PERFIL SOCIOLÓGICO E PSICOLÓGICO DESSA GENTE.

 

 

 

Há muito tempo venho notando um comportamento deveras interessante para não dizer esquisito.

E, segundo as minhas observações, parece tratar-se de uma maneira de ser e de viver como algo inconsciente que aflora de forma coletiva nessa gente de Imaruí.

Tenho realmente pensado sobre esse modo de as pessoas viverem dessa forma sui generis. 

E, pensando um pouco mais a respeito, penso estar observando um comportamento que está arraigado nessas pessoas a muito tempo de forma inamovível.

Por isso, eu acho que é a manifestação de um arquétipo coletivo local.

Tudo conforme a teoria do doutor C.G. Jung, um psicanalista deveras audaz, que aqui certamente teria um campo fértil e diversificado para os seus estudos e as observações pertinentes.

As pessoas as quais me refiro são normalmente instruídas e têm certo grau de escolaridade.

Não se trata de falta de conhecimentos (escolaridade), mas se portam como se ignorantes fossem.

E isso vem acompanhado de um cepticismo que não os deixa inocular por uma determinada fé, uma personalidade equilibrada, por mais absurda que seja ou por um conhecimento novo.

Em primeiro lugar vou enfocar as mulheres, pois parece que nelas é mais evidente esse comportamento atípico.

Não que os homens deixem de apresentar esse estado anômalo, mas neles é menos evidente ou dissimulam com mais propriedade.

As mulheres são todas naturalmente hipócritas e se comprazem em bisbilhotar a vida alheia.

Quero dizer que são terminantemente fofoqueiras e irresponsáveis e, normalmente, se saciam famélicamente com a desgraça alheia, num banquete grávido de invencionice e difamação.

Elas demonstram e se acham possuidoras de virtudes especiais, principalmente, àquelas que se dizem cristãs.

Quando, na verdade, não são nada disso, apenas aparentam uma afetação que é fácil de observar e constatar.

Pois se trata de uma hipocrisia endêmica, que deixa em estado de alerta até as próprias potências diabólicas.

A Igreja Católica, a Assembléia de Deus, assim como todas as outras tendências religiosas, são abarrotadas dessas espécies de gentes e, segundo me consta, o que ali lhes é ensinado não faz o real efeito.

É como se jogasse pérolas aos porcos.

Essa gente tem a compreensão tarda ou obscurecida, pela penumbra pegajosa da hipocrisia.

Uma vez fora desses templos ou até mesmo dentro dessas casas de orações, se portam como verdadeiras estátuas, ocas, frias e possuidoras de um espírito escuro que causa temor ao próprio diabo.

É a tortuosidade de caráter que as faz verdadeiras figuras humanas horrendas, cheia de iniqüidades que as consomem por dentro como vermes apocalípticos.

O Padre e o Pastor fazem de conta que acreditam nelas, e elas dissimuladamente fazem de conta que acreditam neles.

A assiduidade às Igrejas ou a Templos é um hábito praticado e não uma demonstração de fé, isto para não se falar em espiritualidade, pois essa virtude ou qualidade íntima do ser, não lhes é inerente.

As religiões não lhes satisfazem ou o que lhes é ensinado não é bem ensinado.

Pois uma vez não satisfeitas com as prédicas e os ritos, procuram as benzedeiras, as macumbeiras e as cartomantes.

Inclusive, existem algumas mães-de-santo que receitam medicamentos farmacológicos e, as consulentes, levam a sério o tratamento dessas ignorantes e não especializadas, e elas se arvoram em curandeiras muito acertadas.

Pensam que são paranormais, mas, na verdade, são criaturas ignorantes e anormais.

 

Seria falta de fé ou é uma ignorância crassa?

 

Quando estão nas Igrejas elas em vez de se concentrarem para o devido ofício da religiosidade, aproveitam essa oportunidade para reparar as demais e os demais que estão presentes.

Com que roupas se vestem. Que penteados estão portando. Que sapatos estão calçando, etc, etc.

Na Igreja Católica durante as funções religiosas, acontece um verdadeiro desfile de moda, inclusive, com as roupas as mais ousadas possíveis.

Perturbando dessa forma, os homens com os seus implacáveis olhares que, de certa forma, também hipócritas apreciam o desfile das “santas” com as suas roupas insinuantes ou intencionalmente transparentes.

As Evangélicas são mais módicas, algumas são totalmente pudicas, vestem-se até ao joelho e as cabeleiras quase lhes vestem as bundas.

Ali, eu não sei qual é o objeto a ser apreciado, se as cabeleiras ou as pernas cabeludas.

Mas as Evangelistas novas e bonitas são também insinuantes e biblicamente gostosas. Que diga o Pastor!

Quando em plena função de um culto religioso, elas gritam e pedem clemência pelos pecados cometidos.

Choram dissimuladamente, falam em línguas esquisitas e exclamam em vozes ininteligíveis, parecendo estarem no ápice do pleno orgasmo sacratíssimo.

Nas procissões, as de cunho Católico, as mulheres acompanham de uma forma tão desvirtuada que se parece mais com um desfile de lavadeiras, e o santo que vai a frente não dá a mínima para essa turma de infiéis que vêm atrás.

Para o Padre não importa a qualidade, mas sim a quantidade.

É que a Religião Católica tem uma especial predileção pela estatística.

A estatística é considerada a prostituta das ciências, assim sendo, ela lhe dá uma certeza ou suposta certeza, de que a sua religião é realmente a única e verdadeira, e que as demais são ineficazes e mentirosas, por isso estão fadadas à danação eterna por operarem em erro.

Na vida privada ou profana, essas serpentes denotam uma vontade louca para ficar sabendo da vida alheia e, não sei como, sabem de tudo.

Inclusive, sabem da vida íntima de cada pessoa e sem o menor respeito ou pudor, elas expõem as vidas das pessoas ao gosto do público, sem ao menos ter um pouco de compaixão pelos próximos.

Elas são tão rápidas nas fofocas de causar inveja ao serviço de telefonia.

Tem-se a impressão de que elas operam em ondas curtas de altíssima freqüência.

Pois atravessam as paredes e divisam a vida íntima do casal, o seu objeto de maledicência.

Quando elas não têm um fato como verdadeiro, simplesmente o inventam.

E espalham por toda a redondeza, dessa forma, se realizam jogando as pessoas sem o mínimo escrúpulo na valeta das avaliações incomuns nada desejáveis.

As mais perigosas são aquelas viúvas que se vestem totalmente de preto, as quais se afetam de virgens, não por virtude ou princípio, mas sim por falta de uso.

Elas são terminantemente falsas e dissimuladas.

Entre as ditas “mulheres de preto” se formam grupinhos, cujo único objetivo é desvendar a vivência particular das demais pessoas.

São víboras peçonhentas e que estão prontas para atacar com os seus venenos destrutíveis que trazem no coração, e esguicham com as suas línguas ferinas.

Juntas destilam o fel amargo e corrosivo das avaliações irresponsáveis e diabólicas.

As solteironas se portam como impávidas gaivotas, quando submetidas a um insistente olhar, posam metidas a puritanas.

Mas, elas nada têm da brancura desse pássaro, na verdade, são ocas e frias e, quando elas têm uma oportunidade se transformam em diabólicas e pérfidas.

Como ainda não experimentaram os prazeres do sexo ou, se alguns dias o experimentaram, mas de forma insípida, hoje elas se apresentam como virgens vestais.

 Inclusive se vestem com toda a suposta pureza, assim elas cantam a famosa canção da BEÚ nas procissões do Senhor morto na semana santa.

As mães solteiras abundam nesta região, tem até mãe solteira de padre, esse é um fenômeno muito comum.

Talvez a falta de uma educação sadia que as mães não puderam lhes dar, em função é claro, das personalidades distorcidas que tiveram ou ainda têm.

As divorciadas ou simplesmente separadas, são verdadeiras messalinas insaciáveis, não podem ver um homem e já estão se entregando com um descaramento que causa inveja às próprias prostitutas.

Nos fins de semana lhes é obrigatória uma freqüência, aliás, muito assídua aos famosos bailões.

Locais esses em que extravasam de forma explícita os seus recalques, principalmente, os de origem sexual.

Pois é só ter um bom carro estacionado no pátio do clube, para que elas se entreguem com a maior facilidade.

Como dizia Lupcinio Rodrigues: “As mulheres vão até ao inferno em busca de luz”.

É uma assertiva plena de realidade.

Querem ver as ditas mulheres é só ir aos salões do PLEC ou o do tio Paulão e outros aí pela costeira.

Lá, nos bailes, se verificará no que se transformou uma mulher que era casada e dona de casa, digamos assim, uma mulher que era considerada acima de qualquer suspeita.

Infelizmente, a mulher se transformou num objeto que é explorado em todos os sentidos.

Isso é constatado na televisão, ocasião em que elas se apresentam com uma mini-saia curtíssima, dançam, rebolam, mostram a calcinha e já se consideram pagas.

Simplesmente pela oportunidade de se apresentarem como símbolo sexual ou como mercadoria que está à venda.

Fora desse meio de comunicação não é nada diferente, elas usam o corpo como atrativo e isca.

O corpo é o seu deus particular e a sua peça de atração.

A cabeça é um simples anexo para o adorno e serve apenas para separar as orelhas.

Tenho especial aversão pelas rezadeiras, essas que se mostram como místicas religiosas e vivem ao redor da Igreja para demonstrar ao padre que são católicas devotas.

Quando, na verdade, são verdadeiras víboras travestidas de santas.

Elas são dissimuladas e falsas, normalmente, a hipocrisia lhes é um defeito inerente, como disse Jesus: “São sepulcros caiados cheios de rapacidades por dentro”.

A ignorância atrelada ao dogmatismo da religião, transforma essas mulheres em verdadeiros monstros que nada têm de religiosidade.

Isto para não se falar em espiritualidade, pois esse estado, esse modo de ser, elas nunca experimentaram e acham que espiritualidade é algo que tem haver com macumba.

Santa ignorância!

Ai daquele que cair na boca de uma dessas mulheres!

 Estará irrevogavelmente perdido, e a sua vida será devassada até aos mínimos detalhes, o seu nome, bem como o de toda a sua família, será arrastado pelas ruelas da cidade.

Elas se encontram sempre reunidas, pois as víboras se atraem, e nessas reuniões tecem com toda a maldade a vida do pobre infeliz que se tornou presa indefesa dessas malditas mulheres.

Esse tipo de maldade é natural nessas mulheres, tem-se a impressão de tratar-se de uma doença endêmica.

E por ser assim, é difícil encontrar-se um remédio para o seu combate ou o definitivo extermínio.

Além de serem hipócritas e nojentas, elas são também hipocondríacas, quando não falam de terceiros, falam de suas pretensas doenças e se mostram umas pobres coitadas.

Desejando, dessa forma, chamar a atenção dos demais; querem por todas as maneiras se transformar em alvo de atenções caridosas.

Das mulheres não temos mais o que falar, mesmo porque, elas não merecem muita atenção.

Agora iremos tecer algumas considerações sobre os homens, essa espécie de macho que por aqui abunda.

A grande maioria é de uma indolência a toda prova, para não dizer que são homens vadios por natureza.

Essa mesma maioria está muito ligada à arte da pesca que, por si só, é uma atividade que convida ao ócio tão praticado nessa região.

O caminho por eles praticado se resume em ir de casa para o mar e do mar para a bodega.

Muitos deles estão praticamente perdidos no vício do álcool, vício esse que lhes incha os pés e estufa a barriga.

Os que estão envolvidos com o comércio e ou outra atividade sadia, são os mais equilibrados.

Mas de seus estabelecimentos, eles controlam a vida alheia, principalmente, as vidas das mulheres para saber qual delas anda traindo o marido.

Aqueles que são políticos o são por pura rapacidade, não existe um ideal político ou uma preocupação honesta para com a comunidade.

No entanto, dela se servem para eleger-se, com promessas que nunca são cumpridas.

Uma vez empossados no poder, seja executivo ou legislativo se tornam mau administradores do dinheiro público.

E em ato contínuo, se transformam em ladrões do erário, com um descaramento de causar inveja ao Juiz Lalau e ao Denúbio Soares.

Tudo é válido quando se trata de finanças públicas, inclusive, com a gastança e o exercício do empreguismo (nepotismo).

Dessa modalidade, os órgãos públicos estão abarrotados de funcionários incapacitados.

Verdadeiros ignorantes que estão apenas cobrando o voto que elegeu o seu padrinho político.

Aliás, essa é uma realidade que povoa toda uma nação e, aqui em Imaruí não é nada diferente, apenas o nível de conhecimento é o mais baixo possível.

Quando eles não se dedicam à pesca, alguns, nem todos, mantêm uma rocinha de mandioca e criam um gado-de-corda.

Às vezes ficam uma manhã inteira com o gado pela corda, apenas apreciando o seu pastar.

Isso é fácil de verificação é só andar pelos arredores, e lá se verá o vadio agüentando a corda do boi.

Outras são as manifestações da virtude do ócio, por exemplo, na cidade e ou nos arredores vêem-se homens desocupados passeando pelas ruas com as suas gaiolas em punho.

Desta forma, eles dão ao passarinho uma oportunidade de apenas ensejar a liberdade.

Suster o gado pela corda apreciando o seu pastar e o passear com uma gaiola nas mãos é, sem sombra de dúvida, uma manifestação explícita do bem aventurado ócio.

Aliás, uma característica tipicamente dessa gente ribeirinha.

A roça de mandioca é um costume herdado de seus ancestrais, inclusive do indígena.

Essa cultura não é nada expressiva economicamente, mas eles teimam em cultivá-la com os mesmos métodos dos antigos.

Cada um tem o seu engenho próximo à casa de moradia, neles, não existe o espírito de coletividade e nem tão pouco o espírito de criatividade agregativo que seria mormente dirigido à criação de cooperativas.

Nada os faz mudar, no entanto, antes iam para a roça com um radio à pilha, hoje eles vão para a mesma roça com um telefone celular, mesmo encontrando dificuldade em seu manuseio, Só eles é que não mudam.

É muito grande a presença de alcoólatras nessas regiões. (as ribeirinhas da lagoa)

Presume-se que pela falta de perspectivas e de um futuro diferenciado, eles são tomados por uma baixa estima que os transforma em apáticos e desiludidos.

 Apesar de freqüentarem com assiduidade a Igreja.

Mas o que se nota é a presença de um hábito ou de uma distração, em vez de verdadeira fé.

Segundo as minhas observações, as lendas, as crenças diversas e as superstições, são esses conhecimentos chamados assim de “sobrenaturais”, os quais os movem de sobremaneira.

 Simplesmente o inexplicável acontece e esses valores, de certa forma, permeiam suas vidas.

Por exemplo, se eles quebram uma das pernas, em primeiro lugar procuram uma benzedeira e depois se não der resultado é que vão ao médico ortopedista, muitas das vezes já é tarde.

Tenho notado também como eles gostam de cantar, é verdade, mas de maneira muito desafinada.

Principalmente nas funções religiosas e comumente incentivadas pelo padre, que os acompanha nessas cantorias que mais se parece com um ritual aborígine.

Tem-se a impressão que o padre está numa missão indígena, onde ele exerce toda a sua autoridade dogmática e eclesiástica com a catequização.

Não são capazes de ajudar ao próximo, mas o dinheirinho para o Dízimo é sagrado.

Existe aqui uma verdadeira distorção da virtude da caridade, quando esse sentimento para eles é o de doar as sobras. Quando doam!

Vamos agora volver o nosso olhar perscrutador para, aqueles homens tidos como cidadãos acima de qualquer suspeita.

Normalmente eles são atrelados à Igreja ou à Casa Paroquial e vivem em função da liturgia como festeiros, ecônomos, cantores, atiradores de foguetes ou simples puxadores de rezas, esses são os que se conhece por “cadeados de sacristia”.

Mas é notório neles, também, a dissimulada hipocrisia.

Aliás, essa é uma deformação de caráter muito comum nessa região como vimos anteriormente.

E como é de uma abrangência quase total, diria até que é congênita e endêmica.

O individuo já nasce com o inconsciente carregado desse arquétipo sui generis.

Nessa região, nota-se um grande crescimento de mulheres e homens viciados em drogas psicodélicas ou psicoativas.

É uma busca errônea da completude através desses artifícios miraculosos, isto em função da baixa estima, da volubilidade de caráter e do excessivo ócio doentio.

Abundam também nessa região um expressivo número de homossexuais.

Tanto os masculinos como os femininos.

Aqui, eu não sei se é palco para os psicólogos ou para a religião, o fato é que, eles se assumem de uma maneira sem nenhum constrangimento.

Por isso, tem-se a impressão que eles são a alvorada do terceiro sexo.

Esses invertidos (as) constituem-se numa realidade, mas acho que ainda são uns mal menores, contudo deve-se estudar essa tortuosidade apresentada pela personalidade de cada um.

Segundo os meus poucos conhecimentos sobre a ciência da psicologia, quer me parecer, tratar-se também de um problema inconsciente.

É que a presença muito forte do arquétipo feminino no homem a “anima”, o transforma em mulherzinha ou afetados por qualidades eminentemente femininas.

O mesmo fenômeno acontece com as mulheres, o seu arquétipo masculino o “animus” é extravasado em atitudes invertidas quando, a mulher tem inclinação para procurar uma outra mulher para a sua satisfação sexual e o de convívio.

Essa passagem é só uma questão de observação, pois eu não tenho conhecimentos suficientes nessa área.

Por isso, vou deixar esse assunto a cargo do Dr. Sigmund Freud e do Dr. Carl Gustav Jung.

Os mesmos teriam condições de fazer um diagnóstico mais preciso e, até indicar uma terapia de apoio, se for o caso.

Diante desses fatos que aqui foram apresentados de forma muito sucinta, e que, por certo, seria um material de campo bastante fértil para um psicólogo e um sociólogo eles, por certo, estudariam com maior profundidade esse comportamento atípico dessa gente.

Eu confesso que não tenho condições de fazer um diagnóstico e nem tão pouco um prognóstico.

Pois se trata de uma sociedade muito miscigenada entre as raças: Africanos, Índios e Açorianos, e que como resultado apurado deu também o Mameluco e o Cafuzo, e assim temos isso que a gente bem conhece.

Alguém me falou certo dia que as pessoas aqui de Imaruí e adjacências, apresentam esses comportamentos atípicos em virtude de uma massa deletéria (fluido negativo) que paira sobre a cidade e a redondeza, principalmente, na orla ribeirinha da lagoa.

E que essa massa astral e deletéria é oriunda dos pensamentos emitidos por essas pessoas que são naturalmente negativas, de baixa estima, apáticas e sem motivações positivas.

E que essas emanações, com o tempo, vão se acumulando sobre o território habitado.

Isto é na atmosfera e, assim sendo, essa nuvem negra e perigosa contamina todas as pessoas que se expõem por muito tempo, como se fosse algo radioativo e maléfico.

Sabedor dessa hipótese eu passei a observar com maior cuidado certas pessoas daqui da sede, inclusive os da redondeza e também aquelas que vivem fora dessa suposta área de contaminação.

Realmente é expressiva e notória, a diferença de comportamento entre as pessoas que habitam as regiões ribeirinhas da lagoa e as que residem mais no interior.

As pessoas que residem, por exemplo, nos bairros de S. Luiz, Aratingaúba e Rio D’uma, são pessoas completamente diferentes em seu modo de viver.

E entre elas existe ou vivem num modo de vida com um maior componente de positividade.

Trata-se de uma população com outras perspectivas de vida, e que trabalham de forma mais racionalizada em todos os sentidos.

Em função desse positivo “modus vivendi”, eles têm um entendimento diferenciado daqueles que habitam as redondezas da lagoa.

E isso é observado em alguns detalhes tais como: uma casa de moradia satisfatória, uma alimentação rica em proteínas, carboidratos naturais, uma mesa farta em hortaliças verdes e, por conseqüência, uma perspectiva de vida mais longa.

Vivem tão somente da agricultura e da pecuária, mas com um manejo totalmente diferenciado dos que habitam as adjacências da lagoa.

Inclusive, eles têm um compromisso muito acentuado com relação ao meio ambiente para si, e para a coletividade.

Constituem-se de grupos com relativa homogeneidade cultural, o que os diferencia dos demais grupos ribeirinhos.

Essa homogeneidade se verifica com mais freqüência entre os grupos de etnia alemã ou italiana, e pelo que podemos ver, trata-se de uma questão de cultura racial.

Acho que a massa deletéria que sobrevoa por aqui não contamina essas pessoas, mesmo porque, elas não são receptoras de fluidos negativos e nem emissoras.

Entretanto, devemos abandonar a questão do astral deletério, e nos atermos a essa miscigenação que aqui se efetuou sem uma seleção ordeira e natural.

Por conseguinte temos que admitir que uma raça fraca, cruzando-se com outra também fraca, por certo, originarão uma raça mais fraca ainda.

A não ser que haja um entendimento mais apropriado da antropologia biológica, mas se for por uma questão de um raciocínio lógico e retilíneo, não existe a possibilidade de cairmos em erro fragoroso.

Se um gene fraco se cruza com um gene pobre, certamente, com esse cruzamento vai se reproduzir um gene capenga.

Somos forçados em acreditar que o cruzamento entre Índios, Negros e Açorianos, não resulta uma nova espécie distinta, mas sim, uma mistura desordenada que não se sustenta como raça.

Pois desses cruzamentos, temos ainda que considerar a aparição dos Mamelucos e dos Cafuzos.

Por isso, esse povo não cultiva nada no desenrolar de sua própria história, e assim, é prejudicado com a ausência de algum estigma que o identifique como uma raça soberana e profícua, a não ser a evidência do ócio.

Aqui todos nós somos aparentemente brancos com tendências africanas, somos também levemente indígenas com alguns resquícios de civilização, somos também caboclos supersticiosos que acredita nas benzeduras.

E para fechar a escadinha do genoma de Mendel, somos religiosamente hipócritas e contumazes freqüentadores de Igrejas.

Assim como todo o açoriano caiçara que se preze.

Para terminar este ensaio, eu vou me estribar num conceito filosófico de Haeckel que diz o seguinte: “A ontogênese é a paligênese da filogênese”, trocando por miúdo quer dizer o seguinte: A história do individuo é a recapitulação da história da raça, portanto, temos em cada individuo a epopéia de uma miscigenação que se efetuou.

 

E que epopéia!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 19/12/2006
Reeditado em 17/06/2009
Código do texto: T322632