, tambor de crioula, cacuriá, etc., falo também do nível “culto” de poetas, músicos, dramaturgos, etc.
Também não falo apenas dos tradicionais Gonçalves Dias, Artur de Azevedo, Aluísio Azevedo e Graça Aranha ou dos músicos Alcione e Zeca Baleiro. Falo dos muitas vezes esquecidos ou até desconhecidos para alguns, os músicos Dona Teté, João do Vale, Papete, Cézar Nascimento, Tribo de Jah, Mestre Antônio Vieira e Lopes Bogéa, dentre tantos outros, além de escritores consagrados como Josué Montello, José Sarney (embora muitos não gostem, é um escritor de “mão cheia”) e Ferreira Gullar.
Penso eu que ser maranhense, engloba bem mais virtudes que vergonhas, que o motivo do preconceito se torna estúpido (como se já não o fosse)... Engloba toda nossa cultura, todos os nossos traços lingüísticos, comportamentais e as demais complexidades inerentes de um povo! Há gente que pensa que culto é apenas quem lê muitos livros. Não me sinto como uma pessoa não culta, meu sentimento é o mesmo de João do Vale, o “de uma cultura que não está nos livros mas na memória e no coração dos artistas do povo”!!!