"Não apresse o rio (ele corre sozinho)" *

Assim como o riacho que brota cristalino e puro,

sai em busca de novos caminhos,

saímos de nossa Fonte para nosso grande Aprendizado.

Crescemos, encontramos obstáculos, desviamos, derrubamos, transpomos.

Nos alimentamos com as intempéries...

Quando as chuvas são fortes nas cabeceiras, nossa força é devastadora.

Passamos por terras estéreis, outras verdemente exuberantes.

Nos precipitamos em abismos, formando cachoeiras e cataratas;

passamos pelas turbulências das corredeiras.

Recebemos a poluição que há no mundo: somos contaminados.

Continuamos no inexorável fluxo.

Temos a capacidade de nos renovar.

As vezes encontramos uma planície e o fluir quase para.

Permanecemos alguns instantes em um lago tranquilo

e nos permitimos contemplar a existência.

Mas a vida continua e o destino nos espera.

Congelamos nos rigorosos invernos;

carregamos folhas no outono;

refletimos o azul do céu na primavera;

damos de beber aos animais no escaldante calor do verão.

Num perpétuo deslizar continuamos nossa Jornada;

às vezes com águas puras e às vezes nem tanto.

E um dia, afinal, nos encontramos frente ao nosso destino,

nosso grande e imenso final.

Quando nos fundimos em alegria (ou talvez não)

com o grande oceano,

o vasto, imenso e profundo mar.

E então, somos Um!

E acaba?...

Talvez não.

Vem o grande sol, nosso irmão,

e nos transforma em milhares de gotinhas,

que iniciam, novamente,

uma bela e grande Jornada.

Permanente.

Abril/2011

*Título "emprestado" do livro de Barry Stevens