Sinceramente


Sinceramente, acho no mínimo contraditório definir como um mandamento “doutrinário/dogmático” o “Não Matarás”. Não é necessário este tipo de mandamento, não matar deve ser naturalmente evitado: no mínimo por preservação da espécie, e em geral por ser a vida um estado biológico sublime. Sou ateu e sei que não devo, a princípio, matar nenhum semelhante, seja ele meu amigo ou não, professe ele as mesmas crenças de vida que eu ou não.
Entendo como antagônico o fato de crer que deus criou tudo, inclusive este mandamento, mas teve o desprazer de criar animais que para se alimentarem necessitam naturalmente matar outros seres vivos.
 
Infelizmente pelo que, certo ou errado, acabo percebendo na alta elite cristã ligada diretamente ao poder, seja este secular ou teológico, o mandamento “não matarás” acaba só sendo válido para os amigos, para os amigos dos amigos, para os filiados ou para aqueles que professem a mesma exata forma de fé, posto que matar os inimigos de fé tem sido lugar comum na elite poderosa cristã ao longo dos tempos, como nos mostram uma eternidade de conflitos e guerras e a própria inquisição ou mesmo limpezas étnicas.
Tenho a certeza que nivelar alta elite com baixo clero deve ser de uma maldade incomensurável. Talvez esta frase se coadunasse muito mais com um ramo específico do cristianismo, mas se aprofundarmos veremos que a segregação acaba sendo um lugar comum, pelo menos, na maioria das elites dominantes.
Quero deixar absolutamente claro, que no nível mais baixo do clero em geral, isto não me parece ser uma verdade absolutamente. Conheço padres e pastores que são humanos o suficiente para entender que a discórdia de fé jamais será um motivo para matar quem quer que seja, nem mesmo para criação de conflitos, terror ou guerras. Tenho a certeza que uma enorme quantidade de religiosos eticamente sinceros e humanamente fieis a grandeza da vida, são defensores sinceros deste mandamento, apesar de continuar entendendo que ele é por si só tão forte que não precisa de ser mandamento.
 
Sendo a vida algo de complexidade bioquímica, e no nosso caso de uma super complexidade neuronal, viver deve ser por si só o auge de toda e qualquer existência, isto não significa que alguns membros de nossa espécie não merecem ser retirados do direito de viver, mas nunca por discordar da fé processada, e sim por propagarem destruição, miséria, abandono social e outras coisas que “indignifiquem” a própria vida. Neste caso podemos chegar a conclusão de que alguns que acabam sendo defensores direta ou indiretamente da situação acima é que devem ou deveriam ter sido retirados de nossa convivência.


Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 20/06/2011
Reeditado em 20/06/2011
Código do texto: T3046897
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