POR QUE NOS PERDEMOS?
Lêda Torre
No início de toda relação humana, normalmente se dá de uma forma tão legal, que muitas vezes as pessoas envolvidas acham até que estão vivendo um conto de fadas. O sabor de sentir-se assim, é de uma êxtase que muitas vezes é difícil até descrever esse momento. Vem o tempo, passam-se os anos, tudo parece estacionar, se acomodar, e aquelas palavras loucas, aquelas palavras doces, desaparecem sorrateiramente, nos fazendo descambar como uma casa abaixo de uma barreira que de repente se vê surpreendida pelas fortes enxurradas, onde tudo se esvai...
cadê queles carinhos? aqueles olhares? aquele perder de fôlego quando se vêem? e aí surge a pergunta: por que nos perdemos? por que sucumbimos ante a estas coisas e em vez disso demos continuidade às coisas boas?
A relação cai na mesmice chata...no comum, na rotina...por que antes tudo era " as mil maravilhas?" ...parecia até que as coisas seriam eternas...aqueles lugares onde os enamorados achavam-nos lindos, românticos, agora não são mais...tornaram-se preto e branco...agora nada mais parece ter graça...mas por que as pessoas mudam tanto na sua essência? e, para quê?
Lembro-me que ao ler Exupéry, ele estava certo quando disse no seu famoso livro O Pequeno Príncipe:..." é o tempo que perdemos com alguém, que torna esse alguém importante em nossa vida"...não se pode amar alguém, sem se perder tempo com esta pessoa. Todos nós sonhamos um dia, com um grande amor, uma grande paixão, com sentimentos arrebatadores, mas que no entanto, tudo se perde no tempo...infelizmente...restam apenas companheiras como a solidão...as saudades...muitas vezes as mágoas...as boas lembranças...as velhas marcas...o velho coração tão machucado....mas pronto para um recomeço...ah, quem dera!!, um dia....esse amor que se foi, mas o sentimento ficou no seu mais profundo ser...
Também chega o momento em que as estrelas, a lua e o canto dos pássaros já não encantam mais...as músicas perdem seus encantos...
tudo antes belos, passam a ser meramente banais...comuns...mesmo assim, não devemos aceitar a mediocridade da mesmice, a covardia do cotidiano...a desesperança...o desencanto...as palavras não poderão jamais perder sua magia, pelo menos isso...basta acreditar que o seu coração ainda tem forças para começar tudo de novo e reviver....
_______Colinas, 31/07/2011_______