Educação Urbana X Educação no Campo

Historicamente, a população do campo sempre recebeu menos atenção por parte dos governantes do que os moradores da cidade. Assim, invariavelmente a região urbana sempre recebeu mais prioridade na aplicação dos recursos públicos.

Em muitas comunidades rurais os trabalhadores se vêem abandonados pela falta infraestrutura básica, sem atendimento de saúde, sem oportunidade de estudar, com poucas condições de escoar sua produção, entre tantas outras carências.

Por isso, grande parte dos moradores rurais se vê forçada a engrossar os números do êxodo rural e, conseqüentemente, isso gera uma série de problemas com o crescimento desordenado das cidades.

Tristemente, esse abandono das populações rurais gera uma via problemática de mão dupla, pois sem esperanças de ver as melhorias chegarem ao interior do município diversas famílias se mudam para as cidades, quase sempre indo morar nas periferias, em locais sem qualidade de vida. Esse dilema de fugir do isolamento do campo acaba levando milhares de pessoas ao triste abandono das periferias dos grandes centros urbanos.

Para reverter esse cenário triste é que surgiu a “Casa Familiar Rural”, que é uma Escola diferente que nasceu na França, em 1937, e hoje se encontra em vários países nos cinco continentes.

A “Casa Familiar Rural” foi criada para oferecer uma formação profissional voltada para a realidade dos moradores das áreas rurais, permitindo uma “Alternância” entre trabalho e aprendizado. Assim, a proposta pedagógica se pauta na integração do aprendizado em sala de aula com as atividades produtivas dos moradores do campo.

De acordo com o Projeto Pedagógico, cada aluno deve dividir seu tempo em um período (de 7 a 20 dias na Escola em regime de internato) e outro período equivalente na comunidade onde reside. Dessa forma, o aluno recebe aulas de português, matemática, ciências da natureza, aulas práticas de piscicultura, agricultura e outras atividades. Depois ele leva o conhecimento para o seu local, a fim de desenvolvê-lo junto ao ambiente onde mora.

Na Ilha de Marajó (Estado do Pará) existem atualmente duas escolas no modelo da “Casa Familiar Rural”. A primeira delas está em funcionamento há mais de 10 anos no município de Gurupá e a segunda foi inaugurada em fevereiro de 2011 na Reserva Extrativista Mapuá, no município de Breves.

A Ilha de Marajó é considerada o maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo e possui uma população de cerca de 500 mil pessoas que se distribui em 16 municípios. Nessa imensidão boa parte da população vive em comunidades distantes das cidades, e a chegada dessas escolas especiais fez surgir um cenário mais esperançoso.

Mesmo parecendo uma pequena gota d’água num oceano de necessidades, eu vejo com otimismo que essas duas unidades da “Casa Familiar Rural” estão fazendo a diferença na realidade da Educação do Campo na Ilha de Marajó. Elas contribuem para a redução do êxodo rural, pois melhoram a capacidade produtiva e aumentam a auto-estima do homem do campo.

Os diversos resultados colhidos mostram uma significativa melhoria na qualidade de vida dos marajoaras. Por isso, acredito que esse modelo de Escola deve se tornar referência nas políticas públicas na área da educação visando com isso atender outras comunidades dos demais municípios da Ilha de Marajó e de outras partes de nosso país.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Publicado no site Marajó OnLine, em 16/11/2011. Disponível em: http://www.marajoonline.com.br/2011/11/educacao-urbana-x-educacao-no-campo.html

Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 439, p. 15, de 18/11/2011. Gurupi - Estado do Tocantins.

Giovanni Salera Júnior

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br

Curriculum Vitae: http://lattes.cnpq.br/9410800331827187

Maiores informações em: http://recantodasletras.com.br/autores/salerajunior

Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 15/11/2011
Reeditado em 09/01/2012
Código do texto: T3337479
Classificação de conteúdo: seguro