O regente.
Os passos dele podem ser escassos,
podem ser estilhaços, podem ser em maços,
podem ser, podem ver. Depende do tamanho
do nosso abraço, depende de quanto íngreme
for a nossa fé. Depende dos vãos nos degraus
na nossa alma, nas ranhuras que o dedilhar
do nosso fôlego souber aninhar. Depende,
também, de quantas vozes terão os nossos
sonhos, de quantos rebanhos ousarmos
cerzir ao longo do nosso caminho. Depende,
por certo, dos galhos e ramos que
teimarmos em esculpir no que entendemos
por vida, pelo menos por enquanto.
As nossas varandas também contam,
ah! se contam. No final de tudo, se
é que existe tudo, se é que existe final,
vamos entender que não foram só as
nossas pegadas que ficaram lá
jogadas na areia. Também não foram
só as cordas que nos prenderam,
ou mandaram soltar. Aquele regente
que fica lá calado nas coxias dos
nossos dias certamente dirá
a hora de ligar a luz ou baixar
as nossas cortinas de uma vez.
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