A visão do amor em “Fênix” de Jorge Vercilo

Há cientistas que definem o amor apenas como ”consensos químicos e hormonais”. Na visão bíblica, o amor deve existir para a harmonia e paz entre as pessoas. Segundo o dicionário o amor é ”um sentimento que impele as pessoas para o que se lhes afigura belo, digno ou grandioso.” (Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa p. 119)

O compositor Jorge Vercilo e Flávio Venturine relata na música “Fênix” um desejo de ser como essa ave, que segundo a mitologia é um pássaro que ao sentir a morte se aproximar era devorado por chamas, mas que tinha o poder de ressurgir de suas próprias cinzas, tornando-se um novo pássaro. Essas cinzas representam as seqüelas deixadas pela dor.

O eu-lírico que se encontrava na escuridão, encontra uma constelação, esta representa a esperança, a luz, o canal que o leva a essa luz são os olhos da amada, o amor leva o eu-lírico ao esplendor, à glória.

A música fala da condenação por ter forjado o amor, ou seja, por ter feito o amor a partir de lembranças. Percebe-se um escapismo no trecho “Quis sair de mim, esquecer quem sou e respirar por ti”, em uma tentativa de anular a si mesmo e passar a viver por outra pessoa.

A Fênix é comparada com o amor devido a sua inconstância, ora ressurge das cinzas, ora é devorada por chamas, assim como no amor, ora rimos, ora choramos, em alguns momentos estamos seguros e confiantes em outros estamos inseguros e cheios de medo.

O eu lírico exalta a amada ao se referir ao divino e ao véu, palavra que remete à pureza, algo que transcende o natural do homem. Em ”Fênix “ percebe-se como o amor pode matar, mas também pode ressuscitar dando brilho, cor e sentido à vida. Fala de um amor casto, impossível de ser concretizado. O sofrimento por causa do amor era um fardo pesado demais para o eu lírico.

O autor faz a união entre a mitologia e a abstração do amor exaltando o ser amado, unindo dor e esperança, morte e ressurreição para compor uma melodia rica em antíteses e carregada de emoção.