1-PUC-SP - 2005 (a crise institucional)

Em 2005 a PUC-SP viveu o estopim de uma crise financeira e institucional sem precedentes na sua história. Quando o déficit de 5 milhões de reais, existente em 1983, agora chegava a mais de 100 milhões de reais.

Mesmo que a Universidade entregasse todo o seu ativo para os bancos credores ainda assim não daria para paga-los. Por isso os credores exigiram que a Arquidiocese de São Paulo voltasse a ter o controle financeiro e educacional da Universidade, que estava há mais de duas décadas só na mão da reitoria. Esta uma exigência dos bancos para que se pudesse novamente renegociar a dívida.

Não que os padres inspirassem maior credibilidade, já que ao longo de três décadas pouco ligaram em ver o patrimônio da igreja virando garantia de empréstimos, sem fim - porque deram um status de dogma à independência universitária, deixando que os não religiosos dessem a ultima palavra em questões financeiras ( de pedir empréstimos sem precisar consultar ou obter a autorização dos padres ) - embora todo o patrimônio fosse da Igreja.

Mas enfim, a igreja mais uma vez deveria colocar outros imoveis dela, para garantir o alongamento da dívida, mas não só isso: pois os bancos exigiam ainda que os padres voltassem a dar a ultima palavra, também na administração da universidade, tomando as providenciais saneadoras.

Por isso, em julho de 2005, chegava no Campus a notícia do preparo de uma enorme lista de demissões, de professores e funcionários.

Gerando uma contrariedade enorme para todos estes grupos que remetiam-se só à reitoria - representação docente, discente, sindical (tanto dos funcionários como dos professores ) - quando a tomada das decisões caberia agora só aos padres: esta uma exigência dos bancos, pois queriam garantias maiores de que a nova divida seria paga, por isso agora tudo dependia da decisão de dois padres interventores:

Padres que foram nomeados pelo arcebispo de São Paulo, e grão chanceler da PUC, excluídas assim as instâncias de decisões habitualmente consultadas: estas as associações de docentes e discentes.

Assim foi que ocorreu o corte de 20% da folha de pagamento, mais cortes de cursos e bolsas de estudo, e ainda a demissão de professores e funcionários, porque a folha de pagamento estava inchada pelo corporativismo anterior dos funcionários e professores; neste novo pacote de contenção de gastos incluída a diminuição de salários e criação da aposentadoria voluntária.

Graças a este rol de medidas um ano depois, pela primeira vez, na PUC fecharia-se o mês sem se gastar mais do que se arrecadava.

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Embora a gritaria não tivesse parado, porque agora acusava-se a intervenção na PUC de operar a mercantilização do ensino, afrontando a tradição da universidade fazer o papel de agente social; quando antes todos falavam dela como se fosse uma universidade publica; os padres então sempre fieis à politica de não abrir a boca para não atrair sobre si mais contrariedades.

Já nesta nova fase de julho de 2005, onde os bancos credores passaram a dar as cartas ali dentro, viam-se quiosques ao longo de todo andar ao lado da biblioteca central, onde ofereciam aos estudantes cartões de crédito, cheque especial. Embora a Bíblia ensinasse a "não dever nada a ninguém'.

Sobre esta crise institucional ponderou o teólogo Luiz Felipe Pondé - Pós-Doutor em Epistemologia, Prof. do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião no site da APROPUC:

" PUC-SP é da Igreja Católica, fato não muito claro para grande parte da comunidade que a constitui. A sua cegueira já descreve, em parte, a falta de consciência de que se trata de uma universidade católica. Por que a Igreja deveria abrir mão de seu patrimônio? Neste aspecto, a PUC-SP sofre de um mal que está ligado, aos desenvolvimentos da teologia católica latino-americana nos últimos anos. Pois grande parte da PUC-SP vê a si como o reduto dos restos da esquerda (o que nos coloca, de certa forma, no lugar de “viúvas do socialismo”), como portadora de um ethos anti-mercado. Além disso, ela é um espaço do “catolicismo liberal de esquerda” ou simplesmente da “esquerda bem intencionada " , consideradas as tendências teológicas ditas conservadoras. Um exemplo de simplificação da realidade é a oposição “conservador x progressista”, o que serve para a infantilização do pensamento, dividindo o mundo entre bandidos e mocinhos, reduzindo o pensamento à militância panfletária. A crença no messianismo da PUC-SP para com a sociedade atrapalha o dia-a-dia da universidade. Devemos ter menos militância e mais aula. Menos “grandes teorias” e mais cotidiano. Não há como sobreviver gastando mais do que se ganha, e isso nada tem de ideológico; só o é para quem não tem de pagar a conta. "

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Mas o que significa e deveria representar a PUC-SP:

Universidade fundada no dia 13 de agosto de 1946 - que surgiu como meio de difundir o Catolicismo, face á uma sociedade cada vez mais urbana e industrial, que precisava de mão de obra especializada?

A Fundação São Paulo, órgão mantenedor da PUC-SP, pertencente à Mitra Arquidiocesana da cidade de São Paulo; tem o seu objetivo principal bem definido nos seus Estatutos:

Art. 1. A FUNDASP tem por principal objetivo:

- contribuir para a formação de uma cultura superior

adaptada à realidade brasileira e informada pelos

princípios da fé católica;

- contribuir para o desenvolvimento da solidariedade entre

as democracias, especialmente no campo cultural e

social, em defesa da civilização cristã.

- contribuir para o desenvolvimento da solidariedade entre

as democracias, especialmente no campo cultural e

social, em defesa da civilização cristã.

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Em 1947, o Papa Pio XII, concedeu o título de Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, quando a Universidade se instalou no antigo convento carmelita, no bairro de Perdizes.

Título de Pontifícia que significa que o Papa é quem dita as leis que a Universidade deve seguir: “salvar as almas pela cristianização dos indivíduos, da família e da sociedade”.

Como um objetivo tão claro pode desvirtuar tanto assim, já que o que mais se viu na PUC/Sp foram os inimigos do cristianismo tomarem a direção da universidade, ensinando doutrinas condenadas pela Igreja, como o relativismo, desconstrutivismo, mais as práticas que estes líderes tinham de orientação marxista.

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Parecia que não adiantava estar tudo muito bem definido nos Estatutos e documentos católicos, porque a capacidade dos detratores do catolicismo é enorme ( e coloque ai um numero enorme de bispos e cardeais que tirariam o Papa do Vaticano sem pestanejar, pois já escarnecem da autoridade papal em seus redutos ).

Razão de ser muito importante conhecer a maneira de como a heráldica estabelece os pontos cardeias da Universidade Católica, com base no seu brasão.

Guia da identidade visual do Brasão da PUC que é um documento com mais de 10 páginas, onde e está definida toda a padronagem, de cores e medidas, explicação de cada símbolo presente no brazão, segundo a heráldica, para que a identificação visual da faculdade obedeça uma unidade de princípios.

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Brasão que distingue a PUC de tantas outras universidades não católicas, conferindo-lhe tradição e nobreza. A origem dos brasões, vinda do tempo das cruzadas, situação em que os cavaleiros da Idade Média ornamentavam seus escudos como forma de serem identificados.

( ... )

Na heráldica religiosa, as flores-de-lis do brasão representam a pureza da Virgem Maria. Homenagem a Nossa Senhora que, sob a invocação do Imaculado Coração de Maria, é padroeira principal da Universidade.

No centro do escudo está a espada de prata guarnecida de ouro. No caso ela faz referência direta ao martírio do apóstolo Paulo, que dá nome à cidade e ao Estado onde está localizada a Universidade.

O livro, contido no coração do escudo, tem a inscrição Sapientia; ela que é a imagem emblemática do saber e, nesse sentido, é a maior referência à Universidade.

Segue a explicação do manual do brasão explicando as chaves entrecruzadas e localizadas atrás do escudo do brasão, uma em ouro, e a outra em prata. Na perspectiva religiosa estas chaves remetiam ao primado do apóstolo Pedro: “Tudo que ligares sobre a terra, será ligado nos céus, tudo que desligares sobre a terra será desligado nos céus” (Mateus 18,18). Essa simbologia uma referência à passagem em que Cristo entrega as chaves do reino dos céus ao apóstolo Pedro.

Na simbologia heráldica, a primeira chave, à direita, de ouro, faz referência ao poder que se estende ao reino dos céus; a segunda, à esquerda, de prata, simboliza, por outro lado, a autoridade espiritual do papado sobre a Terra. Enquanto a corda suspensa nas empunhaduras barrocas das chaves simboliza o martírio do apóstolo. Símbolos papais onde recorda-se que a Universidade Pontifícia se sintoniza com o Magistério do Pontífice e com toda a Igreja.

( ... )

Portanto de importância fundamental a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo ter um brasão de armas, para nele estampar a identidade da instituição, que abrange o ensino universitário, comunitário e católico.

O signo verbal que mais se destaca no brasão da PUC-SP é o "Sapientia", pois ocupa o coração do escudo e seu significado é “sabedoria”.

Porém, ele só faz sentido se conectado à informação constante no manto inferior do brasão: “Et augebitur scientia”. Ou seja: a sapiência não é simplesmente a sabedoria filosófica; ela não é algo, e sim alguém. Ela é a Sapientia Patris, a Sapiência do Pai. É o pensamento engendrado na Mente de Deus. “Sapientia et augebitur scientia” que quer dizer: “A sapiência e a ciência serão aumentadas”. Primeiro a sapientia, a sintonia com o pensar de Deus, quando a ciência ficará acrescida, abrilhantada, aumentada.

Um lema que se inspira em Santo Tomás de Aquino, “Sapientia et augebitur scientia”, e que propõe um diálogo entre fé e ciência, entre humanismo e tecnologia, entre finalidades e mediações, entre pesquisa e filosofia, entre o estudo universal e a comunidade científica com respeito às identidades e éticas pessoais.

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( A Autonomia Universitária: o dogma sagrado do saber acadêmico relativista )

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Foi em nome do princípio da autonomia universitária que os padres se afastaram da direção da PUC-SP.

Nestes Texto de José M. Nagamine, Funcionário Emérito pela PUC-SP, 2004, pode-se entender o que deveria significar teoricamente o princípio da autonomia universitária:

" A autonomia universitária não se confunde com independência, o que às vezes acontece nos acirramentos das discussões, porque entra questões ideológicas. Seu exercício deve seguir as orientações normativas, observada a legislação pertinente, basicamente fixada por duas instituições: a Universidade e sua mantenedora. Essa definição é complexa, no entanto, particularmente no caso da PUC-SP, porque envolve três instituições: ela mesma, a Fundação São Paulo e a Igreja Católica, sobretudo a local, cada uma com seu estatuto jurídico próprio definindo sua natureza e competências. Em linhas gerais, envolve a PUC-SP, com a legislação do sistema federal de educação superior; a Fundação, com o Código Civil; e a Igreja, com o Direito Canônico. Se as três instituições, no nosso modo de ver, devem respeitar e preservar a autonomia universitária nos termos do Art. 207 da Constituição Federal de 1988."

( PUC -o cipoal institucional )

Explica Luiz Eduardo W. Wanderley, prof. Dr. do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, ex-Reitor da PUC-SP:

" Na dimensão comunitária, ela ( a PUC-SP ) se abre para dois focos: um voltado para a comunidade interna, que deve funcionar de modo democrático efetivo, no qual todos os segmentos, e principalmente os grupos mais organizados, tenham uma vivência cotidiana de construção comunitária; exigindo, pois, diálogo constante, participação ativa, informações verídicas e públicas. No foco externo, além da diretriz recorrentemente aceita, centrada no compromisso social, ela compreende a inserção, por vias concretas, no bairro e na região onde a instituição esteja inserida (o que pode incluir uma inserção nacional e mesmo internacional). Não bastam alguns projetos de extensão nas comunidades circundantes, nem o discurso comunitário, mas são necessários uma compreensão profunda de seu significado, meios operacionais para a sua aplicabilidade e avaliações sistemáticas de sua consecução. Na dimensão confessional, trata-se de compatibilizar os princípios e normas de cada confissão religiosa, à qual as IES estão adstritas, com aqueles que regem a natureza dos centros e universidades envolvidas; podem- se destacar, entre outros, a autonomia universitária, a liberdade de pensamento e de expressão, o pluralismo.

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A Escadaria da Capela da PUC-SP

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Vale aqui voltar no tempo e ver como um convento carmelita veio a se transformar em Universidade: história que começa num espaço cedido dentro do convento de freiras da Ordem Carmelita de Santa Teresa.

A estrutura do convento, mais a capela, inaugurada em 1923, tombada pelo patrimônio histórico, em 2002; tem descrito no seu termo de resolução de tombamento:

" Proteção interior:

a. Antigo Convento das Carmelitas: manutenção da concepção espacial do claustro, especialmente da circulação horizontal definida pelos corredores, pelas arcadas e pelo espaço central ajardinado.

b. Capela: manutenção da concepção espacial interna na sua totalidade, destacando-se a decoração pictórica e barrado de azulejaria que circunda as laterais da nave e da capela-mór; os vitrais, altares em madeira e imagens. Capela e estilo colonial brasileiro, com azulejos portugueses nas paredes laterais da capela: contada ali a vida da primeira doutora da igreja, Santa Tereza de Ávila, enquanto no altar central está a imagem de Nossa Senhora Sedes Sapientiae, separado da nave por o sete degraus que simbolizam os 7 dons do Espírito Santo.

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Em um curso - sobre o dons do Espírito - que o Papa João Paulo II ministrou, em sete domingos subsequentes, em meio as suas viagens, ele começou seus ensinamentos com ...

1. O DOM DA SABEDORIA:

Disse o Papa:

" O mais excelso desses dons é o da sabedoria, que é uma luz que se recebe do Alto: é uma especial participação naquele conhecimento misterioso e supremo, que é próprio de Deus. Lemos, com efeito, na Sagrada Escritura: " Pedi a prudência e ela me foi dada; supliquei e veio a mim o espírito da sabedoria. Preferi-a aos cetros e aos tronos, e, em comparação com ela, tive como nada as riquezas. Esta sabedoria superior é a raiz de um conhecimento novo, conhecimento impregnado de caridade, graças ao qual a alma adquire, por assim dizer, familiaridade com as coisas divinas e as saboreia. O conhecimento sapiencial, além disso, dá-nos uma especial capacidade de julgar as coisas humanas segundo o modo de Deus, na luz de Deus. Iluminado por este dom, o cristão sabe ver dentro as realidades do mundo: ninguém melhor do que ele é capaz de apreciar os valores autênticos da criação, vendo-os com os olhos mesmos de Deus. Maria é venerada como "Sedes Sapientiae" (Sede da Sabedoria ). É um dom que vem do alto e flui através do Espírito Santo que rege a Igreja de Deus sobre a terra. Nos permite entender, experimentar e saborear as coisas divinas, para poder julgá-las retamente.

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Dom da SABEDORIA que convida a pensar na diferença entres duas PUCs - a do Rio e a de São Paulo:

Pois na dos cariocas os beneditinos, disciplinados por natureza, nunca abriram mão do comando efetivo, tão pouco fizeram da Universidade palco de plataforma política, nem se deixaram contaminar pela teologia da libertação, que no caso de São Paulo representou contaminação dos ideais católicos, que o título de "Pontifícia "outorga, no pressuposto de que se seguirá as diretrizes do Papa.

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Eis que na capela da PUC/SP temos o segundo degrau abaixo do altar, que corresponde ao ...

2.O DOM DO ENTENDIMENTO

Volta João Paulo II para um segundo domingo onde agora ensina:

" Nesta reflexão dominical desejo hoje deter-me no segundo dom do Espírito Santo: o Intelecto. Sabemos bem que a fé é adesão a Deus no claro-escuro do mistério; contudo, ela é também procura, no desejo de conhecer mais e melhor a verdade revelada. A palavra "intelecto" deriva do latim intus legere, que significa "ler dentro", penetrar, compreender a fundo. A luz do Espírito, com efeito, enquanto aguça a inteligência nas coisas divinas, torna também mais límpido e penetrante o olhar sobre as coisas humanas. Graças a ela, vêem-se melhor os numerosos sinais de Deus que estão inscritos no universo criado. Descobre-se deste modo a dimensão não puramente terrena dos acontecimentos, que formam o tecido da história humana. E pode-se chegar até a decifrar profeticamente o tempo presente e o tempo futuro: sinais dos tempos, sinais de Deus!"

Decifrar sinais como o que se viu na Capela da PUC-SP:

Universidade que começou num espaço cedido dentro do convento de freiras da Ordem Carmelita de Santa Teresa. Ali onde havia a capela do Coração Imaculado de Maria, que na sua construção original tinha um espaço para ficar o coro e uma grade lateral, onde , de fora da capela, fechada à noite, podia qualquer freira orar enquanto contemplava o altar de Nossa Senhora.

Grade e espaço do coro, dentro da capela, que com a vinda da Universidade para ocupar parte do Convento, então depois de um tempo este espaço dentro da capela foi cedido para a Universidade para virar um depósito de livros dela.

Nisso o prenúncio de que o saber acadêmico avançaria no espaço do saber espiritual da Igreja Católica, enquanto instituição voltada para o bem espiritual dos seu membros.

Da mesma maneira o dom do entendimento se vê no meio da Igreja quando a Congressão da Defesa da Fé, em Roma, denuncia a deturpação do ensinamento católico, quando os teólogos da Teologia da Libertação, vão propagar a preferência "subversiva' de Jesus Cristo pelos pobres, ignorantes, enfermos e oprimidos.

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Na capelinha da PUC desce-se assim dois degraus - o da inteligência - e o do entendimento - para se chegar ao terceiro deles, correspondente ao dom do Espírito Santo:

3. O DOM DO CONSELHO

Continuou o Papa:

" Continuando a reflexão sobre os dons do Espírito Santo, hoje tomamos em consideração o dom do Conselho. Ele é dado ao cristão para iluminar a sua consciência nas opções morais, que a vida de cada dia lhe impõe.

Uma necessidade muito sentida neste nosso tempo, conturbado por não poucos motivos de crise e por uma difundida incerteza acerca dos verdadeiros valores, é a que se intitula "reconstrução das consciências".

Isto é, sente-se a necessidade de neutralizar certos factores destruidores, que facilmente se insinuam no espírito humano, quando este é agitado pelas paixões, e de introduzir nele elementos sãos e positivos. Neste empenho de reabilitação moral, a Igreja deve estar e está na primeira fila: daqui a invocação que brota do coração dos seus membros— de todos nós —para obter antes de mais o socorro de uma luz do Alto. O Espírito de Deus vem ao encontro dessa súplica, mediante o dom do Conselho, com o qual enriquece e aperfeiçoa a virtude da prudência e guia a alma a partir de dentro, iluminando-a sobre o que deve ser feito, especialmente quando se trata de opções importantes (por exemplo, dar resposta à vocação), ou de um caminho a percorrer entre dificuldades e obstáculos. E, na realidade, a experiência confirma quanto "são tímidos os pensamentos dos mortais e incertas as nossas concepções", como diz o livro da Sabedoria. O dom do Conselho age como um sopro novo na consciência, sugerindo-lhe o que é lícito, o que condiz, o que é mais conveniente à alma. A consciência torna-se então como que o "olho-são", de que fala o Evangelho, e adquire uma espécie de nova pupila, graças à qual lhe é possível ver melhor o que há-de fazer numa determinada circunstancia ainda que seja a mais intrincada e difícil. Ajudado por este dom, o cristão penetra no verdadeiro sentido dos valores evangélicos, em particular dos expressos no Sermão da Montanha. Peçamos pois, o dom do Conselho! Peçamo-lo para nós e, em particular, para os Pastores da Igreja, com muita frequência chamados, em virtude do seu dever, a tomar decisões árduas e sofridas. Peçamo-lo por intercessão d'Aquela que, na Ladainha, é saudada como Mater Boni Consilii, Nossa Senhora do Bom Conselho.

4. DOM DA FORTALEZA

que o Papa João Paulo II explicou no terceiro domingo sobre os 7 dons do Espírito Santo:

" Nos fortalece quando estamos à mercê de nossa própria fraqueza, especialmente no campo espiritual e moral, cedendo aos impulsos das paixões interiores, e às pressões que o ambiente a volta exerce sobre nós. Para resistir a estes múltiplos impulsos é necessária a virtude da fortaleza, que é uma das quatro virtudes cardeais, sobre as quais está apoiado todo o edifício da vida moral. O dom da Fortaleza é um impulso sobrenatural, que dá vigor à alma não só em momentos dramáticos como o do martírio, mas também nas habituais condições de dificuldades: na luta por permanecer coerente com os próprios princípios; na ação de suportar ofensas e ataques injustos; na perseverança corajosa, mesmo entre incompreensões e hostilidades, no caminho da verdade e da honestidade. Quando experimentamos, como Jesus no Getsémani "a fraqueza da carne", ou seja, da natureza humana submetido às enfermidades físicas e psíquicas, devemos pedir ao Espírito Santo o dom da Fortaleza, para permanecermos firmes e decididos no caminho do bem. Então poderemos repetir com São Paulo: "Alegro-me nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por Cristo, porque quando me sinto fraco, então é que sou forte. Jesus experimentou no Getsémani "a fraqueza da carne", ou seja, da natureza humana submetido às enfermidades físicas e psíquicas, devemos pedir ao Espírito Santo o dom da Fortaleza, para permanecermos firmes e decididos no caminho do bem. Então poderemos repetir com São Paulo: "Alegro-me nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por Cristo, porque quando me sinto fraco, então é que sou forte".

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Não a toa, na sucessão papal, a comunidade da PUC/SP, e muitos destes padres e religiosos da teologia da Libertação, torciam com todas as forças para que os cardeais não elegessem Bento XVI, que logo que foi empossado desautorizou todo o saber relativista ensinado em universidades católicas na America Latina e mundo à fora.

Dias de caos institucional da PUC/SP onde nos Centros Acadêmicos mais convencionais, como o da Economia e do Direito, se liam cartazes da direção " AQUI NÃO PODE FUMAR MACONHA ".

Não pode fumar maconha? Como não?!! Rosnavam os membros de outros diretórios, como da Sociologia e Política, Filosofia, enquanto os militantes da política estudantil desafiavam - vamos fumar sim! - acabou o tempo da ditadura! Iriam fumar e também não iriam deixar a polícia entrar no campus.

Quando lá foi a reitoria, DCE, CAs, associações de professores, alunos e funcionários, promoverem conjuntamente o debate "proibir não é bom, temos que conscientizar".

Eis que no auge da crise, no auditório da biblioteca, em 2005, se anuncia uma quinzena com uma retrospectiva de todos filmes de Zé do Caixão para dar um tom mais sinistro a tudo isso: " A meia Noite buscarei tua alma " abrindo a série, com Mojica na tela comendo carne em Corpus Christi, enquanto debocha da procissão que passa na frente da sua janela.

Irônico que na mesma biblioteca, no setor de teses de mestrado, encontrava-se uma tese da Área de Semiótica, onde a pesquisadora mostra como em uma outra universidade particular, recém comprada, a nova reitoria fez uma completa reforma visual, para colocar ordem no campus. Começando por adotar regras para a comunicação visual ali dentro, justo para que não ocorresse isso que ocorria na PUC, onde em nome da liberdade de expressão sistematicamente se cometiam abusos inomináveis.

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Tudo isso acontecendo em julho de 1995 na PUC-SP, quando houve um congresso de educação religiosa, em que a coordenadora agradecia, na frente de todos, ao seu marido, ateu, por ajudar a organizar o evento.

Um ateu ajudando um evento de ensino religioso, como assim? Talvez por isso o " Salve Rainha " foi definido pela coordenadora como uma oração rançosa.

Acabava aí o festival de atividades desvairadas no campus da universidade no ano e 2005, estopim da crise? Pois mal começava!

Já que o departamento de Psicologia Social promovia naquele mesmo mês de julho, a Semana sobre Cultura Sadomasoquista.

"Semaninha masoca" onde, após a abertura do evento, a comunidade sdms foi confraternizar na boate de sempre, onde ali se realizou um concorrido leilão de escravos, cuja entrada custava um quilo de alimento, e onde os lances seriam revertidos para uma obra assistencial; creche do bairro que seria beneficiada com a arrecadação do leilão:

- Queria agradecer a todos que aqui compareceram, agradecer principalmente aos escravos que vão se doar nesta noite; está aberto o leilão, disse a Rainha Sádica, anfitriã do leilão!

No dia seguinte, lá na PUC, já estava pronta a exposição de arte sadomasoquista: muito importante parar mostrar como esta comunidade tinha sensibilidade artística, e ainda eram admiráveis escritores, poetas, pintores, e lançadores de moda.

Quem me contou do leilão de escravos foi uma escrava sadomasoquista, secretaria de um sociólogo, executivo do CityBank e senhor da secretária.

Quando recomendei a ela que fosse se confessar com o capelão da Paróquia Universitária da PUC, ela respondeu que seu dono e mestre não deixaria ela ir. Mas ele precisaria saber? Sim, porque alem de seu senhor e mestre era também o seu único confessor!

Mas nem tudo estava perdido.

Porque ainda assim podia-se ir a qualquer hora na Capela da PUC para rogar à própria personificação da pureza - Virgem Maria - que nos inspire para que peçamos ao Espírito Santo de Deus, para que nos sopre o DOM DA FORTALEZA.

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Hora de conhecer mais um dos sete degraus da capelinha. Assunto para mais um domingo com o Papa João Paulo II, que nos ensinará agora sobre...

5. O DOM DA CIÊNCIA:

" Conhecer o verdadeiro valor das criaturas no seu relacionamento com o Criador. Sem divinizar as coisas e as ciências naturais, a ponto de as tornar o objetivo supremo da sua própria vida. Algo que acontece, sobretudo quando se trata das riquezas, do prazer e do poder, que, por isso mesmo, se podem tirar das coisas materiais. São estes os principais ídolos, diante dos quais o mundo com muita freqüência se prostra. "

Mais um degrau, mais um dom do Espírito Santo a estudar, enquanto se contempla Nossa Senhora Sedes Sapientiae no altar DA CAPELA DA PUC, desta vez para conhecer o degrau que corresponde ao:

6. DOM DA PIEDADE - É uma graça de Deus na alma que proporciona frutos de oração e práticas de piedade ensinadas pela Igreja. Nos dias de hoje, há poucas pessoas que acham prazer em serem devotas e piedosas; as poucas que o são, tornam-se geralmente alvo de desprezo ou escárnio. Resta saber qual dos dois satisfaz mais à alma, qual dos dois mais consolo lhe dá na hora da morte, qual dos dois mais agrada a Deus. Num mundo materialista e distante de Deus, peçamos a graça da piedade, para que sejamos fervorosos no cumprimento das escrituras.

Ensinou João Paulo II a respeito :

" O dom da Piedade orienta e alimenta os sentimentos de profunda confiança em Deus, sentido como Pai providente e bom. Com o dom da Piedade, o Espírito infunde no crente uma nova capacidade de amor para com os irmãos, tornando o seu coração de algum modo participante da mansidão mesma do Coração de Cristo. O dom da Piedade, além disso, extingue no coração aqueles centros de tensão e de divisão que são a tristeza, a cólera, a impaciência, e nele alimenta sentimentos de compreensão, de tolerância e de perdão. Esse dom está, pois, na raiz daquela nova comunidade humana, que se baseia na civilização do amor."

Realmente estes padres que pegaram este abacaxi da PUC, falindo, são de fato cheios de piedade, porque além de segurar este rojão todo ainda tinham que dar confissão a estes tremendos pecadores institucionais, que são os professores que administravam a Universidade:

- Sim, padre, pequei por guiar-me pelo corporativismo; - pequei pela falta de compromisso profissional;

- Pequei por contemporizar quanto devia ter agido com firmeza; - pequei por ignorar certas previsões sobre impactos que nossas decisões teriam: como criar planos de carreira que na verdade eram privilégios;

- Pequei pelos equívocos de gestão, inchando departamentos com contratações dos meus apadrinhados.

- Pequei demais, padre, confesso, mas nunca pequei contra a Autonomia Universitária, pois honrei a liberdade acadêmica, fui comprometido com uma gestão democrática, e guiado pela inclusão social e intervenção na realidade, ainda que eu tenha gastado o que não tivesse ao conceder bolsas e mais bolsas sabendo que isso endividari a universidade radicalmente.

- Falimos por gastar o que não tinhamos? Isso é apenas um detalhe insignificante face ao significado de tudo que fizemos ( cortesia com o chapéu alheio )

" Senhor dai-me paciência e controle emocional para não esganar estes ex reitores ", pensava o padre confessor: - Meu filho, você como cristão tem que confessar os seus pecados, mas, só se for para arrepender-se deles!

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Crônica esta que analisa a crise da PUC de 2005, face os sete dons do Espirito Santo, representados nos sete degraus da capela da PUC/SP, que levam ao Altar onde está a Padroeira da PUC; agora a vez do Papa JP II explicar mais este dom :

7. TEMOR A DEUS !

Bem, não podemos perder mais esta aula do Papa Peregrino!

Ainda que seja aflitivo saber que como somos iguais àqueles que foram expulsos, do Jardim do Éden, após pecarem; ou de tantos outros infiéis, desobedientes a Deus, maus servos, que fizeram mau uso dos talentos recebidos.

Ou olha só o ex reitor que acabou de confessar os seus pecados e já vai para a sala dos professores onde o espera um repórter que ouvirá dele:

" A situação econômico-financeira da PUC-SP é efetivamente grave. Se não continuarmos a enfrentá-la, pode, indiscutivelmente, comprometer o seu projeto educacional. Entretanto, é necessário à nossa universidade recuperar sua própria história para poder dimensionar os problemas e suas soluções. "

É por isso que o Papa João Paulo II, apesar de correr o mundo, pregando, apesar de doente, ainda assim arrumava um tempinho, aos domingos, para ensinar pessoalmente, como qualquer catequista, a nós pobres pecadores:

" Temor de Deus. A Sagrada Escritura afirma que o temor do Senhor é associado ao princípio da sabedoria. Mas de que temor se trata? Não certamente daquele "medo de Deus" que impele a evitar de pensar n'Ele, e de recordar-se d'Ele como alguma coisa ou alguém que perturba e inquieta. Pois foi este o estado de animo que, segundo a Bíblia, levou os nossos primeiros pais, depois do pecado a "esconderem-se do Senhor Deus, por entre o arvoredo do jardim. Foi este também o sentimento do servo infiel e mau, da parábola evangélica, que escondeu debaixo da terra o talento recebido. Temor de Deus é o sentimento sincero e inquieto que o homem experimenta diante da tremenda majestade de Deus, especialmente quando reflete sobre as próprias infidelidades e sobre o perigo de ser "encontrado muito leve" no juízo eterno, ao qual ninguém escapa. Neste caso o crente apresenta-se e põe-se diante de Deus com o "espírito contrito" e com o "coração humilhado", bem sabendo que deve esperar a própria salvação "com temor e tremor". Isto, porém, não significa medo irracional, mas sentido de responsabilidade e de fidelidade à sua lei."

Continua o Papa:

"É tudo isto conjuntamente que o Espírito Santo assume e eleva com o dom do temor de Deus, Ele não exclui, certamente, a trepidação que emana da consciência das culpas cometidas e da perspectiva dos castigos divinos, mas mitiga-a com a fé na misericórdia divina e com a certeza da solicitude paterna de Deus, que quer a salvação eterna de cada um. Com este dom, todavia, o Espírito Santo infunde na alma, sobretudo, o temor filial, que é sentimento enraizado no amor para com Deus: a alma preocupa-se então em não causar desgosto a Deus, amado como Pai, em não O ofender, em "permanecer" e crescer na caridade. Deste santo e justo temor, conjugado na alma, com o amor para com Deus, depende toda a prática das virtudes cristãs e, de modo especial, da humildade, da temperança da castidade e da mortificação dos sentidos. É uma advertência para todos nós que às vezes, com muita facilidade, transgredimos a lei de Deus, ignorando ou desafiando os seus castigos. Invoquemos o Espírito Santo, pare que derrame largamente o dom do santo temor de Deus nos homens do nosso tempo."

Sinceramente, João Paulo II era um santo e deve ser mesmo canonizado. Porque toda ajuda é bem-vinda nesta seara universitária.

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Frankestein a Universidade de Sereias

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Dr. Victor Frankenstein não se conforma diante da morte, pois não aceita os desígnios naturais da vida. Parte, então, para estudos diferentes daqueles ortodoxos. Ele quer uma nova ciência, que, a um só tempo, restitua algo de mágico que havia perdido. História de Frankestein que chamou a atenção de um doutorando da PUC em Ciências da Religão, Leandro Gaffo; estudo que serve de metáfora para se entender como as coisas desvirtuam-se:

( ... )

" Em sua busca frenética, ele doa parte de si para sua criatura, abandona a si próprio em prol de sua criação, a ponto de quase se perder, de quase não se reconhecer mais quando olha no espelho.

Ele trata os pedaços de cadáveres que usa para construir sua

criatura como mera matéria-prima, assim afasta-se da

natureza que o criou e depois deixa de ter responsabilidade sobre a coisa criada, não a reconhece, quando logo a abandona. A criatura foge e ocorre seu encontro com o cego que a aceita, pois não

pode julgá-la (ao menos pela aparência). Reação da criatura diante do

criador é a de questionar o ato da criação e da ausência de um nome para si. Sua primeira pergunta é somente: Por quê? A morte de ambos no Pólo Norte é emblemática quando sugere que um deseja a morte do outro, pois se condenam mutuamente, e também desejam a própria morte, já que se recusam a viver com tamanho fardo: o das imperfeições (para um) e o da responsabilidade (para outro), pelos quais são condenados e se condenam."

" Talvez o desejo de criar um ser autômato (que se move sozinho), expresse um outro mais profundo que alguns traduziram por “Brincar de Deus”, ou seja, o de recriar a natureza, recriando, assim, a si mesmo. Este avanço em direção à autonomia, no entanto, sempre

teve de alguma forma, de lidar com o interdito, a saber, com aquilo que não pode ser alcançado ou mudado. "

" Já para o impulso criador do Dr. Frankenstein, este interdito assume uma outra configuração. O medo relacionado ao que não podia ser realizado, não se encontra na iradivina, ou no castigo da transgressão da lei de Deus, mas sim na soberba idolatria da razão e a não previsão (da razão) da responsabilidade que envolveria tamanho ato criador. É comose a mente se sentisse culpada por não conseguir dar conta do peso desse ato criador. A criatura mete medo pelo seu aspecto grotesco e defeituoso, mas também pela autonomia que ganha da semelhança com seu criador e não por representar os desígnios de Deus."

Interessante, não ...?

***

Portanto ai está uma parte da história da crise da PUC-SP, vista na perspectiva da sua capela, onde impassível e soberana se encontra no altar central Nossa Senhora de Sedes Sapientiae, acima dos sete degraus, que correspondem aos 7 dons do Espírito Santo.

Este artigo também uma maneira para estabelecer vínculos mais profundos com esta igreja - que desperta amor e ódio ao mesmo tempo - tantas as contrariedades que se vive ali dentro - eis que quando a minha fé no catolicismo estiver mais fraca, então lembrarei desta história, e buscarei renovar este vínculo com a igreja e seu valores eternos.

Pois nestes dias em que aconteceu o estopim desta crise eu voltava para a Igreja Católica. Disposto a crismar-me. Pois não tinha recebido este sacramento, na época certa. Quando agora eu era um homem de 50 anos, que fazia um curso para Crisma, de um semestre e meio, numa classe de adolescentes de 15 anos. Quando ao mesmo tempo, para não me sentir tão deslocado, passei a frequentar a biblioteca da PUC, ex aluno da casa que era, formado em 82. Pois ali, a cada noite, eu poderia estudar temas teológicos mais condizentes com a minha idade, e para defesa da fé católica em questões mais contemporâneas. Sem imaginar que seria testemunha ocular de tantos acontecimentos, cheios de implicações religiosas.

Por isso, quando o Catecismo da Igreja Católica ensina que o Espírito Santo trata a cada um de nós, de uma maneira muito pessoal, este artigo é uma prova viva desta verdade espiritual. Página onde faço o meu pequeno tributo à Nossa Senhora Sedes Sapientiae: padroeira e referência maior de uma Universidade criada para defender a Fé Católica em meio à modernidade.

Segue-se abaixo dois anexos onde se pode conhecer um pouco mais dos movimentos históricos que afetaram a igreja católica, no século XX, o que por sua vez ajuda a entender como e por onde uma universidade católica como a PUC/SP perdeu o seu norte.

Eu, que estudei ali, 25 anos antes, e vivi intensamente o lado dos movimentos sociais dentro da universidade, quando torcia o nariz para o catolicismo, não podia imaginar que um dia voltaria ao " ninho" bem ao estilo "A volta do filho pródigo".

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ANEXO 1 :

Importante lembrar o pós-guerra ( II mundial ) , quando se viu a crescente influência de pensadores católicos humanistas - como Emmanuel Mounier, Teilhard de Chardin e Jacques Maritain - além da presença no Brasil, na década de 1950, do Padre Louis Joseph Lebret (1897-1966), dominicano francês ligado ao movimento Economia e Humanismo - o que fez com que o pensamento social católico brasileiro sofresse grandes transformações, com o crescente envolvimento do movimento estudantil na discussão dos problemas nacionais e das chamadas " reformas de base".

Movimento entre os estudante católicos que chegou a engendrar a criação de uma organização política desvinculada da Igreja: a Ação Popular, constituída por antigos membros da JUC ( Juventude Universitária Católica ), reduzindo a importância das dioceses; quando a questão social já aparecia, por influência das idéias de pensadores católicos de esquerda.

Os debates na JUC se davam em cima da questão sobre o desenvolvimento e o nacionalismo.

Progressivamente, os jucistas passaram a questionar a sociedade capitalista. A crescente influência do marxismo na América Latina fez com que estes movimentos se aproximassem e houvesse uma crise com a hierarquia da Igreja.

Engajados na política universitária, e em movimentos de cultura e educação popular, aos poucos seus membros aderiram à Ação Popular, que se afastaria do humanismo cristão, assumindo contornos leninistas e mais tarde maoístas.

Em 1968, a JUC havia desaparecido, mas foi considerada precursora da atuação da Igreja Católica brasileira, em defesa dos direitos humanos de prisioneiros e perseguida políticos, e do trabalho pastoral voltado a questões sociais.

Segundo o teólogo peruano Gustavo Gutierrez também a teologia da libertação teve sua origem na JUC do Brasil, no início da década de 1970; explica o padre franciscano Luis Gonzaga de Sena:

" A experiência da JUC é vivida na interface das duas identidades que descrevemos nos capítulos anteriores. Toda a dialética da “revisão de vida” levava cada militante a desenvolver a consciência de sua dupla identificação: com o meio e com a comunidade cristã."

O padre franciscano Luis Gonzaga Silva fala do espaço de atuação externa para um jovem católico nos anos 60:

" Eis que a JUC recusa do modelo partidário democrata-cristão e dificuldade em reconhecer uma função pastoral em instituições católicas como hospitais e, sobretudo, escolas católicas. Crescente uma tendência a não aceitar a intervenção “de autoridade”, por parte da hierarquia, nos assuntos políticos e sociais. A partir de um certo momento, tomou corpo, em seu lugar, a afirmação da vocação que o leigo recebia diretamente pelos próprios sacramentos do batismo e do crisma. Quanto à chamada “doutrina social da Igreja”, embora essa tenha continuado a ser citada e até mesmo estudada no Movimento, pouco a pouco deixou de ser empregada como argumento nas discussões militantes. Em geral, a doutrina social da Igreja era vista como abstrata. Exigia-se que ela fosse comparada com a análise da realidade e que fosse confrontada com as teorias sociais. A partir de um certo momento, tomou corpo, em seu lugar, a afirmação da vocação que o leigo recebia diretamente pelos próprios sacramentos do batismo e do crisma. "

Secularização da igreja que se faz por seu modo de identificação com o meio:

" Mas o método da JUC levava ao encontro de um outro tipo de ateísmo. Em geral, do marxismo, muitas vezes bastante diluído na sua forma. Por outro lado, a “secularização” que naqueles anos começava a aparecer em alguns segmentos sociais, começando também a invadir o meio universitário, era uma secularização de costumes..., sem crise, sem tensão, sem aventura intelectual ou moral. Muitas vezes, dava a impressão de uma banal desmobilização ou desmotivação , como quando, “um belo dia, alguém descobre que não tem mais fé”..., como quando, no casal, se descobre que já não se ama mais a mulher ou o marido, sem poder oferecer, para tal, uma razão ".

Reflexo da secularização a religião perder a sua influência sobre as variadas esferas da vida social.

O termo deriva de “secular”: numa perspectiva religiosa, significa aquilo que é secular ou temporal ( como o poder do Estado) distingue-se do que é religioso ou intemporal ( a fé em Deus e os objectivos da Igreja).

Secularização de uma sociedade que pode ser entendida, em um sentido literal, como um processo pelo qual a religião deixa de ser o aspecto cultural agregador, transferindo para uma das outras atividades desta mesma sociedade este fator identificador. Isso faz com que tal sociedade já não esteja mais determinada pela religião, mas restrita a um âmbito particularíssimo do ser humano.

Secularização que levou muitos seminários e conventos a fecharem.

Atingida assim a espinha dorsal da contra reforma que ante apostava na formação de sacerdotes que santificassem sua vida ao máximo, através da oração, recolhimento, e apego à orientação do Papa e o ensino por ele recomendado.

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Monsenhor Jean-Louis Bruguès, explica o efeito mundial da secularização:

" A secularização importou em conhecimento cada vez menor da doutrina católica, da historia da Igreja e de seus costumes. A começar pelo desconhecimento do Catecismo da Igreja Católica, que apresenta uma teológica sintética, orgânica e que aponta para o essencial. Na secularização, seminários e catequeses, viram surgir professores e formadores, contaminados por um sistemático espírito de crítica, e tentados a oferecer uma especialização demasiado precoce aos jovens, que não tinham o necessário background cultural. Mal receberam o catecismo e vão receber uma formação profunda nas ciências humanas ou nas técnicas de comunicação? Passou a faltar profundidade na formação de seminaristas e sobrar extensão. Faltar à síntese mais que os detalhes. A arquitetura mais que a decoração. O impacto com a secularização de nossas sociedades transformou profundamente nossas Igrejas. Poderíamos adiantar a hipótese de que passamos de uma Igreja de "pertencência", na qual a fé era comunicada pelo grupo de nascimento, a uma Igreja de "convicção", em que a fé se define como uma escolha pessoal e valente, com frequência em oposição ao grupo de origem. "

( O surgimento da Teologia da Libertação )

Embasados no Concilio Vaticano II - presidido inicialmente pelo papa João XXIII e terminado pelo papa Paulo VI, em 1965 - alguns teólogos católicos, diante da situação de opressão em que se encontravam seus países natais, os latino-americanos, criaram um movimento de denuncia de abusos e assistência social para que a miséria e a discrepância entre pobres e ricos fosse minimizada. As conferencias realizadas pelo Episcopado das Américas ocorreram em 1955, no Rio de Janeiro, e em 1968 em Medellín.

A TL brasileira fundou movimentos em parceira com o sociólogo e pedagogo Paulo Freire, para a educação de jovens, e engajamento nas causas sociais, os quais foram importantes para uma conscientização geral da comunidade católica, quanto à situação social brasileira, entre esses movimentos estão: Movimento de Educação de Base – M.E.B; Ação Popular – AP.

Paralelo a ação desses movimentos de conscientização, aparecem os movimentos de organização social em busca de um bem comum, como organizações sindicais e de classes trabalhadoras, os quais se embasavam nas teorias cristãs da TL para assim terem força política e religiosa em suas causas; tais movimentos são,entre outros:

Ação Católica Operária - ACO

Juventude Universitária – JUC

Juventude Estudantil Católica – JEC

Comissões de Justiça e Paz – CJP (ref1)

A Igreja Católica, até meados do séc XIX, tinha como base de apoio desta instituição classes dominantes, e portanto havia uma defesa de seus interesses intimamente ligada as doutrinas e ações católicas.

Entretanto, com um quadro de exploração social e degradação dos seres humanos, vários teólogos e clérigos do mundo pressionavam a Igreja para uma modificação de suas doutrinas. A teologia da libertação então visava uma política de intervenção mais firme por parte da igreja. Embora Bento XVI, quando cardeal, combatesse o relativismo ensinados nas Universidades Católicas Mundo afora, alerta que dava sobre aquilo onde a cultura humanista não batia com a católica, quando coloca o Homem como medida de todas as coisas, como princípio e fim de tudo.

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( Relativismo )

O relativismo é uma doutrina que prega que algo é relativo, contrário de uma idéia absoluta, categórica. Atitude ou doutrina que afirma que as verdades (morais, religiosas, políticas, científicas, etc.) variam conforme a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos de cada lugar.

Relativismo que é um termo filosófico, que se baseia na relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade ou valor absoluto.

No diálogo platônico "Teeteto", atribui-se a Protágoras uma concepção relativista do conhecimento, por haver afirmado que "o homem é a medida de todas as coisas".

Nesse caso, cada um de nós é, por assim dizer, o juiz daquilo que é e daquilo que não é.

Sócrates levanta então uma série de objeções contra essa forma radical de relativismo subjetivista, tentando mostrar a incoerência interna da suposição de que o que parece verdadeiro a alguém é verdadeiro para ele ou ela. Se são verdadeiras todas as opiniões mantidas por qualquer pessoa, então também é preciso reconhecer a verdade da opinião do oponente de Protágoras que considera que o relativismo é falso.

Ou seja, se o relativismo é verdadeiro, então ele é falso (desde que alguém o considere falso). Haveria, por assim dizer, uma auto-refutação (ou uma autodestruição) do relativismo cognitivo.

( O Papa Bento XVI na luta contra o relativismo )

O Papa exorta que os educadores devem lutar contra "a presença marcada na sociedade de um relativismo que não reconhece nada como definitivo e deixa como último critério somente o eu".

Bento XVI fez esta declaração numa mensagem dirigida aos bispos canadenses, em 2006, onde critica também a "tolerância" que o Canadá tem a uma "completa redefinição do conceito de cônjuge" e "em nome da liberdade de escolha" vemos "todos os dias a destruição de crianças não nascidas: quando o plano do Criador é ignorado, a verdade da natureza humana é perdida".

Sobre este assunto, o Papa recomenda aos cristãos para terem presente os princípios "naturais" da ética, e a demonstração que a nossa fé cristã, é uma ponte porque mantêm juntas a razão e a cultura".

Para Bento XVI, “como em outras épocas de mudanças, a prioridade pastoral é mostrar o verdadeiro rosto de Cristo”, o qual “exige que cada comunidade cristã e a Igreja em seu conjunto ofereçam um testemunho de fidelidade a Cristo ". Cultura relativista manipula as consciências, adverte o Papa.

Cine Astor
Enviado por Cine Astor em 27/07/2011
Reeditado em 28/12/2019
Código do texto: T3121305
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