NOMES QUE MUDARAM A ARTE LITERÁRIA NA ÉPOCA MODERNA

Leonardo Lisbôa

"Amor quando é amor não definha

E até o final das eras há de aumentar.

Mas se o que eu digo for erro

E o meu engano for provado

Então eu nunca terei escrito

Ou nunca ninguém terá amado.”

William Shakespeare

Quando aqui falamos em arte moderna não queremos nos referir a qualquer momento do século 20. Reportamos-nos ao momento histórico em que se deu a transição do Feudalismo para o Capitalismo.

Neste momento o Mundo Ocidental era influenciado pelas potências da época, que se localizavam na Europa Ocidental.

Dirigimos o nosso olhar para as antigas regiões da Grã-Bretanha, da Península Ibérica e da Gália (Transalpina), que neste momento via surgir os primeiros Estados Nacionais: Portugal, Espanha, Inglaterra, e França.

Nestas áreas nasceriam cinco homens (o mundo ocidental era marcado pela masculinidade notadamente, ainda que a feminilidade tecesse as tramas ou ainda que Elizabeth Tudor fosse uma das poucas protagonista da época). Os feitos destes foram no campo literário e da dramaturgia.

Com estas dicas nos vem a mente, sem dúvida, o nome de Luís de Camões – Luís Vaz de Camões (1524?-1580) dada nossas origens – como brasileiros – lusas, sobretudo por causa de nosso idioma oficial, o português.

Deste autor sabemos que sua obra-prima foi ‘Os Lusíadas’. “Camões criou um estilo seu, enriquecendo a língua do seu tempo com formas elegantes e originais...” (LELLO e LELLO). O autor nos deixou ainda três autos: El-Rei Seleuco; O Anfitrião; e Filodemo e inúmeras elegias (poemas líricos com finais tristes). “O seu poema espelha a alma portuguesa com a sua feição sonhadora e amorosa, o seu entusiasmo, o seu espírito de aventura, o seu belicoso ardor”. (Idem).

O segundo nome ligado à dramaturgia desta época em questão é sem dúvida o de Shakespeare. A razão disto é diversa, quer seja pela numerosa obralogia que deixou e chegou até nós, quer seja pelas produções cinematográficas que referendam o autor e que chega às telas de nossos cinemas e televisores. Quem nunca assistiu “Romeu e Julieta” ou “Hamlet”?

Talvez, hoje, William Shakespeare, dado a estes fatores, seja mais conhecido por nós do que Luís de Camões, que por fatores históricos está muito mais ligado às nossas raízes. Entretanto, o imaginário coletivo contemporâneo é influenciado pelos meios de comunicação (cinema e televisão, por exemplo).

Quando este imaginário era fortemente influenciado pela cultura francesa (as escolas adotavam o francês ao lado do inglês em suas grades curriculares, Paris era chamada de Cidade Luz, e a França ditava a moda e a arte) o autor da modernidade francesa mais conhecida era sem dúvida João Baptista Poquelin, cognominado Molière (1622-1673). Nos dias atuais, tal autor é quase desconhecido ou pouco citado. As novas gerações talvez nem o conhecem nos livros escolares.

Sobre ele os irmãos Lello escreveram:

É “o mais ilustre dos poetas cômicos franceses. Ator, empresário e autor dramático, conhecia todos os segredos da sua arte. A ativa proteção de Luís XIV e o aplauso de Boileau (crítico de arte) permitiram-lhe prosseguir na sua carreira, apesar das críticas e das oposições. Deixou uma admirável coleção de comédias e farsas, e uma galeria incomparável de personagens... se tornaram tipos imortais, não só nas letras francesas, como nas de todos os países cultos. Molière possuía um gênio extraordinário de observação, graças ao qual soube reproduzir no teatro os vícios e ridículos do seu tempo e desenhar caracteres, que parece terem existência real, tão vigorosos e firmes são os traços com que o autor os fixou. As suas obras principais são: As Preciosas Ridículas; A Escola das Mulheres; Tartufo; O Misantropo; O Avarento; O Doente de Cisma; O Médico à Força.

Enquanto Portugal, Inglaterra e França geravam seus gênios literários, a Espanha produzia dois grandes nomes.

O primeiro talvez por nós mais conhecido fosse Miguel Cervantes Saavedra. Autor do clássico D.Quixote de La Mancha. Viveu de 1547-1616.

O segundo foi Félix Lope de Vega Y Carpio (1562-1635), que a cinematografia trouxe à tona recentemente como o nome ‘Lope’, simplesmente assim e de grande efeito em quem assiste.

E esta obra foi a motivação que nos levou a este resgate de nomes da literatura, da época histórica em questão e, sobretudo como, ao que chamo de, “Exercício da Escrita”.

O literato em foco tinha poesia na cabeça, versos nas mãos e muita coragem em ser o que era, o que foi, concluímos. E se não fosse a arte da projeção (cinematografia), e sim uma obra plástica como uma pintura ou estátua, estaria decerto em algum museu ou galeria ou qualquer lugar onde se expõe preciosidades da humanidade.

Lope nasceu em uma sociedade estamental e estática. O que valia era o “Estado de Nascimento”. A nobreza era contemplada com privilégios por assim ser. Aos demais segmentos sociais só lhes cabiam os serviços e as obrigações de sustentar os privilégios e o governo. A não ser que se destacasse principalmente nas artes e mesmo assim muitos artistas eram vistos como meros artesãos.

Nesta sociedade, entretanto, quem soubesse ler e escrever era alguém que entre milhares de analfabetos já tinha um diferencial. E quem tivesse um saber, saber utilizar suas faculdades, tinha maiores chances.

O jovem Lope abandona o exército cansado das constantes guerras e mazelas, mostra a película. Porém, nada ele tinha a não ser o seu saber, sua mísera casa herdada dos pais e a escrivaninha que seu pai possuía para, como ofício, escrever cartas para os iletrados que precisassem de seus préstimos. Com estes modestos bens ele iria mudar o curso de sua história e iria acrescentar brilho à literatura e dramaturgia espanhola.

Deste feito conclui-se que o ato de escrever torna-se terapia para os males da alma, benesse para construção do tempo e produção do pensamento. Nas mãos talentosas e faculdades mentais, a escrita transforma a matéria comum, a palavra, em ARTE.

As cenas finais são consagradas por excelente fotografia (que permeia toda a produção) e pela leitura de um poema de Lope de Vega “Sobre o Amor”, permitindo que possamos fazer paralelos com o transcrito de autoria de Shakespeare no início deste ensaio.

Barbacena, 09/09/2011.

BIBLIOGRAFIA:

O LELLO, J. e LELLO, E. Dicionário Prático Ilustrado – Vol.3 – Lello e Irmão Editores – 1972 – Porto.

CINEMATOGRAFIA:

Lope – ano 2010 – Diretor: Andrucha Waddington – País: Brasil/Espanha – Gênero: Drama – Elenco: Selton Melo, Sônia Braga, Alberto Ammann, Pilar López de Ayala, Leonor Watling – Roteiro: Inácio Del Moral e Jordi Gasull.

Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 09/09/2011
Reeditado em 11/09/2011
Código do texto: T3210428
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.