Sobre deuses e Ética

Existe um argumento que diz: “sem a existência de Deus não há valores éticos objetivos”. Porém, a meu ver o correto seria: “sem o medo do julgamento de Deus não há valores éticos objetivos”, seja este “Deus” vivo, morto ou somente uma ideia. Quero dizer com isso, que valores éticos de forma alguma podem ser usados para justificar a existência de “Deus”. Veja um exemplo simples como o do Papai Noel, em que as crianças são incentivadas a se comportarem bem para ganharem presentes no natal. O mesmo se dá com os deuses, em que a humanidade, tratada como criança, é incentivada e até intimidada a se comportar bem para ganhar “presentes” após a morte.

Um código de ética não é nada mais que uma convenção de padrões comportamentais para melhor convivência e progresso coletivo. Sem esta convenção estaríamos destinados a autodestruição, já que a humanidade possui um modo de vida coletivo. Devo concordar que os primeiros códigos de ética estavam inseridos em culturas religiosas. O principal “freio” para manter o bem estar social era o MEDO DO JULGAMENTO SUPERIOR “imposto” pelos deuses e espíritos. Porém, me respondam, quem entre vós, acreditando ou não em deus, nunca cometeu conscientemente algum ato que pudesse ser considerado ERRADO perante o padrão comportamental coletivo ou individual? Seja sincero e responda também, qual é seu principal medo quando você “erra”? Ser julgado pelos outros e até ir para a cadeia ou ir para o inferno? Imagino que o medo do inferno fique em segundo plano e só venha à tona posteriormente, em momentos de reflexão e arrependimento. Não estou certo? Você, quando faz uma besteira, lembra que "Deus" está te olhando, ou só verifica se não tem ninguém por perto?

Concluindo, em cada cultura é convencionado um padrão comportamental, sejam em forma de leis, dogmas religiosos ou atitudes, eles são passados de geração em geração. Cada indivíduo, porém, possui seu próprio código de ética interno, com grandes influências culturais. Uns mais rigorosos ouros mais brandos, todos possuem um parâmetro para classificar suas atitudes como CERTAS ou ERRADAS. Eu, inclusive, possuo o meu e acredito na importância de ajustá-lo ao julgamento coletivo para uma melhor convivência, mesmo não acreditando em deuses e espíritos. O bom relacionamento é fundamental a sobrevivência e pode ser totalmente desligado da crença em seres sobrenaturais.