LEMBRANÇAS E REFLEXÕES SEM SAUDADES.
A minha vida foi uma história, uma fantasia sim, e por ter sido assim revestida dessas características, amo-a de certa maneira.
Contudo, sei que deveria amá-la muito mais, todavia em função daquilo que ficou gravado no teatro da minha mente, não sei como posso interpretá-la e vivenciá-la de uma forma diferente, por isso sou como sou.
O que vou expor aqui é uma viagem ao passado.
E a reflexão que faço é um entendimento todo meu, sendo que, cada um deve fazer a sua reflexão conforme a sua visão particular.
E que dela tire as suas conclusões reflexivas, se é que realmente podem fazer e conseguem.
Escrever sobre a minha vida ou, a minha história por meio de lembranças e reflexões, não é uma coisa lá muito agradável.
Primeiro, porque terei que ressuscitar eventos passados e, com o mergulho nessas reminiscências, correrei o risco de legislar em causa própria.
Ou, tergiversar a minha própria existencialidade, desvirtuando o próprio sentido desta introspecção.
Entretanto, procurarei ser tão fiel comigo mesmo, assim como se estivesse num confessionário diante de um padre ou numa sessão de psicanálise, onde a sinceridade da confissão funciona como um anestésico e um modo de ressuscitar os males emocionais.
Relatarei todos os fatos, inclusive, a impressão dos momentos vividos.
Como se eu quisesse apresentar argumentos, não como uma defesa num ordálio da vida.
Mas sim, procurar através da minha interpretação rígida e concreta, vista hoje de uma forma justa e sincera, onde e porque, qual a causa, ou as causas da minha vida ter sido uma sucessão de eventos não satisfatórios.
Antes mesmo de começar parte da minha biografia, quero dizer que a minha vida é algo que se desenrolou e continua a se desenrolar como uma reciclagem, proveniente de uma possível vida passada quando, talvez, não tenha sido nada elogiável ou eu não tenha cumprido a minha missão de forma louvável.
Quem saberá?
Além da memória genética que nos foi transferida pelos nossos ancestrais temos também de dar atenção aos eventos sutis ou arquétipos.
Essas imagens escondidas no mais recôndito do nosso inconsciente. Segundo os metapsicólogos, são transferências trazidas pelo espírito, exatamente, aquilo que ele viveu em vidas passadas e sucessivas.
Em função da originalidade desses eventos, somos inclinados a entender que o ser humano é um intrincado labirinto de sensações e emoções, sentimentos esses que, de certa forma, constroem a nossa personalidade.
Não a vejo de uma outra forma. Pois sempre me portei dentro dos parâmetros sadios exigidos pela sociedade.
O meu caráter e os meus princípios nunca tergiversaram ou, tangenciaram em favor de uma vivência fora dos conceitos humanos de retidão.
Portanto, existe algo sutil que está fora ou vive longe da minha concepção ou entendimento. Mesmo assim, temos de admitir que esse algo sutil seja de caráter inteligente e incognoscível.
Fracassos? Foram vivenciados sim, mas tanto os fracassos como os sucessos, fazem parte da epopéia humana, e eu os vivi tanto um como o outro, e ambos não conseguiram me desequilibrar emocionalmente, mas fizeram um grande estrago na minha vida profissional, material ou física.
É verdade que sempre tive da vida uma concepção demasiadamente idílica, às vezes, humana, demasiadamente humana, talvez tenha sido esse o meu grande erro.
Ainda a considero assim, pois acho que o poeta estava certo quando disse que: “A vida vale a pena viver, nem que seja para dizer que não valeu a pena”. (M.Quintana)
Também acho que uma vida sem questionamentos não vale a pena ser vivida. (Sócrates)
Por isso, vou deixar se desenrolar a história da minha vida, questionando sempre.
A vida também é um produto do meio, queira-se ou não, herdamos muita coisa geneticamente, mas, os meios aos quais fomos submetidos na infância, os exemplos, os vestígios de uma vida anterior, nos abasteceram psicologicamente para o resto dessa mesma vida. Como disse Jung “A economia Psíquica”.
Tudo em mim, assim como em todas as pessoas, a personalidade é formada por um acúmulo de impressões gravadas em nosso inconsciente.
Esses arquétipos explodem durante a vida e deles não temos um controle, não temos forças e nem um conhecimento suficiente para modificá-los, pois quem os administra é o Self, um senhor administrador, ou melhor, o ecônomo da nossa vida psíquica.
Eles passam a fazer parte integrante da nossa vida, por isso, muitos aspectos são considerados congênitos. (pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto).
A Ontogênese é a Paligênese da Filogênese, isto é, a história do indivíduo é a recapitulação da história da raça, temos na vida individual de cada homem a miniatura da epopéia multimilenar do gênero humano. (Prof. Humberto Rhoden).
E que epopéia!
Enfim, somos um depósito de impressões genotípicas adquiridas de nossos antepassados, apenas minimamente diferenciadas em função de uma maior carga de informação, instrução, educação e de um meio ambiente também, deveras muito diferenciado.
Todo esse preâmbulo é necessário para preparar-se o espírito, a fim de se levantar da memória essas lembranças que tem uma feitura de quase uma confissão.
E por ser assim, é bom que a gente se lembre do que foi dito pelo Dr. C.G. Jung: “Os princípios de todo o tratamento da alma, devem ver-se no seu protótipo, a confissão”.
Como essas recordações mais se parecem com uma confissão, procurarei desenvolvê-las a partir da minha infância.
A infância é um período de vida que vai do nascimento à adolescência, extremamente dinâmico e rico, no qual o crescimento se faz, concomitantemente, em todos os domínios, e que, segundo os caracteres anatômicos, fisiológicos e psíquicos, se divide em três estágios:
Primeira infância, de zero a três anos; Segunda infância, de três a sete anos; e a Terceira infância, de sete anos até a puberdade.
A minha infância não foi propriamente um período de existência saudosa e rica.
Talvez dinâmica demais, como acredito ter sido a de tantos meninos e meninas.
Entretanto, a minha infância como a de todos os meus irmãos foi mais uma experiência de quartel.
Um campo de concentração, onde somente havia duas regras básicas fundamentadas na autoridade e na obediência, ou seja, uma hierarquia super rígida, acompanhada de uma obediência ultra cega.
Brincar era uma atividade lúdica quase que proibida, por isso brincávamos de forma camuflada, escondida e sempre com intenções destrutivas, pois essa era a forma que encontrávamos para nos rebelar contra o tratamento austero e por demais disciplinador.
Em toda a infância - pressupõem-se a existência de momentos alegres e de muito carinho, condições essas que não tínhamos em hipótese alguma, em vez disso, éramos tratados como recrutas e simplesmente direcionados para desenvolver algum trabalho obrigatório.
Havia em nossos pais somente a preocupação com a alimentação, o vestuário, a saúde e a instrução. (escola).
Carinho era uma manifestação ou um sentimento totalmente ausente, era tido como um comportamento ou um sentimento próprio dos fracos.
E nós, com toda a certeza, sentíamos a falta dele, mas não sabíamos como verbalizar essa necessidade, talvez por ignorância ou por medo, mesmo porque, não havia clima para tal.
Na verdade, não havia uma obediência natural (sadia) para com os nossos pais, o que realmente existia era o império do medo.
Era algo maquiavélico em que primeiro era instaurado o medo, e depois, o respeito e a obediência à autoridade máxima.
O Senhor pode tudo e tudo deve fazer, quer dizer que, os fins justificavam os meios e a autoridade era exercida e se fazia sentir através do medo, assim como se fez e ainda se faz nas ditaduras.
Entre eles, (pai e mãe) nunca houve uma manifestação de carinho que pudéssemos presenciar, o que deveria haver restringia-se a ser executado entre quatro paredes, simplesmente no ato sexual com o objetivo de procriar e não um ato expressivo de amor, pelo menos era o que parecia ser.
Se me perguntarem se eu tenho saudades da infância, a resposta é um sonoro não.
Pois tenho a impressão que já nasci adulto ou, me fizeram adulto antes do tempo.
É certo que aqueles momentos de meninice estão gravados no meu inconsciente, mas como eles foram traumáticos não me disponho a lembrá-los totalmente.
Ou melhor, não posso mais me lembrar totalmente; e tudo aquilo que não é submetido ao exercício freqüente da lembrança, acaba sendo arquivado no fundo do inconsciente, transformando-se em apenas vinhetas fugidias de difícil acesso que irão compor talvez a minha “Sombra”.
Nesses relâmpagos fugidios de lembranças, somente vêm à tona os métodos dos castigos, tais como: as surras, o apito, a pimenta, a vara de marmelo, a bainha do facão, a palmatória e até o fio elétrico.
Como se pode avaliar, não existe saudosismo algum dessa infância que foi tratada dessa forma pedagógica absurda e obtusa.
Não vou entrar em pormenores sobre os métodos aplicados nos castigos, mesmo porque, eles já estão perpetuados e enterrados nos escaninhos secretos do inconsciente.
Outra é porque não convém levantá-los da memória, pois podem ferir suscetibilidades de alguns que, de certa forma, ficaram com os seus estigmas de maneira latente até hoje.
O meu pai tinha uma instrução suficiente e acima da média, mas preferiu trazer a caserna para dentro da família, e a minha mãe, coitada, veio praticamente do mato, (sertão do Aratingaúba) e a sua educação também não foi lá tão elogiável assim.
Nessas condições, o meu pai exercia a sua total autoridade, uma personalidade forjada nos quartéis, inclusive, a minha mãe se submetia totalmente à autoridade máxima quando, deveria servir de intermediária para arrefecer os castigos e não ser apenas uma ordenança do comandante e chefe.
Isso era feito pelos meus avós que, dependendo da crueldade dos castigos, interferiam para amenizar e apaziguar os ânimos.
Os rigores dos castigos aplicados eram de tal monta que, as pessoas quando ficavam sabendo do acontecido, normalmente, se manifestavam de forma nada simpática com essa práxis educativa e isso de certa forma nos acalentava.
Era simplesmente incrível!
Pois tínhamos até hora marcada para a execução da surra.
Isso se dava geralmente após o expediente do meu pai, quando era informado pela minha mãe das nossas artes que não eram poucas.
Mas na maioria das vezes, consistiam em apenas infantilidades que deveriam ser tão somente corrigidas com instruções elucidativas, persuasivas e ou a supressão de algum laser.
Em vez de se usar a metodologia da persuasão no sentido de uma possível correção, era mais cômodo o uso primitivo da violência, através de métodos bárbaros, com a instituição do apavorante medo.
Todos sofreram com o açoite dessa educação anacrônica e, por certo, todos trazem alguma mácula inconsciente.
Exceto a minha irmã mais nova que, por ser a última, portanto a mais nova, não tenha sentido tanto o aguilhão da ditadura paternal, mas também deve ter recebido algumas reprimendas mais fortes.
Para se ter uma idéia do distanciamento emocional, entre um pai e um filho, eu confesso que me permiti beijar o meu pai somente depois de morto.
Acho que foi o meu gesto de perdão que, talvez, ele tenha entendido, embora tardiamente.
Aparentemente penso não ter sido muito afetado por essa práxis educativa, contudo admito apesar da minha forma liberal de ser, ter ficado impregnado de alguns resquícios inconscientes.
Mas os vejo de uma forma mais branda e liberal, mesmo porque, eles não foram conscientemente culpados, pois educaram da forma como aprenderam ou como foram educados.
Só se transfere aquilo que se aprendeu.
Outra coisa que tenho notado é a falta de sentimento de fraternidade entre nós irmãos; não sei se essa ausência de fraternidade é um produto da castração sofrida na infância ou, é em função da bifurcação ou pulverização que todos nos sofremos.
Mas o fato é que, apenas nos reconhecemos como irmãos por constar em nossas certidões de nascimento o mesmo pai e a mesma mãe. (Isso é doloroso)
Acredito na primeira possibilidade, pois nós verdadeiramente não constituíamos uma família, mas sim, um destacamento militar que, quando foi aprazado o tempo de caserna, todos solicitaram a sua baixa e se dispersaram.
Quanto à bifurcação ou pulverização, acho que é um fenômeno normal em que, cada um, parte em busca do seu destino e da sua realização própria.
A diáspora que ocorreu e que contribuiu muito para o esfriamento fraternal não pode ser debitada plenamente a um só motivo, pois os motivos estão localizados mais no passado, propriamente dito na infância.
Por termos sido educados dessa forma esdrúxula, sem a manifestação afetiva que era pelo menos devida, hoje, somos adultos envelhecidos e endurecidos emocionalmente.
Assim, nos tornamos emocionalmente travados e impossibilitados de exercer o sentimento do carinho, da ternura, na sua mais ampla expressividade.
O que acontece e está acontecendo conosco, é o fenômeno da reciprocidade em que, não podemos dar aquilo que não recebemos.
Pois não fomos criados numa atmosfera, onde se vivenciasse a manifestação diária do carinho e do bem-querer.
Somos verdadeiros espelhos, refletimos simplesmente aquela imagem que nos foi exposta ou imposta.
É verdade que não somos totalmente apáticos ou insensíveis, mas poderíamos ser mais extrovertidos e expressar com mais autenticidade a própria vida.
Tenho a impressão que, apenas eu consigo extravasar as emoções, em função de possuir uma personalidade mais liberal, romântica e humana, demasiadamente humana.
Para que pudéssemos administrar e ver com maior profundidade, com mais eficiência e menos reminiscências negativas, essas “Janelas Killer” que ficaram abertas em nossos inconscientes, deveriam ser submetidas a uma psicanálise.
Não sei até quando e com que intensidade, essas janelas inconscientes foram transferidas para a nossa vida.
Hoje é completamente diferente, não transferimos para os nossos filhos a forma de educar com a qual fomos educados, sabemos que não podemos impor-lhes os mesmos métodos pedagógicos sofridos no passado.
Segundo as minhas observações, todos os meus irmãos se deram bem, ou estão se dando bem, uns mais, outros menos, eu é que de certa forma não me dei lá muito bem, pois tive três relacionamentos (casamentos) que naufragaram sem sentido.
Não sei se esses envolvimentos tiveram o fim que tiveram, em função de algum componente inconsciente.
Realmente não sei.
Com relação ao meu primeiro casamento, sinceramente, nem eu e nem ela, estávamos preparados para assumir a magnitude desse envolvimento.
Mesmo assim, nos suportamos por onze longos anos.
Hoje posso afirmar com toda a certeza que não havia amor, o que houve foi um relacionamento imaturo baseado apenas numa expressão de sentimento com relação à gratidão.
O segundo casamento foi alicerçado numa louca paixão, sentimento esse que foi confundido com amor e, por ter sido assim, apenas fundamentado na efervescência de uma paixão desenfreada e, como era de se esperar, teve uma duração muito breve de nove anos.
O terceiro casamento, esse sim, eu sabia que havia amor, mas depois de alguns anos vim a descobrir que somente eu é que amava e não era amado.
E dado a essa inconveniência de ser um amor unilateral, fui traído com toda a frieza que não sabia existir naquele ser humano.
Mesmo depois de sete anos de convívio, sem que houvesse algumas rusgas de ambas as partes, nesse mesmo casamento fiquei entendendo bem o conceito claro de hipocrisia.
Pois até então, eu não sabia que a hipocrisia podia chegar a esse extremo.
Com a seqüência das separações, cada uma em seu tempo, os filhos também ficaram privados da ligação íntima.
Mesmo havendo uma dedicação para com eles, principalmente na infância, mas o fato é que, com a ausência do convívio diário, deve tê-los estigmatizados, pois toda a ruptura traz algumas seqüelas.
E com o passar dos anos, cada um tomou as rédeas do seu destino e, por uma conseqüência lógica, fomos submetidos e voltamos ao fenômeno da pulverização.
Essa pulverização, que é uma não convergência contribuiu sobremaneira para um esfriamento nas relações mais íntimas.
Não que haja um esquecimento, mas a falta do convívio no dia-a-dia provoca um distanciamento natural, mesmo porque, a maioria deles já constituiu família própria, e assim, estão envolvidos com os seus próprios problemas.
Mas, quando temos a oportunidade de estarmos juntos, não lamentamos esse fato.
Acho que todos compreenderam a situação em si, pois nas suas infâncias não houve castigos que propiciassem traumas irremovíveis.
Muito pelo contrário, nos lembramos das ocasiões lúdicas em que nos envolvíamos com certa nostalgia.
Nunca os fiz sentir a minha autoridade austera como pai.
Sempre me portei como mais uma criança aventureira e cheia de ilusões.
Assim como fazíamos nas pescarias, nas caçadas, nos acampamentos e, principalmente, na grande fantasia que tínhamos em procurar supostas pedras preciosas nas montanhas do contraforte da serra de Siderópolis.
Nesses momentos, vivíamos a indizível emoção de verdadeiros exploradores e aventureiros.
E se alguma vez eu me excedi com eles, naturalmente, eles não tinham culpa alguma.
Eu é que estava vivendo o meu inferno particular e não conseguia controlar os meus impulsos, e se realmente houve excessos, eu sou completamente arrependido.
Eu sofri muito nessas épocas de separações.
Também sei que eles sofreram, mas sei também que se permanecesse com as mães deles, correria o risco de desestabilizar a boa vivência que eles tinham.
Por isso preferi sempre a separação, em vez de vivermos juntos apenas para camuflar uma situação que era indesejável ou, para dar uma satisfação à sociedade sabidamente hipócrita.
Tenho uma grande admiração por todos os meus filhos, porque mesmo tendo eles vivido essa situação inconveniente, hoje demonstram uma grande afeição e uma preocupação para comigo.
É lógico que, entre nós ainda transita uma grande dose de amor.
E em conseqüência desse sentimento, dediquei-lhes vários poemas, com uma predominância para as filhas, é verdade.
Acho-as verdadeiras poesias em movimento e, quanto a eles, os considero sonetos de construção rígida e de rima alternada.
Enfim, eles são para mim as extensões da minha vida, que foi e ainda é idílica.
Por isso, passei afirmar em meus poemas que o amor é curto, longo é o seu esquecimento.
Em minhas introspecções e conseqüentes reflexões, não sei ainda se a forma como fui educado deva ser debitada a minha forma de existir e de me relacionar.
É duvidoso e desprovido de provas que os traumas sofridos na infância, tenham se transferido para a minha vida adulta quando, já tinha completo conhecimento da vida em si, e que o próprio desenrolar da vida é que vai construindo o seu caminho inevitável e iniludível.
Se houve esse contágio ou essa transferência, é necessário que se analise com muitos cuidados.
Uma vez que o que está contido no inconsciente aflora para o consciente, a fim de formar a personalidade e, diante dessa transposição de símbolos inconscientes, não sabemos exatamente como o superego decodifica esses mesmos símbolos.
E se fica sabendo, não sabemos como irá reagir.
Se nos ativermos tão somente aos aspectos estudados na fisiologia e na transposição genética, não podemos deixar nos arrastar pelas dúvidas.
Pois sabemos cientificamente que, esse é um processo natural, e que nessa mistura genética proveniente do pai e da mãe, forma-se um novo corpo genético.
Entretanto traz de forma hereditária, sinais, percepções e características que, até então, residiam nos troncos iniciais.
Eu, particularmente, tenho características diferenciadas dos demais irmãos. (explicarei isso, quando se fizer necessário).
Enfim, somos uma repetição de nossos ancestrais, contudo, com uma personalidade nova.
É bem verdade que não somos clones de nossos ancestrais, mas também é verdade que somos um somatório um pouco diferenciado através da memória genética.
Por isso diz-se que: quem não puxa aos seus degenera ou, a fruta não cai longe da sua árvore.
A nossa personalidade é forjada por enes fatores, tais como, educação familiar, instrução escolar em diversos níveis, religião em suas várias tendências.
E além de todo esse complexo educacional, temos ainda a sociedade que nos transfere valores.
Mas esse foi o meio que escolhemos para vivenciar e nos relacionar como seres humanos.
Além dos fatores enunciados acima, temos ainda de lidar com os fatores anímicos, que todos nós carregamos de forma inexplicável, mas que deles temos a nossa particular sensação da suas possíveis existências anteriores, pelo menos, é assim que a nossa intuição percebe.
Cada indivíduo é um ser diferente, como também não poderia deixar de ser tem percepções diferentes da vida.
E por ser assim, cada um exercita o seu modo particular de vida, dentro dos parâmetros da sua própria existencialidade e os estabelecidos pela sociedade ou pelo Estado.
A vida consciente em si é um aprendizado, num estágio temporário, não vou afirmar se é boa ou ruim.
Assim como o filósofo Thomas Hobbes disse: “A vida é detestável, cruel e breve”.
A vida, esse evento sutil e não-físico é de característica eterna, e ela se repete em aparições sucessivas, enquanto o universo existir, pois ele é o laboratório de vidas.
Antes, prefiro o que Charlie Chaplin disse a respeito da vida: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios, portanto, cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.
O que escrevi, eu não sei se posso chamar de uma avaliação ou apenas um relato.
Mas o que foi escrito está escrito e, por ser assim, serve para que os assuntos aqui tratados, eu não os tenha como uma fantasia ou uma lenda, mas sim, os tenha com a convicção de que de fato os vivi plenamente.
É lógico que se eu os submeter a uma análise de um psicólogo, por certo, ele fará uma triagem baseada nos seus conhecimentos científicos da psique humana, e após algumas reflexões enunciará o seu diagnóstico psicanalítico.
Eu, particularmente, não sei qual seria o resultado dessa análise.
Seria bom que soubesse, entretanto como a minha vida já está habitando o horizonte crepuscular, não sei realmente se teria alguma serventia.
Talvez o psicólogo em sua circunspecção científica venha a corrigir o início dessa prosa, afirmando que, a minha vida foi realmente uma história, mas não foi uma fantasia, antes de tudo, foi plenamente real.
Dirá ainda que, a fantasia criada em torno da minha vida, foi um processo inconsciente patrocinado também por um arquétipo anestésico da psique, com a finalidade de fazer com que suportasse as vicissitudes da própria vida. Talvez tenha ocorrido uma individuação ou completude existencial.
Para que assim, não pudéssemos transferir para os outros, aquilo que não gostamos e não suportamos, agora estou falando do arquétipo da “Sombra”.
Mas que na verdade, tentamos transferir para as pessoas das quais não gostamos, não simpatizamos, entretanto não sabemos por que desse comportamento, talvez, ausência de disciplina psíquica.
Talvez o psicólogo tivesse razão!
Por isso, devemos explorar sempre a psique humana, e entender por que fazemos as coisas que fazemos.
Eráclito.