Liberdade Vegana
“Conheço muitas razões pelas quais eu morreria, mas não conheço nenhuma pela qual eu mataria” Gandhi.
Gandhi com essa frase mostra como sua determinação em mudar uma situação estava acima do próprio sofrimento.
Ele, como poucos, defendeu a desobediência como uma provocação para que injustiças fossem deflagradas.
E desobedecer significava correr riscos. Se ele fosse contra uma lei, poderia ser preso. E não queremos ser preso.
Ele tinha claro para si que havia feito uma escolha.
Nos sentimos sem saída quando vemos que a escolha pode resultar em algo contra nós, como a prisão, por exemplo.
Certamente que há situações em que não há saída. Mas certamente há situações em que há saída e dizemos não ter escolha.
E porque fazemos isso?
Talvez por muitas razões, mas pretendo comentar apenas uma: Porque uma das escolhas é dolorosa.
Muitos concordam que maltratar um animal é errado e matar um mais errado ainda. Mas não sentem nada ao saber que a carne que comem na janta foi conseguida a partir de um animal.
O primeiro ponto da liberdade é perceber que fazemos isso. Temos escolhas e omitimos aquela que nos é dolorosa. Desconsiderar uma opção dolorosa nos faz sentir “corretos”. “Qual o problema de comer animais?! Eu não tenho escolha!”.
Um ponto importante das escolhas “morais” como “não matar”, “não roubar” é que elas vem acompanhadas de um sentimento de paz interior. Diferentemente do sabor de um alimento que passa assim que comemos, a paz interior permanece como uma sensação inefável. A sensação ruim de ter matado para comer, estranhamente, habita o inconsciente. Inconsciente quer dizer entre muitas coisas, inacessível. É algo que podemos tentar encontrar pensando o dia inteiro e não encontraremos. Porém, no momento em que a pessoa abandona o hábito de comer animais, ela sente que algo mudou para melhor. Leveza. A peso marcado na balança não alterou um grama sequer, mas a consciência está voando leve no ar.
Quando essa sensação surge, significa que a pessoa encontrou na atitude de mudar a alimentação a ética e a moral. Longe do discurso vazio, que deixa de comer carne quando internamente a pessoa está sedenta dela, o encontro ético e moral abraça a paz e o bem estar.
A decisão é pessoal. E estará sempre por decidir a cada refeição por toda vida. A cada vez que cada um de nós pensar em comer algo, essa decisão pode ser alterada ou mantida. A escolha perambula entre os desejos e pensamentos, vagando sem rumo para qualquer lado. A menos que se decida, ela fluirá em qualquer sentido.
E quanto mais razões buscamos, para sim ou para não, esconde dentro de nós um desejo inconfesso de que gostaríamos de não ter essa escolha. Gostaríamos que houvesse um argumento sem saída que colocasse todos nós em uma só opinião. E todos os argumentos e pensamentos poderiam causar, poderiam determinar, poderiam nos obrigar a ter uma única atitude.
Mas sempre lembremos: os pensamentos fluem em ambos os lados e foi tão somente a liberdade que escolheu uma entre duas possibilidades. O argumento não nos deixa sem saída. A escolha vegana esclarece que optamos pela ética e a moral acima dos nossos desejos. E a recompensa por essa escolha é a paz.