Chegou o Inverno, a estação da autotransformação!

Esta é a estação da morte da semente que se prepara para o florir na Primavera. Pois, as que não morrerem não darão continuidade à sua espécie e, assim, suas vidas terão sido em vão.
É a estação da confirmação do aforismo de muitas tradições que afirmam, no âmago de suas concepções, que é preciso morrer para renascer.
Nos próximos três meses, pelo menos aqui no nosso hemisfério terrestre, a Natureza irá impor condições à Alma humana que a levará, sutilmente, à reflexão que culminará com a autotransformação, já que o clima promoverá a constrição e atacará nossos corpos com o frio natural da própria estação.
Os mais velhos, como dizem meus amigos lá das terras gauchas, sentirão nos ossos o rigor desta significativa estação.
E não será sem razão que, no encolhimento de nossas almas, nos voltaremos para o nosso interior e redescobriremos a nossa genética, as nossas heranças transcendentais. Pois como um processo de hibernação, nosso ser buscará o repouso nas cavernas dos escombros de nossos inconscientes e, como num profundo sono, sonharemos com o porvir, sem deixar de nos culpar por aquilo que, nas outras estações, deixamos de realizar.
Mas, é esta estação, também, que nos fará nos aproximar do contato íntimo com nossos outros irmãos, já que se não nos aquecermos no calor de nossos semelhantes, colocaremos em risco a saúde psíquica de nosso ser.
De muitas formas buscaremos a convivência, a troca, com nossos irmãos de humanidade. E será muito natural quando abraçarmos nossos filhos, tomarmos nossos netos em nossos colos, beijarmos as faces de nossos amigos ou, simplesmente, cumprimentarmos nossos semelhantes, nos perguntarmos até que ponto chega à nobreza humana e qual a capacidade de amor e compreensão da alma do homem. Pois é natural, nesses momentos, projetarmos em quem amamos e sobre aqueles que nos rodeiam as nossas esperanças na raça humana e de um mundo melhor.
Quanto começarmos a refletir sobre essas questões, naturalmente, voltaremos os olhos para a história da humanidade e seremos tocados pelo sentimento da tristeza, ao constatar as aberrações e atrocidades que o homem tem sido capaz, ao longo de sua jornada na Terra, de tal forma que, como integrantes da espécie humana - muito provavelmente - nos sentiremos, também, envergonhados pelas atitudes de nossos antepassados, quando não de nossos dirigentes atuais, de nossos políticos e homens públicos. Pois inúmeras serão as histórias de horrores, guerras, genocídios e atentados contra a dignidade humana, - sem falar nos atos de corrupção, desonestidade e violência, que permeiam as mais diferentes camadas da sociedade, - que veremos no processo de reflexão.
Porém, as expressões de amor, de caridade, de renúncia, de sacrifício e de generosidade praticadas pelos homens, no geral, tenderão a ficar à margem da história e fazer com que esqueçamos, por alguns instantes, a natureza divina do homem: que nos esqueçamos da nobreza de que se reveste toda alma humana ao encarnar neste mundo de expiação e do quilate que possui o espírito daqueles que foram concebidos como a expressão maior da própria Criação.
Assim, toda vez que nos depararmos com atitudes, gestos e ações de amor ao próximo praticadas pelos nossos semelhantes, penso que, sobretudo nesta fria estação, é preciso divulgá-los, torná-los públicos de maneira sutil, como exemplos a serem seguidos no futuro, por aqueles que virão depois de nós.
Creio que esta é uma maneira de estimularmos a bondade, incentivarmos a prática da honestidade e tocar os corações daqueles que ainda possuem, também, a sensibilidade, combatendo, assim, o duro frio que pode se abrigar em alguns corações.
Com o desejo de um inverno de profundas transformações, já que esta é uma estação de interiorização, de meditação e de buscar o aconchego daqueles que nos inspiram às boas lições!
Jose Paulo Ferrari
Enviado por Jose Paulo Ferrari em 28/06/2011
Código do texto: T3063549
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