O Cristo Mulato (Teatro)

PEÇA EM QUATRO ATOS E DEZ CENAS,

BASEADA NOS ANOS 40, 70, 80, 90 e 2000.

IDEM DO LIVRO HOMÔNIMO DO AUTOR.

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PERSONAGENS

O Cristo Mulato/Kalvinovitch

Onivlakovitch

Padre

Berenice

Chefe / Estação

Negra

Guarda-freios

Português

“Meganhas”

Povo

Bailarinos (as) Passistas

ATO I / CENA I

CENÁRIO

Igreja antiga de uma cidade do interior. Em frente, uma pequena calçada com três degraus. Nos dois lados da igreja vê-se fachadas das casas estilo barroco, à esquerda vê-se um imenso terreno matagoso cortado pela estrada de ferro, com postes telegráficos ao lado da linha. À direita, se vê um orelhão. E, mais adiante, uma estação de trem. Vê-se ainda lampiões nos postes e na maioria das casas.

ANOS 70:

Ao abrir-se o pano, vemos um grupo de jovens estudantes junto ao povo. Alguns estudantes procuram apedrejar os ônibus. Vê-se ainda outros revoltosos com paralelepípedos nas mãos. O líder do grupo impede, procurando acalmar os ânimos e evitar cenas de violência. O jovem líder se chama Kalvinovitch. Ouve-se canções de protesto de Blitzstein (música de caráter patriótico) ou outra canção. As músicas ficam a cargo do(a) diretor(a).

KALVINOVITCH (Em voz alta, irritado) – Assassinos, ladrões, vivem a roubar o dinheiro do povo!

POVO REVOLTADO:

H1 – Estou arretado da vida, aqueles investigadores apreenderam os meus livros de estudos sobre o cubismo, eles confundiram com Cuba de Fidel Castro!

Risos

H2 – São uns analfabetos, coitados, eles até que não têm culpa, os comandantes deles sim, como os PMs que estão pintando miséria no centro da cidade. Será que a cúpula não sabe?

H3 – O que é pior é que o Exército está jogando as polícias ao nosso encontro, responsabilizando-os perante à sociedade e à opinião pública.

H1 – Aquele sargento do Exército que está na reserva agora só anda fardado de segundo tenente com um “pingalim”* na mão! Ele está como chefe da segurança da estrada de ferro. Lá está uma verdadeira delegacia de polícia, a tabica come no centro. Ele vive alcagüetando os ferroviários lá no IV Exército, sabia?

*Pingalim, castanho ou preto, usado facultativamente por Oficial, subtenente e Sargento nos uniformes, previsto no Regulamento de Uniforme Militar. Somente Oficiais e Praças possuidores do Curso da Escola de Equitação do Exército poderão usar o pingalim preto.

(Primeiro ato (incompleto) do livro homônimo do autor, publicado em 1982/1994/2006).

José Calvino
Enviado por José Calvino em 05/09/2011
Código do texto: T3201649