MIB não significa "homens de preto".

MIB não significa “homens de preto”.

Neste ensaio desejo que represente “Manual Integrado do Blogueiro”. O que for aqui explanado, vale em menor escala para construção de sites.

Mas podem chamá-lo de “panfleto de um navegante sem bússola”. Não ficarei ofendido.

Apesar de nunca ter construído (nem pretendo construir) um Blog, ousadamente farei algumas considerações sobre o tema, baseado em minhas percepções depois de navegar em mais de 200 deles e ter participado como colunista de um colega no Espírito Santo.

Espero ser contestado (e esclarecido) sobre o que relatar a seguir, pois as correções de usuários experientes no assunto, certamente servirão como orientações aos candidatos que pretendem criar um Blog futuramente. Devem atender às pessoas não famosas (menos de 10000 leitores). Mesmo porque, uma personalidade (artista, atleta, comunicador) normalmente não tem tempo de cuidar deste espaço e deixa tal tarefa para um parente próximo, assessor de imprensa ou um fã incondicional.

Minhas anotações não são considerações técnicas, mas uma breve análise sentimental que muitas vezes norteia fabricantes de produtos de alto consumo. Claro que é fácil opinar sem conhecer os empecilhos dos equipamentos. Por isto os esclarecimentos de especialistas se fazem necessários para clarear este assunto que começo a tumultuar.

Minha percepção é que Blogs são criados por dedicados internautas entusiasmados (é preciso que estejam) pelos seguintes motivos aceitáveis (fora outros não citados):

- exibir seus dotes literários;

- exibir fotos e vídeos sobre seus animais domésticos ou viagens realizadas a lugares deslumbrantes;

- repartir as receitas exóticas da vovó com as pessoas que apreciam boa gastronomia;

- abraçar uma causa humanitária, educativa, religiosa, esportiva, musical, diversas;

- explanar (e aprender) sobre um tipo de doença rara que acometeu algum familiar;

- defender uma espécie em extinção;

- defender algum direito cívico;

- trocar idéias com torcedores de seu clube de coração;

- servir como “diário” aberto (é preciso ter cuidado para não fornecer detalhes que coloquem sua segurança em risco);

- fazer propaganda de seu ramo (autônomo) profissional.

Certamente quem elabora um Blog sonha em desenvolver o melhor possível a ponto de atrair o máximo de adeptos. Depois de pronto (não sendo uma pessoa famosa), com certeza não colocará um anúncio na mídia sobre a inauguração do mesmo. Começará divulgando entre seus amigos de e-mails torcendo para que apreciem, tornem-se visitantes regulares e tragam novos adeptos.

Eu, na condição de “nablegueiro” (navegagador dentro de blogues), apesar de não conhecer em detalhes os problemas para a montagem de um Blog (claro que um grátis deve oferecer menos recursos e um pago para ficar excelente deve custar caro), relato aqui (sem ordem de prioridade) o que me parecem falhas (superficiais) que poderiam ser superadas com pouco investimento (principalmente tempo e bom gosto).

Claro que minhas colocações não atingem a um Blog cujo tema principal seja o “estudo da vitamina Z na alimentação da tartaruga do NE”. Num caso tão específico, pouco do que vou dizer pode ser aproveitado. Mas pode sim, em baixa escala.

Mais de 95% NÃO possuem:

*** - contador de visitas. Não é essencial para o leitor, mas de grande utilidade para o criador, pois mede sua popularidade e pode servir como “termômetro” de credibilidade e elemento de negociação com futuros patrocinadores.

*** - link “contato”. Pouquíssimos exibem o e-mail do autor. Mas uma tela de contato traz as seguintes vantagens:

a) disponível de imediato para um comentário breve sobre qualquer tema exibido no Blog.

b) demonstra a disposição do autor em receber comentários.

c) permite que os recados postados fiquem limitados a 5 ou 8 linhas.

*** - “livro de visitas/sugestões”. O dono do pedaço deve ser humilde para ler estas. E responder por que não as adota. Não importam os motivos.

*** - telas distribuídas de forma eficaz. Notamos imensas tripas verticais inúteis, que poderiam conter diversas matérias e evitariam termos de deslizar a barra vertical por “longos” segundos.

*** - fórum de discussão. Com tantos problemas sociais e pessoais (inerentes ao seu círculo de amizade) que habitam nosso cotidiano, temas não faltarão para serem debatidos (com regras mínimas) e quem sabe, produzir algum projeto de grande utilidade para a família, condomínio, comunidade, bairro, cidade e quem sabe, o país!

Nada de modéstia. Quem tem esta arma na mão, precisa pensar grande e manejá-la para elevar nossas qualidades de vidas.

*** - variação de cores. Não é preciso usar uma aquarela com 1000 tonalidades em abundância para descansar a visão. Mesmo com 4 ou 5 cores suaves alternadas de forma inteligente em torno dos “retângulos”, é possível obter um cenário agradável. Quem puder acrescentar um plano de fundo em movimento (aves, riachos, praias) com um som embalador será rotulado de bom “decorador”.

*** - um logotipo. Um ícone que represente a “marca” do proprietário. Pode até instituir um concurso entre seus pares tendo como prêmio um livro seu.

*** - perfil. Leitores apreciam saber breve histórico do autor. Não precisa revelar o saldo bancário nem o valor de seu IPTU.

*** - regularidade na alimentação de material. Este, no meu entender, é o PRINCIPAL fator para reduzir gradativamente as visitas ao local. Minha maior decepção é atravessar um Blog (ou site) por 3 vezes no período de 10 dias e perceber que os textos e imagens são os MESMOS. Passamos a imaginar que o espaço foi abandonado e não voltamos lá. Quem se aventura a criar um Blog, precisa ter o mesmo espírito de quem adota um animal de estimação. Tem de alimentá-lo diariamente e a cada 2 ou 3 meses, efetuar uma mudança na disposição física das telas. Ou pelo menos das cores. Ou do tipo de letras. Quem repete a mesma roupa ao longo de uma quinzena? Quem volta a ler um recado que está no elevador a mais de 3 dias?

Além de alimentar o espaço principal com o tema básico que provocou a criação do Blog, precisa abastecer diariamente pelo menos um dos “retângulos” que complementam a área. Basta lembrar que seus diversos visitantes possuem culturas e preferências das mais variadas possíveis (mesmo fazendo parte de um grupo unido que adora bolo de morango). Cabe-lhe lançar a cada semana uma novidade para aguçar estas personalidades e provocar-lhes comentários espontâneos. E descobrir o que merece ser repetido em épocas futuras.

Se for possível (não me parece difícil), o sítio pode ser alimentados (a cada semana um tema) com palavras cruzadas, problemas de Xadrez, desafio de Sudoku, jogo dos sete erros, labirinto, equações do primeiro grau, testes de lógica e outras centenas de distrações que ajudam a mover nossos neurônios anestesiados por tantas bobagens espalhadas por TVs e outras mídias pouco comprometidas com a qualidade das informações. Este é um ponto de destaque para quem tem um Blog criado com carinho. Perfumarias como entrada animada, horários pelo mundo, menu de melodias enquanto navega, valor do dólar e frutas da época são opcionais dispensáveis, mas agradáveis se não tornarem o programa mais “pesado”. Não precisa guardar versões antigas por mais de 3 meses. Se não houver um critério adequado, pode ser chamado de “museu”. A não ser que o Blog trate de história antiga.

*** - falta de espaço para colaboradores. SEGUNDO item de atração do Blog. Claro que uma pessoa normalmente cria o Blog para uso pessoal. Queima as pestanas bolando a estrutura do seu formato. Corre atrás em aprender como o confecciona (ou paga a um especialista). Tem todo o direito de usufruir de 90% do espaço. Mas não pode ser 100% egoísta. Seu desprendimento em convidar meia dúzia de colaboradores para alimentar sua cria e mais um “espaço livre” para doações esporádicas, certamente dá um tempero mais saboroso ao espaço.

Além de todos os cuidados previstos, é fundamental estar preparado para o sucesso. Caso seu espaço mostre sinais de alta freqüência, esteja pronto para aumentar as opções para abrigar novos freqüentadores. Não decepcione seus fãs. De repente, seu Blog torna-se atraente a patrocinadores.

Termino aqui por falta de maiores conhecimentos para opinar sobre tema tão atraente. Espero não ouvir de nenhum leitor um comentário do tipo: “- O autor desta fábula seria um bom Blogueiro”.

Eu só faria isto por alta remuneração. Mas não estou procurando emprego agora. Nem mesmo de “consultor” para montagem de Blogs. Também não quero ouvir algo como: “- Todos estes atributos citados precisam de tempo e dinheiro para serem implantados”. Eu respondo da seguinte forma: - um projeto para ter sucesso precisa apenas de planejamento detalhado e recursos adequados. Não tendo pressão (como dentro de uma empresa) para terminá-lo em tempo exíguo, pode ser aprimorado ao máximo, sem a pressa natural dos ocidentais e sem sofisticações que certas vezes tornam-se obstáculos. Depois disto, a parte operacional para montá-lo fica menos dolorida, sem contratempos. E a manutenção regular deixa de ser trabalhosa. Torna-se divertida. Quanto a valores, cito aqui uma comparação para reflexão. Uso e-mail de 2 provedores. Terra (pago) e Bol (grátis). Este último dá de 5 x 0 naquele em termos de gerenciamento das mensagens. Recursos bem distribuídos dentro das telas de ótimas aparências, provando que com boa vontade podemos criar algo atraente mesmo com menos recursos. Muitas vezes apreciamos mais o tempero de um “pé de chinelo” que cobra R$ 20,00 pelo prato em detrimento do “famoso” que cobra R$ 80,00 em virtude de usar guardanapos de pano com letras douradas e a TV que exibe BBB na hora do jantar fica apoiada num pedestal de mármore paraguaio.

Manter um animal no apartamento e deixá-lo sozinho no final de semana com ração e água não é um procedimento adequado para quem deseja ter um amigo felpudo. A adoção exige mudanças de hábitos e zelo profundo. Dez vezes maior do que cuidar de um Blog que não toma banho, não come, não mia de madrugada, não rasga tapete nem fica deprimido. Trazer um animal para casa e achar que apenas água e ração são suficientes para mantê-lo saudável, melhor não esboçar nenhum Blog.

Se algum colega estiver pensando em criar um Blog e abrir canal para receber sugestões de seus futuros leitores, tenha certeza que darei palpites gratuitos sobre o que abordei no resumo acima, torcendo pelo surgimento de mais uma “ilha de excelência” dentro de seu objetivo. Precisamos de milhares destas para que possamos montar uma cultura elevada que nos permita sair do marasmo de baixa qualidade midiática que compromete o futuro de nossos herdeiros.

Haroldo P. Barboza – Vila Isabel / RJ

Autor do livro: Brinque e cresça feliz.