Uns Anjos em Minha Vida.
Uns Anjos em minha vida.
Uns anjos vieram semear vida em minha vida, trazer questões,
instigar-me às loucuras e às aspirações, pôr-me em querelas.
Um muito Bom Espirito, aliviado, e de uma Alma candente, inspirou-me às
anotações, para também vivê-las nesse transurso :
Assim,
O primeiro Anjo vinha do Leste, de onde nasce o Sol.
Seu nome era Amor e sua marca, a Verdade.
Personificada por uma Mulher de Beleza incomensurável e exuberante,
trazia na mão
direita a inscrição: tu me amarás sempre e somente à mim .
Na outra mão uma outra inscrição: gosto da justiça e da lealdade em tudo.
E o Anjo chegou no alvorecer de minhas idades, plantou grandiosa pai-
xão e assim, nasceu um coração;
e do coração nasceu o mais resplandecente
Amor, do qual nunca se falará porque é terrível, grandioso, por isso
inacessível aos comuns.
O Anjo chorou ao plantar suas palavras de sonhos, falou de pluralidades
e que estava por ser entendida, compreendida...
Depois chorei eu, alheado, morrendo em mim...
E despedimo-nos em profundo sentimento.
E o Anjo ainda revelou-me na partida :
que teríamos os descendentes mais lindos da Terra.
O segundo anjo vinha do Sudoeste.
Seu nome era Sinceridade e sua marca, Busca da Felicidade.
Falei-lhe do 1º anjo, despertei ressentimentos.
Tinha a silhueta do primeiro mas não o era.
Tinha a ânsia do enlace, fugi.
Era grandiosa em suas intenções, valer-me-ia de muito.
Pedi-lhe reconsideração, não o fiz no tempo justo, foi-se.
Pouco acrescentou à minha existência.
O terceiro anjo vinha do Oeste.
Seu nome, Ingenuidade, sua marca, Simplicidade.
Falei-lhe do 1º Anjo; semeei inveja.
Vale-me nos dias atuais uma dôr que transpassa o coração e a alma,
dôr de valiosa piedade, que se põe em oração.
De pouco valor sentimental não deixou marcas nem lembranças,
senão de ressentimentos e faltas.
O quarto anjo vinha do Norte.
Seu nome, Mulher Moderna, sua marca, Serenidade.
Falei-lhe do 1º Anjo; ouvi desdém, depois vi indiferença.
Foi uma paixão natural, crescente porém.
Amiga das horas vagas, compreensível, simples e desapegada das mundices.
Tornamo-nos cúmplices nos erros, patéticos e desafiadores da boa sorte.
O quinto anjo vinha de vários quadrantes.
Seu nome, Prática de Vida, sua marca, Insensibilidade.
Falei-lhe do 1º Anjo; plantei ódio.
Nascida na simplicidade tinha objetivos do progresso material, tirados
se preciso da excrescência, do lado pérfido, das caracteristicas
inábeis, sutis, pegajosas e de pouquíssimo valor.
Pouco há para falar desse anjo.
Plantou confusão e fincou tentáculos para uma simbiose neurótica.
O Sexto anjo, o último, veio do Noroeste.
Seu nome, Imprudência, sua marca, Insensatez.
Não deu as mãos, não as mostra, porque nelas nada tem.
Discípula dos maus Espiritos, teve a pretensão de representar o 1º Anjo.
Mostrou logo seu cheiro de latrina, seu hálito de enxofre e sua prepotência
deselengante, marca própria dos ignorantes.
Lançou cheiros ao ar e sementes num terreno fértil chamado mentira.
Colherá desgraça, sua vida será de tropeços e nunca terá a validade
de uma existência sublime.
Nascida também na simplicidade, vale-se do pouco que para muitos seria
fortuna. Jamais se deixará conhecer pelos muitos, buscará aparências,
caminho que leva ao vale da loucura, dos desvarios,
da morte eterna.
Trouxe-me a amaldiçoada marca do numero 6, da Besta.
Não à toa é o Sexto anjo.
Esse muito Bom Espirito, aliviado e de uma Alma candente diz-me que, entre o
Alfa e o Ômega, tempo sem tempo, chega-me o sétimo anjo; este, definitivo.
Autoria: Teobaldo Mesquita