O Vício cumpre um papel na Evolução Humana?

Ao ler o artigo How we get addicted, de Michael D. Lemonick, de 2007, do então articulista sênior de Ciência revista Time em Nova Iorque, onde o autor afirmou que “O vício é um comportamento tão prejudicial, que na verdade, a evolução deveria ter há muito tempo tê-lo exterminado da população: se já é difícil simplesmente dirigir de forma segura sob a sua influência, imagine tentar fugir de um tigre dente de sabre ou caçar um esquilo para o almoço”, depara-se com uma questão intrigante. O vício cumpre um papel na evolução humana?

O homem, em escancarado conflito com a natureza, e predador contra seu próprio meio-ambiente, passa ao largo da compreensão das suas leis, e por mais estranho que possa parecer, o vício pode ser um componente essencial na evolução humana, e sem o qual, talvez ainda habitássemos as cavernas. Isso se não já estivéssemos extintos. Uma simples reflexão sobre fatos cotidianos podem apontar nessa direção, e pelo polêmico e paradoxal que a idéia encerra, os becos sem saída ambientais ao quais nos encaminhamos, por exemplo, demonstram algo de falho na percepção da evolução.

O comportamento humano, desde os primórdios, foi afetado pelo vício, e esse, afetou de forma decisiva a evolução das sociedades. Um religioso, que afirmou ter conversado com anjos no deserto, e recebido “a palavra de Deus”, poderia estar sobre efeito de ópio, mas os seus delírios forjaram civilizações, e miríades de religiões ao redor do mundo. No plano individual,há escritores contemporâneos que afirmam precisar do tabaco, na hora de escrever, para realizar sinapse; há homens que, encorajados pelo álcool, desfazem casamentos infelizes, e se reencontram num outro relacionamento. Isso sem mencionar as realizações nas Artes, na Música, e na Arquitetura, e toda a industria que demanda criação, onde o uso de drogas lícitas ou ilícitas está claramente evidenciado.

Em que pese os prejuízos para as sociedades o abuso que o vício traz, e não são pequenos, remanesce a pergunta: O vício cumpre um papel na evolução humana? Se não, por que ele não foi exterminado no processo evolutivo? Não estaria justamente aí um objeto de estudo que traria um novo olhar sobre a evolução? Nos caminhos da humanidade deve haver algumas coisas que ignoramos, ou fingimos ignorar, mas é precisamente essa percepção que pode dar dicas para se evitar um futuro sombrio. É encarando as sombras do mundo atual. Para isso é preciso coragem. Coragem e cachaça para desbravar o oeste da nossa existência.

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