Ensaio sobre o nada

Numa de minhas tentativas desesperadas de achar sucego, incentivado pela leitura de um livro, o qual diga-se de passagem nunca deveria ter começado a ler (ainda bem que nem terminei e nem pretendo), comecei a tentar manter a mente limpa. Isso mesmo não pensar em nada, uma espécie de meditação. Achei que seria perfeito pra minha situação porque eu, que sempre fui muito despreocupado com quase tudo, estava ficando preocupado demais com tudo.

A insonia era, e ainda é, intensa companheira, pois eu ficava pensando demais em tudo e não arrumava tempo pro sono aparecer.

Mas como intelectualista que sou (não tire conclusões precipitadas, intelectualista é muito diferente de intelectual, e esse eu não sou), acabei me pegando tentando definir o nada. Pois em minha mente intelectualista, tinha que saber no que pensar pra não pensar em nada. Acho que não consegui nem por um segundo pensar em nada. Acredito que eu penso sobre muita coisa até dormindo.

Mas consegui chegar a alguma conclusão sobre o nada. Afinal o que é nada?

Quando se vê um copo sem nenhum liquido dentro, não é dificíl encontrar quem responda que não há nada dentro do copo. O que a pessoa quer dizer quando diz que não há nada? Ela quer dizer que não existe nenhum conteudo dentro do copo. Mas isso é verdade? não tem realemnte nada dentro do copo? Claro que tem, tem ar, microbios, vermes e milhares de outras coisas que nem consigo imaginar. Então porque é usual dizer que não tem nada?

Pra tentar explicar isso, recorro a ajuda da matemática. Usando o conceito de limite. Quando uma expressão tende a zero, isso significa que a tendencia dessa expressão é caminhar pro zero, isso parece intuitivo, só o que o detalhe é quando o numero tende a zero, ele realmente nunca vai ser zero. Usando um exemplo bem simplorio, e que de forma nenhuma explica o que é o conceito de limite, mas ajuda a entender o que quero dizer: usando o numero um, agora imagine que tem a missão de dividir ele por dois infinitas vezes. logo: 1, 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/32, 1/64, 1/128, 1/256. Transportando as frações para decimais temos: 0,5 - 0,25- 0,125- 062 -0,031- 0,015- 0,0078- 0,0039.

É notório que a cada divisao os numeros vão diminuindo e se aproximando cada vez mais do zero, porém não importa o quanto ele se aproxime de zero, a divisão nunca terá razão zero, ou ,seja nunca chegaremos ao nada. Se transferirmos isso para uma unidade de medida qualquer, por exemplo centimetros, veremos que em determinado momento a medida será tão minima que logo trataremos como se ela não existisse. Como 0,0039 cm é visto por nós. Como nada!

Esse é exatamente o ponto onde eu queria chegar, agora saindo da matemática para a linguistica, a palavra nada, quando não acompanhada de nenhum substantivo, ela existe apenas na sua forma hiperbolica, ou seja, é apenas uma representação do que achamos insignificante. Como os números citados, quando medida, como os microbios e o ar dentro do copo, Eles estáo lá, eles existem, porém são tão insignificantes que consideramos como nada.

Agora se imagine como um ser dentro de sua cidade, eu moro em São Paulo, é uma cidade grande, imagine o que você representa diante da multidão de sua cidade. Para exemplificar, no meu caso, coloco dessa maneira: se eu morrer hoje, diante da minha cidade, não vai fazer a menor diferença. Pois diante de uma cidade tão grande minha participação é infima, desprezível, diante de algo tão grande. E levando em consideração a ídeia desenvolvida sobre o nada, logo diante da minha cidade eu sou nada. Porque sou tão insignificante diante dela, que, de forma hiperbolica, sou nada.

Mas e se eu ampliar um pouco mais. . . . . invés de minha cidade eu considerar meu Estado, minha insignificancia se torna ainda maior, ou seja, eu sou mais nada do que quando considerava a cidade. E podemos amplicar para o País, pro mundo e finalmente para o universo. Percebe o quanto não somos nada?

Agora imagine diante de Deus, o ser que criou e controla tudo isso. O universo, o mundo, os países, os estados e as cidades. Como podemos nos enxergar diante de Deus? Acho que fica até dificil de imaginar a diferença que existe.

Mas existe uma frase que é muito conhecida e que me marca muito:

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigenico, para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna."

A frase está escrita na Biblia, e fala de um tal Jesus que sendo Deus, abriu mão da divindade pra ser tornar um homem como nós, somente para salvar a vida dessas pessoas.

Vamos aprofundar isso um pouco mais, sendo Jesus o proprio Deus, resolve se tornar homem, como todos os outros, ou seja, se tornar um desses nadas, sendo ele oniciente, onipresente e onipotente. Tenta conceber o quão grande é esse amor, saindo de um ser tão imenso, apenas por pessoas que são simplesmente nada. Tenta inverter o conceito hiperbolico de nada, para tudo. Esse é o tamanho do amor de Deus.

Agora imagine o o que significa o seus problemas diante de Deus. Usando o mesmo conceito hiperbolico de antes: PRA DEUS TUDO É NADA.