Ninguém Muda Ninguém

Quando se conheceram já eram assim. Com os defeitos e qualidades e ainda assim se amavam.

Depois com o tempo as pessoas se cansam daquilo que nunca foi segredo, que nunca foi engano e nenhuma novidade.

Na verdade no cansaço do dia a dia deixamos de lutar pela harmonia, deixamos que nossas próprias frustrações e infelicidades sejam apontadas com dedo em richa para o outro. Afinal esse é o inferno de Dante, duas pessoas em um quarto fechado uma apontando para a outra e a responsabilizando por todas as suas mazelas.

Vocês se amavam pelo que eram e se desamam pelo que são? Não faz sentido.

O que nos mata é nossa expectativa de que a felicidade more do lado de fora.

Quando o outro está frágil e já não pode suprir estas expectativas; todo o entorno estremece e gera rachaduras que vão se acumulando durante os anos.

Amar e ser amado não é o suficiente para uma relação dar certo, pois as expectativas são desajustadas, desumanas.

Todo mundo fala que só quer ser amado e nada mais. Mentira!

Queremos é que o outro nos carregue no colo e que nunca nos fira com seus espinhos. Impossível. Somos assim, todos nós. Tortinhos e com espinhos.

Podemos e devemos cuidar um do outro, mas não podemos prometer que nunca iremos ferir um ao outro ou esquecer dele quando nos faltar também.

Para as relações darem certo precisaríamos ter capacidade de perdoar, de se colocar no lugar do outro, compreensão de nossos próprios defeitos.

Queremos um amor perfeito, romanceado, destes que provoca frio no estomago para o resto da “vida”.

Que vida? A vida de quem de 5 em 5 anos ou de 7 em 7 anos, acredite estas são as expectativas se separação, deixa um relacionamento e começa outro pra passar por tudo de novo?

Ilusões. Pessoas interessadas em satisfazer as próprias expectativas apenas não sabem o que é amor.

Futuros idosos solitários e desacompanhados de um companheiro leal.

Será que os velhinhos de mãos dadas são tão infelizes assim? Eu diria que essa eterna busca é que é ser infeliz. É exatamente igual a buscar eternamente a felicidade do lado de fora.

Acreditar que o par ideal nunca chegou é uma meta inatingível.

A capacidade de amar e ler o amor do outro do jeito que ele nos demonstra é saber renunciar a necessidade de que suas expectativas estejam em primeiro lugar.

É claro que não é possível uma vida a dois sem felicidade, mas a felicidade está em renunciar, mas não que isso seja uma regra esgotante.

Se o outro só lhe serve quando lhe supre suas expectativas de par ideal é melhor deixá-lo partir; pois você não sabe amar de fato.

Extinguimos um relacionamento quando desistimos de reiventá-lo e começamos a procurar a solução do lado de fora.

Se os defeitos não forem terríveis, não atinjam sua sanidade física e mental, não coloquem em risco seu amor próprio, diria que sempre vale à pena tentar. Principalmente se existem boas afinidades e valores em sintonia.

http://rachelserrat.wordpress.com