O homem no caminho dos elefantes

Algumas teses defendem que o Brasil é um país ainda em desenvolvimento, por ser uma nação jovem. Interessante, deixa espaço para uma pergunta: o que acontecerá no país quando não for mais tão jovem?

Seus propositores dirão: com a idade, seu povo ganhará experiência e gerará o progresso!

Algo nessa tese não tem sustentação, afinal, não é esse nosso comportamento: quais atividades desenvolvemos e para isso procuramos pessoas que não sejam jovens?

Os anúncios em busca de profissionais pedem experiência, mas, por outro lado, muitos selecionadores consideram pessoas com pouco de mais de quarenta anos velhas!

E há um aspecto que marca o processo: são jovens com pouco de mais de vinte anos que estão avaliando candidatos com décadas de experiência. Há uma brutal inversão de valores.

Na natureza, não se vê esse erro. Bandos de animais são conduzidos pelos mais velhos e experientes. O homem primitivo era extremamente contemplativo, assim aprendia.

E nós, contemplativos? Como? Impossível, não podemos parar!

Entremos na máquina do tempo, e, sentados em local alto e seguro, vamos agir como nossos ancestrais: observar, refletir, aprender.

Veja! Logo à nossa frente, lá vai ela: uma manada de elefantes do deserto!

Enquanto olhamos, anciãos da tribo, com impressionante calma, nos dizem:

“Os elefantes vivem em sociedade, como nós, e são conduzidos pela matriarca mais velha, cuja sabedoria é resultado do conhecimento de várias gerações, portanto secular.

Estas podem viver entre 60 e 70 anos, e guardam na memória os caminhos da migração e das fontes de água e pastos. - Quem sabe esta não é a origem da fama da prodigiosa capacidade de retenção de informações que têm os elefantes? Por genética? Acho que não, mais por exercício!

A morte prematura das líderes coloca em risco as manadas, que, com pouca orientação, vagam sem rumo.

Na vida dos animais migrantes não é a pressa que os move, mas a prontidão. O tempo que o tempo dá. O tempo que o tempo tem. O tempo determina vida ou morte!

É a lenta e constante marcha que garante a sobrevivência dos frágeis e também dos debilitados membros da manada. O poder, sabem eles, não está na força e sabedoria de um, mas de todos, portanto a preservação é fundamental!

Os membros mais velhos são referências para os mais novos, pois são estes que indicam as plantas que podem ser comidas, os caminhos para as fontes de água, os efeitos das camadas de ar na propagação dos sons, para difusão de seus chamados, a sutileza para farejar a chuva, à distância de três dezenas de quilômetros, onde e quando começa e termina a marcha.

A importância desses membros é tão grande para o grupo que os vivos resistem em abandonar seus mortos, ficando ao seu lado dias.

O valor de cada integrante é demonstrado em situações de perigo, pois em sua defesa não vem apenas um, mas toda a manada. Filhotes jamais ficam desprotegidos.

Como reagem em situação de perigo? Na frente, os mais fortes!

Por quê, e a experiência? Protegida! Isso é sabedoria, resultado do conhecimento!

Depois de muita reflexão, voltando do túnel do tempo, fica uma dúvida: nosso aprendizado é deficiente por falta de pedras para sentar, anciãos para ensinar ou elefantes para ver passar?

No deserto de nossas mentes, certamente faltam pegadas da migração, fator imprescindível para acumulação do conhecimento, que leva à sabedoria!

Enquanto nossos jovens descartam nossos velhos, na minha inocência, quantas vezes não pensei: - Ah, se no Brasil tivéssemos elefantes...

Ivan Postigo

Diretor de Gestão Empresarial

Articulista, Escritor, Palestrante

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Ivan Postigo
Enviado por Ivan Postigo em 05/09/2011
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