MENTIRAS.
Tantas mentiras que falamos toda hora
muitas vezes nos servem de escora
outras vezes se transformam em trincheiras
onde nos escondemos até as palavras virarem pó,
até virarem pó.
Mentimos de cara lavada, de sorriso no rosto,
falamos coisas escabrosas como se fossem canções de ninar
e depois pousamos a cabeça na fronha até o novo dia chegar,
dormindo que a medalha no peito do dever cumprido.
Mentimos sem ficar mancos, roucos ou trêmulos,
corrompemos o certo com dinheiro sujo que pegamos da alma,
contamos nossas histórias com a cara de pau que Deus nos deu,
que Deus nos deu.
Tem vezes em que temos vontade de corrigir o piso em falso,
mesmo que isso nos empurre direto pro cadafalso.
ou nos purgue os dias em infinitos cacos de vidro.
Então deixamos a paz nos envolver feito rebite de aço,
deixamos que as águas turvas e podres renasçam feito cristalino maná,
para que possam nos salvar a sede.
E então a nossa verdade virá pro lugar
de onde nunca deveria ter saído
pra todo o sempre, sim,
pra todo o sempre.
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