Delicado equilíbrio.
A mulher e a corda que se estende acima do abismo.
Os pés tateiam a corda.
O medo rompe a couraça das mentiras com que presenteou sua alma cansada e triste.
Liberto passeia pela espinha dorsal, arrepia a nuca, explode a cabeça em náuseas torturantes.
O caminho parece não ter fim. Vagueia sem rumo e perdida entre o abismo de uma mente torturada e o infinito que espia indiferente a agonia de uma vida suspensa.
Suspensa no ar, sem ar, ironia do destino zombeteiro, respira sofregamente, como náufrago agonizante.
Reza, chora, ri e fita o olhar no horizonte que foge...
Tem alguém aí? Como resposta o eco repete e repete...
Não mais sabe como tudo começou, em que esquina da vida perdeu o rumo.
Na mente ecoam vozes do passado que murmuram seu nome, quase fantasmas, quase presentes, quase amados, quase amantes.
Sua vida fora uma sucessão de proximidades falidas. Sempre esteve na iminência do sucesso.
Quase.
Todavia, os fracassos foram retumbantes, os ridículos atos que cometera como feridas expostas exibidos foram.
Vergonha.
E depois de tudo o que ainda queria era a paz.
A paz, que fez morada no horizonte.