PSICOLOGIA: ORIGENS
Até que a psicologia se tornasse uma ciência independente, em meados do século XIX, recebeu inúmeras contribuições tanto da filosofia quanto da fisiologia.
Contribuições vindas da filosofia:
O homem, como ser pensante que é, sempre buscou maneiras de compreender inúmeros fenômenos, entre eles o seu próprio comportamento. Portanto, os primeiros passos da psicologia, no que se refere ao aspecto científico, iniciam-se com os estudos De René Descartes.
Esse filósofo e matemático francês, deixou uma importante contribuição à psicologia quando passou a estudar de forma separada os termos mente/corpo. Ou seja, ele compreendeu que eles possuem funções diferentes, porém exercem uma relação recíproca. Antes de René, a mente e o corpo eram entendidos como uma só essência.
Do século XVII ao XIX houve o zeitgeist do mecanicismo, o que serviu de aporte para a nova psicologia. “o mecanicismo é uma doutrina para a qual os processos naturais são determinados mecanicamente e passíveis de explicação pelas leis da física e da química” (SCHULTZ & SCHULTZ, 2009, P. 25).
Zeitgeist - É um termo alemão cuja tradução significa “espírito da época”, “espírito do tempo”, ou “sinal dos tempos”. é o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo numa certa época ou as características genéricas de um determinado período de tempo (http://pt.wikipedia.org/wiki/Zeitgeist).
Nesta perspectiva surgem três orientações filosóficas: positivismo, materialismo e empirismo.
Positivismo - doutrina que reconhece os fenômenos naturais ou fatos que são objetivamente observáveis;
Materialismo - doutrina que considera os fatos do universo como suficientemente explicados em termos físicos pela existência e natureza da matéria;
Empirismo - doutrina que afirma ser todo o conhecimento resultante da experiência sensorial. Os empiristas preocupavam-se em descobrir como a mente adquiria o conhecimento. Dessas três doutrinas filosóficas, foi o empirismo que desempenhou o papel principal, pois estava relacionado com o desenvolvimento da mente.
São considerados os principais empiristas britânicos: John Locke (1632-1704), George Berkeley (1685-1753), David hume (1711-1776), David hartley (1705-1757), James mill (1773-1836), John Stuart Mill (1806-1873).
Contribuições vindas da fisiologia
Graças ao “suposto erro” de David Kinnebrook em “cinco décimos de segundo” ao observar criteriosamente o movimento das estrelas e dos planetas por todo ano de 1794 e parte de 1795, no Observatório Real em Greenwich, Inglaterra, foi demitido pelo seu chefe, o reverendo e astrônomo Nevil Maskelyne. Após 20 anos, esse fenômeno tornou-se objeto de investigação do astrônomo Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846), que estava interessado em estudar os erros de medição. Ele suspeitava que aqueles “erros” do assistente de Maskelyne deveriam ser atribuídos às diferenças individuais – distinções pessoais sobre as quais as próprias pessoas não têm controle.
O trabalho de Bessel também se relaciona com os de Locke, Berkeley, por exemplo, por todos debaterem a natureza subjetiva da percepção humana, usando como argumento a afirmação de que nem sempre há – ou que muitas vezes não há – correspondência exata entre a natureza de um objeto e a nossa percepção sobre este objeto.
A fisiologia tornou-se uma disciplina voltada aos experimentos, durante a década de 1830, principalmente sob a influência do fisiologista alemão Johannes Müller (1801-1858), defensor do método experimental.
Alguns fisiologistas que contribuíram para a psicologia:
Marshall Hall (1790- 1857), Pierre Flourens (1794-1867), Paul Broca (1824-1880), Franz Josef Gall (1758-1828), Hermann Von Helmholtz (1821-1894), Ernest Weber (1795-1878) e Gustav Theodor Fechner (1801-1887).
Com weber e Fechner surge a psicofísica (o estudo científico das relações entre os processos mental e físico. A psicofísica foi impactante para a psicologia, pois se trata de uma teoria exata das relações funcionalmente dependentes do corpo e da alma ou, mais genericamente, do material e do mental, dos universos físico e psicológico.
No começo do século XIX, o filósofo alemão Immanuel Kant insistia em afirmar que a psicologia nunca poderia ser considerada ciência porque era impossível medir – ou realizar experiências com – os processos psicológicos. Em virtude do trabalho de Fechner, que, ao contrário, tornou possível a medição do fenômeno mental, a alegação de Kant não mais foi levada a sério. E foi principalmente com base na pesquisa de Fechner, que Wundt concebeu sua teoria da psicologia experimental. Os métodos usados por Fechner mostraram-se aplicáveis a uma ampla variedade de problemas psicológicos nunca imaginados. E o mais importante de tudo: Fechner deu à psicologia aquilo que toda disciplina deve possuir para ser chamada de ciência: técnicas de medição coerentes e precisas.
Da mesma forma, a psicofísica de Weber – cuja principal área de interesse em pesquisa, e da qual foram extraídas as suas maiores contribuições, eram os órgãos dos sentidos – foi muito importante para a nova psicologia, porque a pesquisa dele resultou na primeira lei quantitativa dessa ciência.
A psicologia vira ciência independente com Wundt. Nascido na Alemanha, Wilhelm Wundt (1832-1920) foi um médico, fisiologista, filósofo, professor e psicólogo, que muito contribuiu para que a psicologia se tornasse uma ciência independente com o próprio objeto de estudo.
Motivado pela pesquisa de Fechner, Wundt usou o experimento como base para uma nova ciência. Por essa razão, ele foi o fundador da psicologia. A fundação desta exigiu extrema dedicação e coragem para a concretização do movimento. Portanto, a contribuição dele para a fundação da psicologia moderna é devida não tanto a uma descoberta científica quanto à promoção vigorosa da experimentação sistemática realizada por ele.
Ser o fundador não significa que Wundt tenha sido o “criador” da psicologia, pois outros antes dele contribuíram igualmente para que ela se tornasse uma ciência independente.
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Você sabia?
Psicologia (do grego
psykhologuía, psykhé, "psique, "alma", "mente" e lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") é a ciência que estuda o comportamento (tudo o que organismo faz) e os processos mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento) [http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia].
O SÍMBOLO DA PSICOLOGIA
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Por essa razão, o símbolo da psicologia é o “Psi” , que é a vigésima terceira, ou penúltima letra, do alfabeto grego (http://psicologiarg.blogspot.com/2008/03/letra-psi-enquanto-smbolo-da-psicologia.html).
Nota: o símbolo "psi" é uma espécie de tridente ( que devido à formatação disponibilizada aqui pelo Recanto das Letras, não foi possível demonstrar tal letra). Porém, fica o convite para que os interessados copiem o site acima e vejam o referido símbolo.