Ensaio
Por: Guido Campos
Às vezes encostamos uns nos outros, somente a fim de sugar energia e vitalidade, nem sempre se pede calma com o melhor argumento, no tempo remoto se desmonta as carapuças e se descobre realmente do que somos feitos. Feitos de fragilidade.
Esta palavra pequena e fácil de dividir perpassa por todo ser humano em todas as suas áreas aos poucos se percebe que realmente nesta frágil palavra consiste a mais pura verdade de nossa essência.
Então todas as facetas vão se mostrando em pequenos temas, que complicamos. Logo uma depressão, um ataque cardíaco, ou dores nos rins começam a aparecer, isso são as pontas de uma verdade que cobrimos, são soma de tudo que foi entregue para o outro.
Na esperança de ser feliz nos negamos, e nos negando, nos prendemos ao ponto de não mais existir em vida, contudo feliz aquele que ainda vê vida sem a ter.
Acha paradoxal?
É a primeira impressão que todos têm. Talvez pela falta de coerência, concordância verbal ou conjugal, tanto faz, no ultimo trago seremos somente aqueles que confundem e se confundem, pois falta argumento para pedir calma.
Pessoas vão ao centro, não porque tem que estar lá, ou algo parecido, às vezes vão para somente andar de ônibus, se sentirem conectadas ao mundo.
Você já se sentiu assim?
Acredito que sim! Quem ainda não teve esta oportunidade, de se sentir desconectado do mundo, está na hora de se perguntar se já se perguntou por que existi?
É amigo ou amiga são nessas horas que as coisas começam acontecer, pois é fácil viver sem questionamentos: estar por estar, viver por viver, beijar por beijar, comer por comer, fazer sexo por fazer, sair por sair, enfim, usufruir de todos estes benefícios que a vida que não sabemos o que é, proporciona.
É somente quando batem à porta da consciência as perguntas mais filosóficas, ou capciosas, aquelas que ninguém ousa falar, pois os que se questionam neste sentido são taxados de loucos, filósofos baratos, caçadores de suas próprias verdades, egocêntricos soberbos e por ai a fora, sim! É neste momento que começa a vida!
Temos a tendência de não olharmos o mundo, pois assim abstemos de nossa responsabilidade. Do que não vemos, não podemos ser cobrados, tais justificações limitam nossa capacidade de amar, por muitas vezes acreditamos que não somos responsáveis pelas escolhas dos outros, pela sua saúde, por sua vida, sua recuperação, ou estimulo de vida, esta consciência seria verdadeira se não fosse verdade a tese “Gaia” que estamos todos conectados e que tudo contribui para evolução coletiva e a expansão do universo não no sentido material, mas sim num sentido espiritual, negamos por muitas vezes esta realidade, para ficarmos preso em nossa individualidade. Mas a fatalidade acontece quando a velhice chega toda a ânsia de ser único, sozinho, independente, individual, se quebra mostrando nossa fragilidade novamente e deixando claro nossa essência, ao fim dependeremos de assistência, e nem sempre iremos precisar de assistência que o dinheiro compra, não no fim, seremos sedentos de atenção, de afeto, de colo, de ouvido, de fala, são pessoas que vos falo! Somos assim frágeis sem nenhuma noção de conexão.
Condenam-me por fumar cigarros, me dizem que proporciono minha morte vagarosamente e que tenho tendências suicidas, acredito em tudo isso, o curioso é notar que as pessoas que por muitas vezes me cobram não me perguntam se tenho dificuldade para largar este vicio maldito, o que tento dizer com isso, seremos muito mais contestados que auxiliados, e esta é uma realidade que às vezes negamos. Estamos tão individualistas que já não sabemos andar de mãos dadas, claro tenho que ver os dois lados se não, não serei levado a serio, e no fim todo este esforço será preconizado de medíocre e retórico. A individualização é boa como toda a evolução, e somente se torna tragédia quando a colocamos no topo da cadeia alimentar, somente quando condenamos o coletivo e usamos termos como escravidão para justificá-la, assim acontece com o coletivo, levar para o extremo estes dois conceitos são erros que estamos fadados a cometer, e saiba que não importa os erros que comentemos e sim a consciência de saber que os cometemos, é nisto que mora a diferença, e é isso que nos conduz a evolução espiritual, quando estamos conscientes dos erros fica mais fácil interagir com os acertos, busca-los se torna uma tarefa mais suave, sem peso ou culpa.
Já este sentimento catalogado de culpa, é um veneno para alma e um anestésico para o sentimento do amor exagerado, a culpa em meu humilde ponto de vista é apenas uma negação do perdão interior, então neste estagio teremos que recorrer à individualização interna, por mais que às vezes o primeiro caminho aconteça no coletivo, grupo, ou através da sabedoria do outro, o ultimo caminho deverá ser tomado na solidão, e neste momento fica fácil à compreensão da fragilidade humana, a psique se esforça para forjar no individuo uma força ultra-interna para superar estes traumas da alma e nem sempre consegue isso com sucesso. Muitos ainda morrem sem ter noção do que realmente foi causa de sua morte, o costume a encontrar problemas físicos para justificar a falência dos órgãos, mas quando vemos o contexto percebemos que na grande maioria já havia uma falência, à da alma, dos sentidos, e da existência, então me pergunto:
Qual o caminho que devemos seguir para nos conectarmos respeitando a individualização?
Como podemos evoluir ao ponto de nos conhecermos a fundo?
Seria realmente a mente o condutor principal que nos fornece vida?
E porque existimos?
Sei que se procuramos no campo da Psicologia, Filosofia, Teologia, Medicina, Antropologia, Cosmologia, e demais ciências, encontraremos teses, artigos, textos, contos, e poesias que expressam estas minhas ânsias pelo sentido, porém sou paradoxal, e confuso como lhe disse no começo, então minha proposta é buscar tais realidades no cotidiano, na simplicidade do dia. Como consigo defender a tese de DEUS? É fácil! Somente pegar tudo aquilo que a ciência em toda sua evolução e complexidade não consegue explicar, pois o que ficou encoberto é mais do que vã filosofia ¹ e é através deste pressuposto que conseguimos conferir a criação do homem à um ser que não vemos, ou tocamos apenas acreditamos e impulsionamos todos nossos medos e frustrações, nos afugentamos e não por sermos covardes, mas por sermos frágeis, sensíveis e temerosos, pois, como seria se o mundo tomasse consciência desta digital limitação marcada em todos antes mesmo de nascer? Quando nos debatemos com estas realidades fica fácil à compreensão do silencio interno, a real motivação da ausência dos sentidos, da falta dos questionamentos: estar por estar, viver por viver, beijar por beijar, comer por comer, fazer sexo por fazer, sair por sair, enfim, usufruir de todos estes benefícios que a vida que não sei o que é me proporciona.
Autores contemporâneos como Leonardo Boff, Khaled Hosseini, entre outros, tentam desesperadamente ou através de romances ou livros sobre temas atuais como a preservação do meio ambiente, resgatar nos seres humanos a complexidade do sentido da vida, posso imaginar a frustrações que estes vivem internamente diante da degradação humana, e sua falta de sentir, posso imaginar as dores de partos que estes heróis da literatura enfrentam ao exprimir totalmente sua sensibilidade e criatividade no intuito de se conectar ao leitor na intenção de atingir a sua consciência a ponto de emergir do nada o tudo, este mesmo anseio é que me toca, esta fugacidade de ver um outro tipo de humano transitando pelas ruas, com mais vontade de viver, e não esta realidade que enfrentamos nos dias de hoje, onde nossos jovens perdem totalmente o sentido da vida, do amor, e se precipitam. É como meus tragos no cigarro, uma morte a cada tragada, assim caminha nossa juventude desvirtuada e ao mesmo tempo vivendo no mundo virtual, onde as realidades se encontram e ao mesmo tempo se distanciam se conhecem e ao mesmo tempo se desconhecem se matam e se negam numa velocidade monstruosa.
Certo dia eu enfrentada meus demônios internos e em algum momento pude receber dois conselhos com um deles, ele me disse no primeiro conselho:
Negue tudo que conhece, e viva de forma irreverente, não se importe tanto com as conseqüências. E no segundo conselho me disse:
Apenas faça o que deve ser feito.
Então percebi que os demônios não são tão maus como a religião pregou e anexou na mente dos seres humanos, aquele demônio só me disse o que eu mesmo estava me dizendo há muito tempo e não tinha coragem de assumir minhas escolhas, então no primeiro momento como menino medroso eu o culpei, mas depois de um tempo já acostumado com aquela realidade pude me responsabilizar pelos meus atos, percebi então que o Deus Transcendental e o Demônio acidental moravam dentro de mim, ou seja, eu era meu deus e meu demônio, assim ficou mais fácil quando precisei assumir o outro conselho, pois já estava cansado de viver como o primeiro e me predispus a fazer o que devia ser feito. Lógico nem tudo são flores, ainda tenho o cigarro como um combate interno, mas ainda não se foi os fôlegos de vida então têm uma chance. Quero dizer com isso que não se dá mais para responsabilizar o externo pelas suas escolhas, a maturidade bateu em sua porta no momento que escolheu ler esta obra, estamos no momento de deixar o leite da religião e nos apegarmos as coisas mais consistentes, e o que seria mais consistente que à religião? A ciência? Não! A vida, o cotidiano, as conexões com os seres que tem no seu dia, os diálogos com a esposa, as brigas, os palavrões, só alcançaremos à essência quando participarmos delas, seremos humanos quando formos “Manos” “Vacos” iguais respeitando a individualidade, quando ousarmos deixar de lado nossos egos inflados e nos colocarmos na disposição do outro não no sentido de “ser”, mas no sentido de “sentir” descobrimos tarde da noite como faz sentido a vida quando sabemos da morte de um ente querido, a família é o mundo e a iniciação da glória começa hoje.
Tenho que alertar ao leitor que não sou um grande fã de neurolingüística, mas deixando este meu pré-conceito de lado vão se repetir alguns conceitos aqui, como a questão da individualização. O termo auto-ajuda, sempre me causou uma interrogação, pois vejo neste discurso a busca da individualização, e ao mesmo tempo, parece-me contraditório, pois se é auto-ajuda pressupõe que a pessoa por si só se ajude, mas ao mesmo tempo vejo o mercado fornecendo livros e mais livros catalogados como auto-ajuda.
Então sempre me pergunto:
Quem ajuda quem? O leitor que sustenta o escritor? Ou o escritor que ajuda o leitor? Nesta dinâmica consigo ver a tese “Gaia” emergindo dentro destes conceitos, e ao mesmo tempo percebo a infantilidade do senso de lógica que alguns seres ainda vivem e isso não está relacionado à ignorância ou falta de educação que são os apelos mais gritantes quando criticamos as realidades e a consciência popular, mas esta intimamente relacionada à falta de apreço pela vida e a preguiça de pensar do ser.
Contribuir para uma sociedade mais justa como dizem por ai, pede urgência em propiciar uma sociedade mais ativa mentalmente, fornecer desde a maternidade, universos que façam as pessoas esforçar-se na critica interna, e no sentido da duvida. Certo dia eu li uma historia muito interessante que dizia o seguinte:
Havia um monge que estava cansado da vida urbana, pois não conseguia dentro deste contexto meditar e elevar seu estado espiritual, então ele morando em uma cidadezinha pequena onde no fim de sua cidade havia montanhas gigantescas resolveu subir a montanha e viver uma vida semita.
Começou sua subia à montanha foi seguindo o rio que descia a montanha e ao certo ponto resolveu adentrar pela mata e continuar a subida, já lá no alto encontrou uma toca, olhou para ver se havia algum animal perigoso e percebendo que não havia resolveu se alojar plantou um pé de pêra e ali permaneceu por dez anos, no nono anos no mês décimo e segundo, acordou amaldiçoando tudo chutou suas coisas pessoais e caiu em lagrimas, então olhou para o seu céu e disse:
___Não agüento mais comer pêras! Agora estou aqui e mesmo assim não consigo lhe sentir, não sei o sentido da vida, e todo estes anos recluso não pôde me conhecer, vejo que Tu és ilusão, e que a verdade não pode ser encontrada.
Aos prantos encostado ao pé de pêra em meio a soluços resolveu voltar para sua cidade e começar um novo estilo de vida, desta vez preferiu ir bela lateral do rio, pois seria mais fácil assim a descida, então o fez, e depois de duas horas descendo o rio encontrou um velho monge que estava ali então lhe pediu água e os dois começaram a conversar então o jovem monge perguntou ao velho:
___Faz quanto tempo que o senhor esta aqui?
___Há meu filho já faz vinte e cinco anos!
O jovem envergonhado não se conteve de curiosidade e logo exclamou:
___Nossa! E como tem sido para o senhor isso! Como o senhor se alimenta!
___Os primeiros dez anos foi muito difícil, mas já faz quinze anos que Deus vem olhando por mim e me mandando cascas de pêras pelo rio.
Às vezes a vida esta assim, e nestes momentos se não notamos os detalhes temos a tendência de agir com o jovem monge, questionar nos faz inteligentes, mas apreciar nos faz sábios, e nesta era de comunicação, virtualidade, silencio interno, isolamento latente, temos grandes chances de notar os detalhes de forma mais única, com mais sensibilidade, a fragilidade do homem faz com que ele se note sua fraqueza, e quando não se olha para fraqueza não se conhece as fortalezas, vemos muitas pessoas descambando para uso de drogas, noites interruptas de flagelo interno pelo medo de abrilhantar seu dia, foram nos meus momentos de crise que pude obter meus maiores lampejos de entusiasmo, talvez isso que possa estar faltando para você hoje que escolheu ler este livro, entusiasmo, quem não vibra com a vida não é digna de tela e por isso temos zumbis em nosso meio, pois não a possui de forma única e unigênita, mas a boa noticia que tudo é ambivalente e quem em tudo se extrai a evolução que nada se perde, e que tudo se transforma, veja bem se pararmos para ver hoje a chuva e amanha a chuva veremos duas chuvas e não dias chuvosos, hoje ela pode vir no sentido horizontal e amanha no sentido vertical, ou seja tudo está em nosso ponto de vista, conseguimos pegar a vida, quando conseguimos a largar, quando esquecemos do EU encontramos o NÒS e isso não é se negar, ou ser escravo como alguns pesam, pois ainda assim teremos o EU dentro do Nós.
Só poderemos ser um ser para o outro quando formos um ser para nós mesmos e isso vai acontecer quando entendermos a fragilidade humana a apreciarmos ela no sentido de contemplar a vida, e este contemplar consiste em amadurecer o foco de visão que temos sobre a própria vida, e tenho por mim que isso só acontece quando somos loucos o bastante para questionar: Penso logo existo ¹.
Porque existo?
Qual minha missão? Se é que existe missão.
O que venho buscar desta realidade, dimensão, espaço?
Quem sou eu?
Perguntas que por muitas das vezes não conseguimos degustar devido à própria racionalização que o cotidiano nos implica, com as correrias e afazeres nem sempre estamos dispostos a pensar, pois a fadiga que procede durante toda manhã nos acompanha ao entardecer chegando a penetrar nossos sonhos, vivemos pré-ocupados, pensando no dia seguinte, relatórios para ser entregues, vendas que precisam ser fechadas, planejamentos que deve ser executados, contas a pagar, todo este estado de êxtase metropolitano vem aos poucos matando a naturalidade do ser humano o fazendo esquecer seus instintos, suas necessidades ontológicas, levando-o ao fundo do abismo de seu existencialismo, o reduzindo à modernidade a suposta evolução.
A idéia de modernidade sugere evolução, mas quando vemos a olho nu percebemos que quando tratamos de modernidade estamos presos a fatores materiais, então quando reduzido esta modernidade a matéria temos o atraso humano, pois evolução suponho que seja estado de espírito que atingi o ser humano em todas as suas facetas e dimensões e não apenas em uma área distinta.
Ligados pelas convicções comuns os seres tem em si uma difícil missão, a de se superar diante dos paradigmas existenciais, nesta rede paradoxal toda fusão no sentido de transcendência é bem vinda, ainda que vagarosamente a pessoa em si se sinta com limitações para se encontrar, quando quebramos nossos paradigmas, crônicas, verdades imutáveis têm-se chance de emergir.
O mundo cada vez mais descamba ao pessimismo e o isolamento resultado da velocidade cotidiana contribui para este fenômeno, os diálogos das praças vão se apagando aos poucos assim como um dia vivenciou a poesia, não se preza mais a espontaneidade, temos pouca tolerância para a extravagância, e não suportamos mais a conta gotas a criatividade urbana.
Tendenciosamente encobrimos todos os resquícios tribais afim, de garantir o monopólio, criamos um monstro chamado capitalismo e ainda persistimos em nutri-lo com cevadas de nossa ambição, infelizmente um olhar critico para esta subversidade vem sendo enterrado devido aos discursos progressistas, que não conseguem aceitar a igualdade e a essência que havia nos antepassados.
Corremos cada vez mais para uma falência espiritual nos dias de hoje, e o mais triste que isso acontece como manada de búfalos que vão ao encontro do predador, ou seja, acontece num âmbito coletivo.
Não quero que o leitor erroneamente catalogue este texto como pessimista antes de dar uma olhada para as nossas estatísticas, começando no âmbito urbano, e depois dando uma olhada no âmbito ecológico.
Facilmente veremos para onde caminha toda esta comunidade universal, o derrotismo se apresenta em varias etapas até se concluir e inserir no cerne do ser humano, vemos tudo a “fast food”, vivemos este fenômeno “fast food” de forma tão inadimplente que se torna quase que impossível o caos futuro.
Procuramos incansavelmente sentidos em tudo que buscamos, essa é a dinâmica do ser humano, por mais que muitas vezes o mesmo acredita-se estar vivenciando uma resposta depois de algum tempo frustrantemente se descobri que não vivenciava tal realidade e novamente se vê em busca de sentido.
O que outra hora foi verdade numa bela manhã humana, o homem por si só certo dia se descobre na ausência de significados que faça sua vida ressoar veemência, iludido pelos aludis de sua crença se nota sem referencias, em tudo se vê frágil.
Então percebe que o deserto que contava o livro antigo (Gn. 1-5), é perpetuo, e que sua busca por compreensão, essa sim é infinita, dentro de sua finitude se desmonta agora uma criança assustada, aos poucos como um filme em retrocesso se olha voltando para útero, pois não encontra melhor referencia de segurança, assim por muitas vezes o homem vai se ver na maturidade, retornando para o genitor.
Descobrimos que sonhos de criança não alcançados contem tanto valor, quanto os sonhos de adulto já alcançado, muitos seres irão partilhar de frustrações eternas. Mesmo que por muitas das vezes uma pessoa se encontre “realizado materialmente”, ou seja, por mais que a pessoa tenha alcançado objetivos de estar bem empregado, ou com sua própria empresa dando-lhe lucros, provavelmente as frustrações da infância refletira em outras áreas de sua vida, dificilmente você encontrará um ser humano completo, digo-lhe, porém completo no sentido de estar realizado.
Esta idéia de completude emerge de um sistema que prega o modelo padrão de vida bem sucedida, quando na verdade este modelo não existe, pois é algo subjetivo, a ânsia de completude leva o homem á um desfigura mento de sua essência levando-o a um fracasso quase que mortal se colocarmos num sentido espiritual, se mata por si só todos os instintos do homem em nome de uma realização ilusória.
Aleatoriamente percebemos cada vez mais empresas que investem no mercado de valorização do ser, mas ao mesmo tempo se percebe que muitos dos caminhos tomados por estas empresas são caminhos tão errôneos quanto às verdades sobre o padrão de vida ideal, por um lado se valoriza a vaidade estética e por outro coloca no mercado o ser humano como se fosse um objeto, despersonalizando todas as características sapienciais da carne que anda, fala, e raciocina, por outro lado este ser por ser tornar objeto de si mesmo se comporta de forma padrão, tornando o exterior objeto de si, assim encontramos a natureza sendo explorada como se fosse uma meretriz rodeada por homens sedentos por sexo, onde a cada momento um se aproveita do que ela tem a oferecer, vivemos um tempo onde todos, e digo todos pensando em um sistema “Gaia”, usamos e exploramos a natureza de forma abusiva e opressora, como se aquela parte de nós não tivesse direito de proclamar sua autonomia.
O planeta pede urgência de socorro e quando falo em planeta quero conotar toda espécie de vida incluindo a vida humana, afirmo neste momento vida humana, pois temos a tendência de desconectar desta universalidade, e é neste ponto que estamos morrendo, nós nos desconectamos a tal ponto, que não mais nos sentidos partes deste universo, a racionalidade foi a maldição que vem matando nossa essência a milhares de anos, flora de dentro de alguns seres sensíveis a isso, um clamor unigênito de socorro, não quero com isso ser confundido com ambientalista, pois sou fumante, nem como naturalista, pois ainda me vejo comendo “fast food”, quero afirmar com isso minha humanidade universal que vem presenciando estes fatos a desamores, talvez dentro de mim esteja saindo lagrimas de sangue por ver tanta destruição causada em nome da evolução.
Aprendemos que para conquistarmos a paz utópica era necessário fazer a guerra, e agora vamos armados pedir paz, aprendemos a erradicar a fome, gerando a fome de outras nações, quando um país se torna potencia mundial é por que três paises se tornam mazelas mundiais, às vezes me pergunto: em um planeta de tantos recursos como pode ainda existir a fome? Em um planeta de tantas terras como pode haver pessoas sem teto com o mínimo para sobreviver? Estas respostas são tão fáceis como o piscar dos olhos. É porque ainda existem pessoas que não querem que este sistema acabe a vantagem de alguns é a desgraça de outros, parte desta desgraça esta contida na individualidade, mas o mesmo que financia a guerra, a miséria é o mesmo que nos últimos segundos será frágil, a mesma fragilidade que atinge no menino ferido por bala perdida, ou a fragilidade que assola a criança da África ou do fundão do nordeste do Brasil, é a mesma que visita o milionário que tenta usar todos os recursos para prolongar a vida.
No fim partilhamos das limitações comuns, porque a inteligência de “Gaia” é tão subliminar que os olhos obscurecidos pelo consumo não consegue notar, voltaremos para essência, mesmo não sabendo o que seria esta essência.