Terra Árida
Caminho sobre o solo rachado e seco do meu coração com os pés descalços, sentindo o calor da terra queimar a sola de meus pés.
Olho em em volta e vejo uma grande planície deserta e árida, onde não existe uma flor sequer, nada verde ou vivente.
O sol quente queimou toda a vida que havia aqui. Ressecou, esgotou, destruiu.
Já não há nada belo a não ser o céu azul e ensolarado dos meus sonhos e fé.
Vejo uma árvore retorcida e seca ao longe. Ela é tão familiar, me acompanha desde a mais tenra idade. Ela está sem uma folha sequer e empoeirada pela terra seca que o vento suspende no ar.
Já vi está árvore em campos floridos, na beira de rios, em veredas e planícies verdes. Hoje ela está e continua com tronco forte, raízes profundas, sua estrutura não se abalou, continua viva, inteira, indestrutível. É apenas uma fotografia deste momento da mais profunda dor, resultado da avassaladora decepção, inesquecível deslealdade, aprendizado pra toda uma vida.
Ela não precisa de água pra viver, já sobreviveu antes sem uma gota sequer.
A chuva virá, as nuvens se formam no céu da minha alma e em um milagre divino as gramíneas voltarão a brotar, as folhas encherão os galhos numerosos que agora possuem poucas terminações se comparados com outrora. As flores e frutos virão e todo esse deserto será uma desgostosa lembrança de um passado imperfeito e mal planejado.
Amanhã, quando a chuva vier e minha alma saciar-se; tudo isso fará um enorme sentido e entenderei que o campo precisava ser limpo, queimado e purificado para um novo nascimento, cenário e vida.