O que é a beleza ?

O que é a beleza ?

Aurélio diz : beleza “qualidade do que é belo” então vamos ao belo ? diz lá “em que há beleza; que tem aspecto ou forma agradável”

Acho eu que tal definição ou é tão simples que não consigo entender ou passa longe de uma verdade ou sequer tentativa de verdade, algo muito superficial.

Se nem o Aurélio nos dá uma resposta definitiva, já que é o pai dos burros, como saberemos o que é a beleza ? Sabemos que buscamos, em todos os dias, a beleza como padrão de vida. Em tudo, buscamos a beleza como centro principal de escolha, análise e discernimento. Vendem-nos a beleza todos os dias, estampada em outdoors, revistas, jornais, programas televisivos e em tantos meios quanto pudermos ter acesso. Desde o aparelho de barbear até o carro que iremos comprar, se tivermos condições procuraremos sempre o mais belo. Estamos inclinados desde o nascimento com a beleza, estamos condicionados a olhar para a beleza.

Mas o que é a beleza?

Antes de respondermos à pergunta, faremos uma rápida amostragem da beleza através dos tempos, não todos, pois isso levaria alguns anos de estudo profundo, mas uma visão superficial de certas idéias ligadas à beleza.

Se estudarmos rapidamente a historia veremos que em manifestações humanas, as que nós temos acesso ou pelo menos as que eu tenho acesso, ao longo de seu percurso histórico, leia-se; desde que constatamos que o homem se preocupa em avaliar o que lhe rodeia e buscar uma classificação e uma escala de valores, sempre há uma busca pela beleza, sempre há uma busca de um retrato de tudo que nos parece belo e que nos faz sentir bem, uma busca a deixar como lembrança tudo o que naquele momento nos chamou atenção como belo. Seja nas pinturas das cavernas, seja nos adornos das ferramentas, seja na organização de casas e vielas, seja na construção simétrica de edifícios, seja na aplicação de cores em obras plásticas, seja no que for.

Ao vermos a historia vemos que a beleza prevalece em obras, construções, manifestações humanas mesmo essa não sendo constatada por todos que a olhem, mas disso vou tratar mais à frente. Voltando, ao darmos uma olhada nessa historia (levando em conta quem a contou) vemos que a tal beleza varia de acordo com cada época. O conceito do que é belo sofre mudanças ao especificarmos certos períodos e isso por acaso faz da beleza uma variável?

Seriam as mulheres gordinhas do passado de famosos pintores belas se comparadas com as mulheres magérrimas que nos são apresentadas maciçamente nos meios de hoje? Seria uma pintura abstrata tão bela quanto uma foto computadorizada?

Temos que aceitar que a mudança em tal conceito é um fato e isso nos acarreta a pensar do por que disso? Por que temos o conceito de beleza variando de acordo com a época em que é retratada? Por que a beleza sendo única é capaz de tantos contrastes?

Que a beleza é universal isso não cabe discussão. E em todas as eras ela se manteve como centro de referência na busca da prosperidade e harmonia. A busca do ser humano, de sempre procurar algo melhor e sempre querer se superar está ligada intimamente com o sentimento de beleza. A beleza está intimamente ligada com esse desejo de cada ser. Até levando em conta os animais irracionais, vemos que eles têm uma pré-disposição ao que é belo, pois muitas vezes o acasalamento só é concretizado quando a beleza de um macho ou fêmea prevalece sobre os outros. Quando o mais belo é admitido e tido como parâmetro para melhora da espécie. Atualmente não temos muito como comparar a beleza, pois ela nos é imposta freneticamente pelos mass media, que ditam a cada semana qual será o novo padrão de beleza. Estamos chegando a um ponto em que a beleza perde seu caráter universal para se restringir apenas a uma moda padrão e isso se dá através de manipulações, o que poderia discordar afirmando que a beleza permanecerá como padrão absoluto e essas modas, no futuro, pertencerão ao grupo das coisas que vão ser esquecidas, mas isso é papo para outro ensaio. As pessoas vão perdendo a capacidade de achar o belo por si só e acabam tendendo para sempre buscar o apoio da “informação” nesse aspecto. As pessoas perderam a capacidade de apreciar e analisar e estão condicionadas a relacionar e comparar com o que é mostrado como belo. A beleza vai se perdendo pelo meio dos construtos urbanos.

Voltando ao rumo certo. A beleza está intimamente ligada ao desejo de melhorar, de não se acomodar e sempre buscar algo a mais. Poderíamos então colocar a beleza lado a lado com a perfeição? Seria a beleza a perfeição?

Tendo me questionado o que seria a beleza e não tendo achado o significado tentei me guiar por exemplos e perguntas. O que é uma musica bela? O que é uma pintura bela? O que é uma pessoa bela? Essas, e mais tantas outras, perguntas me fiz sobre a beleza e em várias situações diferentes, em varias escalas e cheguei a me responder na esmagadora maioria das perguntas, se não em todas elas, que a beleza aparece quando o alvo da questão é perfeito, quando nada pode se mudar afim de melhorá-lo. E que esse conceito é puramente pessoal não cabendo a uma pessoa avaliar o que é belo pelo todo, não cabendo a uma única pessoa ressaltar o que é realmente belo ou não e ser tida como parâmetro.

Seria então a beleza a perfeição?

Não achei casos em que a beleza não fosse a perfeição e isso me levou a adotar um conceito pessoal em que a beleza se equipara a perfeição. Pois não existe uma beleza mediana, ou há a beleza ou não há. Ou a coisa analisada é bela ou é medíocre. E essa beleza (a que nos é vendida todos os dias) é um estimulo a evolução.

Estaríamos todos então em busca da perfeição? Sempre em busca do que é belo? Sempre querendo algo mais?

Sabemos que o ser humano não se contenta com um estágio de estagnação e sempre busca a evolução. Seja essa em nível material, espiritual ou em qualquer um que possa estar accessível a sua capacidade de compreensão do nível atual em que se encontra. Concluindo que estamos sempre em busca da perfeição.

Estamos fadados então à busca sempre do inalcançável? Pois não é a perfeição inalcançável? Do momento em que alcançamos tal estágio e não podemos mais evoluir, pois não há mais nada a cima e ficaríamos estagnados na perfeição para o resto do sempre. Seria possível um ser com ambições ficar parado e estagnado?

Seria então a beleza uma forma inalcançável de satisfação?

Levando em consideração que achamos vários exemplos do belo ao nosso redor, leva-me a crer que o conceito de beleza varia com o que temos como nosso conhecimento. Como um ser com pouco conhecimento acha uma coisa bela um outro ser com mais conhecimento que o anterior pode achar a mesma coisa não bela. E isso não torna a coisa mais ou menos bela. Torna-a bela de varias maneiras. Todos os conceitos que temos em nosso ser variam de acordo com o nível de conhecimento que temos, com o nível de instrução que adquirimos ao longo de nossas vidas e isso torna também o conceito do belo, de beleza mutante.

Não existiram, portanto, coisas feias?

Se levarmos essa concepção de beleza admitiríamos que o feio pudesse não existir? Conseguiríamos viver com a verdade de que não poderíamos excluir nada de nossa idéia como descartável? Como feio? Como prejudicial ao avanço?

As coisas feias seriam aquelas que ninguém acharia alguma beleza nelas, nenhuma. Existiria algo que seria totalmente desprovido de beleza? Mesmo a mínima que fosse?

Ao levarmos em consideração que quanto mais conhecimento uma pessoa tiver mais amplos seus conceitos são em relação à outra que tenha menos conhecimento, podemos chegar a um paralelo de que o conceito de beleza da pessoa possuidora de mais conhecimento é mais apurado do que o que da de menos conhecimento. Não quero dizer que o conceito de uma pessoa se sobreponha à outra ou vice versa, mas sim que as pessoas que mais conhecimento têm enxergam a vida de uma forma diferente das que menos conhecimento possuem.

As mentes sintonizam o que é belo de acordo com o que já experimentaram, com o que já tiveram contato. As mentes avaliam o que lhes é exposto comparando com o que lhes é de necessidade, de acordo com o que a seleção automática deixa como disponível, tudo aquilo que passa pelo filtro é aprovado a ser apreciado. Enquanto que as mentes com pouco conhecimento e que nada tem a analisar ou comparar acabam aceitando qualquer coisa como melhor, mais perto da perfeição, mais bela.

As pessoas diferem-se pelo conhecimento que acumulam, pelo conhecimento a que tem acesso, ao conhecimento que buscam ter. Uma pessoa evolui no ritmo em que procura saber das coisas ao seu redor, a absorver o que o ambiente possa lhe passar. Não adianta nada uma pessoa que possui ao seu redor o conhecimento, mas não procura sabe-lo, não procura analisá-lo enfim não liga para ele. E uma pessoa que por menos conhecimento tenha a sua volta, mas procura-o em todos os cantos de sua vida é infinitamente mais apta do que o caso anterior.

É até impossível não aceitar que uma pessoa mais culta é mais sofredora que pessoas menos cultas. Por que?

Pois para a satisfação pessoal, e a busca que nos move pela vida, essa pessoa de maior cultura tem que trilhar caminhos muito mais difíceis a fim de encontrar a beleza, enquanto que uma pessoa de menor cultura ou conhecimento acha-a em qualquer lugar. É muito mais fácil uma pessoa culta achar quase tudo o que nos rodeia feio do que uma pessoa que nenhum conhecimento tem sobre as vastas informações que o mundo pode oferecer.

É, então, algo engraçado que nos rodeia, as pessoas estão cada vez mais acomodadas e não procuram saber de nada, apenas sentam-se em frente aos seus televisores ou aos seus jornais e absorvem notícias, se abstém de analisar, reter isso para sua vida. As pessoas param de se questionar e ficam estagnadas na vida (sendo ricas ou não, tendo acesso ao mundo ou não) e sem uma evolução acham que estão bem.

Uma pessoa perto da perfeição teria tanto conhecimento que para atingir o estágio da perfeição estaria fadado a nunca encontrar conhecimentos ou experiências que o levasse à perfeição, pois sua seleção estaria tão apurada que nada em que ele experimentasse, ou pusesse os olhos o satisfaria.

Chegando ao final de meu texto não consegui concluir o que é a beleza, mas cheguei perto ou pelo menos comecei a minha avaliação pessoal. Mas o que é certo é que as pessoas sempre buscam a perfeição, sempre estão atrás de algo belo e isso é associado de alguma maneira, mesmo não sendo a perfeição a própria beleza. E que é certo que pessoas mais cultas tendem a ver a beleza de uma forma diferente das pessoas que menos conhecimento tem, simplesmente por análise e bagagem vivida. Então quando uma pessoa falar que a música que você esta ouvindo é feia, apenas pense que ele pode ter um outro tipo de informação que você não tem, e isso não faz da sua música uma música ruim, somente faz dela uma música que não se encaixa bem em todos os padrões de beleza.

Estaria então o padrão de beleza tão elevado que ao chegarmos à perfeição aceitaríamos qualquer coisa como bela? Viríamos à beleza em cada ser por ele existir? Estaria a beleza em cada gesto e cada manifestação da natureza?

E o mais importante de meu texto, a conclusão. Temos que parar para analisar o que nos rodeia, temos que parar para saber o que nós temos como padrões e concepções e sempre procurar evoluir, pois se uma pessoa passa a vida toda achando uma única coisa bela e nunca muda de opinião algo ela tem de errado. Evoluam e mudem assim alcançaremos um mundo melhor.

leandroDiniz
Enviado por leandroDiniz em 08/07/2005
Código do texto: T32243
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